Tem a ver com o ator, obviamente. A série Thor, com certeza, deve muito a Chris Hemsworth, o homem que empunha o martelo dos deuses. Não apenas a ele - os dois primeiros filmes, Thor e Thor, o Reino Sombrio - são basicamente histórias de amor, nas quais o contraponto ao romance vem por meio da disputa entre os irmãos. A verdadeira química era - tinha de ser - entre Thor e Lóki, Hemsworth e Tom Hiddleston. O terceiro filme, que agora estreia - Thor: Ragnarok -, é de longe o melhor. Traz o herói repaginado, e você já viu na capa que Hemsworth ostenta um corte de cabelo militar. Não é a única mudança.
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Já havia uma complicação familiar em Guardiões da Galáxia 2, um conflito entre pai e filho, mas não se compara aos estragos que Hela faz no clã dos deuses Aesir. Como Thor e Lóki, Hela é filha de Odin e ajudou o pai a conquistar o domínio da galáxia. O problema é que Odin deixou de ser um deus sanguinário e baniu a filha de seu reino. Hela, a deusa da guerra, está de volta, e com um visual punk tão agressivo que... Espere, é Cate Blanchett, trazendo para o universo dos comics, e da Marvel, o extraordinário talento que já lhe valeu dois Oscars - melhor coadjuvante, por O Aviador, de Martin Scorsese, e melhor atriz, por Blue Jasmine, de Woody Allen.
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O formidável: Michel Hazanavicius faz retrato nada simpático de GodardFilme com Liam Neeson mostra outro lado de Watergate Versão hollywoodiana sobre Pelé chega aos cinemas brasileiros Protagonizado por Ellen Page, Além da morte aposta no fascínio da humanidade pelo além'Thor: Amor e trovão' começa a ser gravado em 2021, confirma Marvel Com Sandra Bullock e Cate Blanchett, 'Oito mulheres e um segredo' ganha primeiro trailerNa Marvel ou na DC Comics, há uma complexidade humana no universo dos super-heróis que muita gente ainda se recusa a admitir. É reducionismo considerar que filmes baseados em HQs sejam meras tolices, ou apenas invólucros para efeitos especiais. A série Batman de Christopher Nolan foi profética na abordagem de questões relativas a poder e segurança na internet. O perigo do furacão (Donald) Trump já estava lá. O Superman de Zack Snyder vive no centro de uma tragédia familiar. Seu primeiro filme era sobre o pai, o segundo, dividindo a cena com Batman, sobre a mãe. A definição de tragédia não é excessiva. Zack Snyder costuma ser criticado pelo que alguns críticos consideram falta de humor. Pois com falta de humor e tudo, só apostando no pathos, ele consegue números extraordinários com seus blockbusters. E isso é um fenômeno.
James Gunn, pelo contrário, aposta no humor na série Guardiões na Galáxia. O 2, trabalhado por Snyder, seria uma tragédia. Com Gunn vira uma festa, e bate recordes de público. Como se explica que obras tão diversas sejam produzidas pela mesma máquina de sucessos? Tem a ver com os diretores, claro, e o nó górdio é aceitar que os Nolan, Snyder, Gunn sejam autores. O caso de Taika Waititi parece particularmente desconcertante. Comediante, ator, diretor, escritor e pintor da Nova Zelândia, ele veio de filmes pequenos, indies, antes de terminar à frente de Ragnarok. Como se faz a passagem para o blockbuster? No caso de Waititi, ele ainda faz um papel no próprio filme. É o gigante de pedra Borg, e tem feito tanto sucesso nas redes sociais que Kevin Feige, presidente da Marvel, já admite acrescentá-lo à franquia formando dupla com o alienígena insectoide Miek. Waititi já disse que topa, mas só se o pacote for completo, e ele seguir como diretor de um provável Thor 4.
O 3, que estreia nesta quinta, 26, possui, bem estruturado, todo esse arcabouço dramático - o desaparecimento do pai, a destruição de Asgard, os destrutivos laços familiares -, mas a própria veia cômica de Taika Waititi o leva a destensionar seu relato por meio do humor. A expectativa é de novo megassucesso e logo em seguida ainda virá, este ano, a Liga da Justiça de Zack Snyder. Uma nova tragédia? Pode esperar que sim. Snyder viveu em 2017 o pior tormento que um pai pode experimentar, o suicídio da filha. Não se surpreenda se isso se refletir no filme.