“As forças mais poderosas jamais reunidas” entram cena hoje, com uma das estreias mais esperadas do ano – Liga da Justiça é a primeira versão cinematográfica da parceria entre os heróis mais populares da DC Comics, sucesso entre várias gerações de fãs nos quadrinhos da marca e também na TV, com a animação Super amigos. Na trama, o time formado por Batman, Super-Homem, Mulher Maravilha, Aquaman, Ciborgue e The Flash tem o desafio de salvar o mundo. Fora da tela, a meta é equiparar a franquia ao êxito da “concorrente” Marvel no mercado dos blockbusters.
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Em 2013, a DC iniciou sua trajetória oficial no cinema com Homem de Aço, dirigido por Zack Snyder – que também assina Liga da Justiça –, que conta a origem do alter ego de Clark Kent no planeta Krypton. A estratégia seguia os passos da Marvel, a gigante das HQs que iniciou seu universo cinematográfico particular em 2008, com Homem de Ferro, seguido de Hulk, Capitão América e Thor, até reunir os heróis em Os vingadores (2012) – quinta maior bilheteria mundial, com mais de US$ 1,5 bilhão arrecadados.
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O vilão da vez é o Lobo da Estepe, uma espécie de demônio de outra dimensão, que voltou ao nosso mundo, acompanhado de seu exército de parademônios, depois de milênios “exilado”, com o objetivo de encontrar três matrizes de energia escondidas por aqui e usá-las para transformar o planeta em um inferno de sombras.
Os personagens de Ben Affleck (Batman) e Gal Gadot (Mulher Maravilha) se encontram e, sabendo da existência de outros humanos dotados de habilidades especiais, tentam reuni-los. O ponto alto do filme é a introdução desses novos elementos. Se o Aquaman do desenho animado é uma figura infantilizada, cujos poderes consistem em se comunicar com seres marinhos e “surfar” no dorso de golfinhos, a versão interpretada por Jason Momoa, o Khal Drogo de Game of thrones, é bem diferente.
ORIGEM
Embora sua origem não seja tão bem explorada no filme, o herói do Reino de Atlântida, onde se encontra um dos artefatos buscados pelo Lobo da Estepe, se destaca pela força física e personalidade áspera. A telepatia com os peixes, além de não ocorrer aqui, é alvo de uma ou duas piadas ao longo do filme, assim como o fato de o superpoder do Batman ser a riqueza de Bruce Wayne.
Muito comum nos filmes da Marvel e quase inexistente em Batman vs Superman, o humor é mais presente em Liga da Justiça, especialmente por conta de Flash (Ezra Miller). Acostumado a usar sua supervelocidade apenas para “empurrar os outros e sair correndo”, como ele mesmo diz, o jovem tagarela ironiza em vários momentos sua própria insegurança ao participar de uma missão tão perigosa. Ele tenta interagir de forma amistosa e descontraída com seus novos colegas, nem sempre sendo correspondido, especialmente pelo Ciborgue (Ray Fisher), membro mais sisudo do grupo.
Metade humano, metade máquina, Ciborque foi criado em um laboratório por seu pai, um cientista inconformado em perder o filho após um grave acidente. Inicialmente confuso sobre sua nova forma de existência, o personagem de Ray Fisher vai desenvolvendo uma personalidade assertiva ao longo da história.
Apesar das boas interações entre os heróis e a heroína e da qualidade das cenas de ação que exploram os poderes de cada um, a trama decepciona. Se as constantes comparações com os filmes da Marvel feitas por parte da crítica e por fãs apontam que a DC investe em tramas pretensamente sérias e exageradamente complexas, enquanto a concorrente é mais lúdica e certeira, esse exemplar peca pela simplicidade.
VILÃO
O terrível vilão, interpretado por Ciarán Hinds, tem aparição predominantemente digital, poucas e genéricas falas. Embora se anuncie como superpoderoso e imbatível, não demonstra isso nos combates. Seu plano de destruição mundial também parece ameaçar apenas uma única família, sem nenhuma relação direta com a trama, que fica confinada em uma casa no interior da Rússia, onde ele começa seu ataque final. É pouco para quem viu um Lex Luthor, apesar de engraçadinho, inescrupuloso e perverso, a ponto de explodir o Congresso americano – com os parlamentares dentro –, sequestrar, chantagear, se envolver com terroristas e ressuscitar o general alienígena Zod, criando um monstro realmente destrutivo. Além disso, há desdobramentos previsíveis para subtramas apresentadas como grandes surpresas.
Se muitos costumam observar essas novas experiência dos quadrinhos nas telonas como um embate entre Marvel e DC, vale lembrar que um dos autores de Liga da justiça é Joss Whedon, que escreveu e dirigiu Os vingadores (2012) e Os vingadores: a era de Ultron (2015). O outro roteirista é Chris Terrio, vencedor do Oscar de melhor roteiro adaptado com Argo (2013), o longa de Ben Affleck que venceu o Oscar.
Se as produções envolvendo da DC ainda procuram um tom mais ou menos próximo da homogeneidade apresentada pela Marvel em seus 17 filmes lançados entre 2008 e 2017, nas bilheterias a distância ainda é grande. A marca responsável pelos Vingadores tem hoje quatro filmes entre as 20 maiores da história (Os Vingadores, Os Vingadores: A era de Ultron, Capitão América: Guerra civil e Homem de Ferro 3), enquanto a maior arrecadação entre os quatro lançamentos anteriores da concorrente foi de Batman vs Superman, ocupando apenas o 53º lugar na lista, com cerca de US$873 milhões faturados.
De qualuqer forma, a DC Comics já prepara seus próximos passos no cinema. Estão previstos os lançamentos de Aquaman (2018) e Shazam (2019), ambos em fase de pré-produção, e a continuação de Mulher Maravilha, além do segundo episódio de Liga da justiça, sugerido numa das duas cenas pós-créditos da estreia de hoje.
Confira o trailer: