Filme mostra história secreta do reinado da Rainha Vitória

Dirigido por Stephen Frears, filme conta como a monarca tomou como confidente o indiano muçulmano Abdul Karim

Mariana Peixoto
Ali Fazal e Judi Dench interpretam os protagonistas de 'Victoria e Abdul ' O confidente da rainha', em cartaz nos cinemas. - Foto: Universal Pictures/Divulgação

Em 2003, a jornalista indiana Shrabani Basu descobriu uma história que, um século antes, havia sido (in)devidamente apagada: a rainha Vitória (1819-1901), em seus últimos 13 anos de vida, havia tomado como confidente o indiano muçulmano Abdul Karim (1863-1909), que chegou ao Reino Unido com 24 anos. A Índia foi colônia britânica entre 1858 e 1947.


Alguns anos de pesquisa depois, Basu lançou o livro Victoria and Abdul (sem edição brasileira), que serviu de base para Victoria e Abdul – O confidente da rainha, em cartaz nos cinemas. Mestre dos dramas históricos, o cineasta Stephen Frears (A rainha, Ligações perigosas, Philomena) faz dessa narrativa uma comédia dramática, que ganha (e muito) com a grande Judi Dench no papel-título.

 

Pela segunda vez interpretando a monarca (a primeira foi em Sua majestade, Mrs. Brown, de 1997), Dench consegue, ao mesmo tempo, leveza e intensidade como a rainha Vitória no fim da vida. Uma mulher doente, solitária e absolutamente entediada. É nesse estado que ela conhece o indiano Abdul (Ali Fazal), que havia feito uma viagem de dois meses de seu país ao Reino Unido unicamente para entregar uma moeda feita para o jubileu da rainha (em 1887).

 

 

Encantada pela beleza de Abdul, como também pela simplicidade e falta de cerimônia (ainda que houvesse uma relação de respeito entre eles) dele, rapidamente ela o coloca em posição de prestígio na corte britânica. O criado é tornado, pela rainha Vitória, seu “munshi”, misto de professor e guru. Tanto a corte quanto a criadagem enxergaram com muito maus olhos a relação próxima, que deu ao indiano uma série de regalias.


Pelas mãos de Frears, Victoria e Abdul é, em sua primeira parte, uma narrativa com tons cômicos, que explora como poucos os rituais da vida na corte – atenção para a cena do banquete real, em que Abdul tem que levar a moeda para a rainha.

O filme perde um pouco o ritmo em sua segunda parte, que resvala no drama, com a soberana, já bastante doente, tendo que enfrentar tudo e todos (principalmente o herdeiro do trono, o futuro rei Eduardo VII). Foi ele, por sinal, quem mandou apagar, após a morte da mãe, todos os vestígios da passagem de Abdul pela corte. Felizmente, a história acabou sendo resgatada, um século mais tarde.

 

Abaixo, confira o trailer: 

 

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