Na 50ª edição do evento, o filme Arábia, dirigido por Affonso Uchoa e João Dumans conquistou na noite de domingo os prêmios de melhor filme, ator, trilha sonora e montagem
Ricardo Daehnn Alexandre de Paula Especial para o Estado de Minas Alice Corrêa*
Filme Arábia, de Affonso Uchoa e Joao Dumans
(foto: Vasto Mundo/Divulgação)
Com uma história que mescla a visão doce de um operário em cima de seu cotidiano, transformado em literatura, o longa Arábia foi o grande vencedor da noite. O apelo popular do filme mineiro de Affonso Uchoa e João Dumans rendeu quatro prêmios Candango, incluindo o de melhor ator para Aristides de Sousa. Arábia ainda foi premiado pela trilha sonora e pela montagem.
Arábia é um poético retrato de pessoas comuns e simples como milhares de trabalhadores brasileiros. Cristiano, um jovem de espírito nômade, registra em um caderno suas desilusões, seus desejos, desencontros e amores ao longo de 10 anos. Um garoto acha o caderno e a narrativa passa a uma série de flashbacks que retratam a história de Cristiano.
Premiado há três anos com múltiplos troféus Candango, o brasiliense Adirley Queirós levou o importante prêmio de melhor direção pelo filme Era uma vez Brasília. Uma aventura futurística, a fita traz marcante teor político à cena cinematográfica. A produção local faturou também os de melhor fotografia e melhor som.
Outra história singela muito valorizada pelo júri do 50º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro foi o longa baiano Café com canela. O filme codirigido por Ary Rosa e Glenda Nicácio obteve o reconhecimento de melhor roteiro, além do esperado destaque na votação do júri popular. O longa, que trata de uma relação de amizade entre duas moradoras do interior, valeu à intérprete Valdinéia Soriano o prêmio de melhor atriz.
Bastante contestado durante a realização de debate, o longa de estreia de Daniela Thomas, Vazante, obteve prêmios de melhor atriz coadjuvante para Jai Baptista e melhor direção de arte para Valdy Lopes JN.
O terror Nó do Diabo, que conta com quatro codiretores, rendeu a Alexandre Sena o prêmio de melhor ator coadjuvante. Outro filme com premiação modesta foi Música para quando as luzes se apagam. Ainda assim, tratou-se do relevante destaque de melhor ator social para Emelyn Fisscher (prêmio especial do júri).
A vez dos curtas
No painel de denúncia contrária ao machismo, o curta Tentei (de Laís Melo) levou o prêmio de melhor curta-metragem, além de dar reconhecimento para a atriz Patricia Saravy com o prêmio de melhor atriz. O terceiro prêmio para o curta foi o de melhor fotografia.
Chico, uma visão crítica e poética de ataques à periferia carioca, consagrou os Irmãos Carvalho com o prêmio de melhor direção. Importante na festa de premiação, também foi destacado o curta Mamata, pela atuação de Marcus Curvelo. Com a figura de um anti-herói autodepreciativo, o curta destaca o integrante de uma geração perdida nas possibilidades. A produção também ganhou o prêmio de melhor montagem.
Carneiro de ouro (da brasiliense Dácia Ibiapina), um curta-metragem que aposta na carismática figura do cineasta de filmes populares Dedé Rodrigues foi considerado o melhor curta pelo júri popular. Outros prêmios a serem destacados foram o do Canal Brasil, que consagrou Chico, e o da Abraccine (da crítica nacional), que elegeu o longa Arábia e o curta Mamata.
Produção local
Quatro longas e 13 curta-metragens ocuparam a tela do Cine Brasília entre 18 e 22 de setembro na Mostra Brasília no 50º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. O fantástico patinho feio levou a melhor nos longas e UrSortudo e Tekoha - Som da terra dividiram o troféu de melhor curta. Ao todo, os filmes disputaram, levando-se em conta todas as categorias, uma premiação de R$ 240 mil.
Dirigido por Denilson Félix, O fantástico patinho feio conta a história de quatro garotos que, nos anos 1960, construíram, no fundo de um quintal, um carro de corrida para disputar os 500 km de Brasília, segunda prova mais importante da época. De Januário Jr., UrSortudo fala sobre o sistema prisional brasileiro. Já Tekoha, de Rodrigo Arajeju e Valdelice Veron, aborda a questão indígena.
Pela escolha do público, Menina de barro, longa de Vinicius Machado, e o curta infantil O menino leão e a menina coruja, de Renan Montenegro, foram os melhores.
*Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira
CONFIRA A PREMIAÇÃO
Prêmios oficiais
TROFÉU CANDANGO – LONGA-METRAGEM
Melhor filme: Arábia, de Affonso Uchoa e João Dumans Melhor direção: Adirley Queirós, por Era uma vez Brasília Melhor ator: Aristides de Sousa, por Arábia Melhor atriz: Valdinéia Soriano, por Café com canela Melhor ator coadjuvante: Alexandre Sena, por Nó do diabo Melhor atriz coadjuvante: Jai Baptista, por Vazante Melhor roteiro: Ary Rosa, por Café com canela Melhor fotografia: Joana Pimenta, por Era uma vez Brasília Melhor direção de arte: Valdy Lopes JN, por Vazante Melhor trilha sonora: Francisco Cesar e Cristopher Mack, por Arábia Melhor som: Guile Martins, Daniel Turini e Fernando Henna, por Era uma vez Brasília Melhor montagem: Luiz Pretti e Rodrigo Lima, por Arábia Prêmio especial do júri: melhor ator social, para Emelyn Fischer, por Música para quando as luzes se apagam Júri popular – longa-metragem: Café com canela, de Ary Rosa e Glenda Nicácio Prêmio Petrobras de Cinema para o melhor longa-metragem pelo júri popular: Café com canela, de Ary Rosa e Glenda Nicácio
TROFÉU CANDANGO – CURTA-METRAGEM
Melhor filme: Tentei, de Laís Melo Melhor direção: Irmãos Carvalho, por Chico Melhor ator: Marcus Curvelo, por Mamata Melhor atriz: Patricia Saravy, por Tentei Melhor roteiro: Ananda Radhika, por Peripatético Melhor fotografia: Renata Corrêa, por Tentei Melhor direção de arte: Pedro Franz e Rafael Coutinho, por Torre Melhor Trilha Sonora: Marlon Trindade, por Nada Melhor som: Gustavo Andrade, por Chico Melhor montagem: Amanda Devulsky e Marcus Curvelo, por Mamata Prêmio especial: Peripatético, de Jéssica Queiroz Júri popular – Curta-metragem: Carneiro de ouro, de Dácia Ibiapina
Outros prêmios
Prêmio Canal Brasil Chico, dirigido por Irmãos Carvalho
Prêmio Abraccine Melhor filme de longa-metragem: Arábia, dirigido por Affonso Uchoa e João Dumans Melhor filme de curta-metragem: Mamata, dirigido por Marcus Curvelo
Prêmio Saruê Afronte, direção de Marcus Azevedo e Bruno Victor
Prêmio Marco Antônio Guimarães Construindo pontes, dirigido por Heloísa Passos Prêmio CiaRio/Naymar Para o melhor curta pelo júri popular: Carneiro de ouro, dirigido por Dácia Ibiapina
Mostra Brasília (22º Troféu Câmara Legislativa)
Prêmios do Júri Oficial Melhor longa-metragem (R$ 100 mil): O fantástico Patinho Feio, dirigido por Denilson Félix Melhor curta-metragem (R$ 30 mil): UrSortudo, dirigido por Januário Jr. Tekoha / Som da Terra, dirigido por Rodrigo Arajeju e Valdelice Veron Melhor direção (R$ 12 mil): Dácia Ibiapina, por Carneiro de ouro Melhor ator (R$ 6 mil): Elder de Paula, por UrSortudo Melhor atriz (R$ 6 mil): Rafaela Machado, por Menina de barro Melhor roteiro (R$ 6 mil): Januário Jr., por UrSortudo Melhor fotografia (R$ 6 mil): Gustavo Serrate, por A margem do universo Melhor montagem (R$ 6 mil): Lucas Araque, por Afronte Melhor direção de arte (R$ 6 mil): Bianca Novais, Flora Egécia e Pato Sardá, por O Menino Leão e a Menina Coruja Melhor edição de som (R$ 6 mil): Maurício Fonteles, por Tekoha – Som da Terra Melhor trilha sonora (R$ 6 mil): Ramiro Galas, por O vídeo de 6 faces Prêmios do Júri Popular Melhor longa-metragem (R$ 40 mil): Menina de barro, dirigido por Vinícius Machado Melhor curta-metragem (R$ 10 mil): O Menino Leão e a Menina Coruja, dirigido por Renan Montenegro
Prêmio Petrobras de Cinema Melhor longa-metragem pelo júri popular da Mostra Brasília: Menina de barro, dirigido por Vinícius Machado
Prêmio Plug.in Melhor longa-metragem escolhido pelo júri popular da Mostra Brasília: Menina de barro, dirigido por Vinícius Machado
Prêmio ABCV (Associação Brasiliense de Cinema e Vídeo) Marco Curi, Manfredo Caldas e Gerlado Moraes
Prêmio CiaRIO Melhor longa-metragem escolhido pelo júri popular da Mostra Brasília: Menina de barro, dirigido por Vinícius Machado Melhor curta-metragem escolhido pelo Júri Popular da Mostra Brasília: O Menino Leão e a Menina Coruja, dirigido por Renan Montenegro FestUniBrasíla – 1º Festival Universitário de Cinema de Brasília
Melhor filme: O arco do medo, dirigido por Juan Rodrigues (Universidade Federal do Recôncavo Baiano) Melhor direção: Fervendo, dirigido por Camila Gregório (Universidade Federal do Recôncavo Baiano) Júri popular: O Homem que não cabia em Brasília, dirigido por Gustavo Menezes (UnB) Menção Honrosa – Método de construção criativa: Afronte, dirigido por Bruno Victor e Marcus Azevedo (UnB) Menção honrosa – Fotografia: Gabriela Akashi, por Serenata (USP) Menção Honrosa – Filme de animação: Mira, dirigido por Janaína da Veiga (Unespar)