São Paulo – É só ler os números. Lançada há uma década, a franquia Transformers, que conta com um filme lançado a cada dois anos, reflete os rumos da produção cinematográfica mundial feita para as massas.
Série criada a partir da linha de brinquedos da Hasbro (no mercado desde a década de 1980), traz basicamente embates entre o bem e o mal protagonizados por duas raças alienígenas de robôs, que se transformam em veículos possantes.
Com Michael Bay (que dirigiu os cinco filmes lançados até agora) e Steven Spielberg na linha de frente (os dois são produtores executivos da franquia), Transformers, com o perdão do trocadilho, virou uma máquina de fazer dinheiro.
O terceiro e o quarto filmes ultrapassaram a casa do bilhão de dólares em renda. A quinta narrativa da série, Transformers: O último cavaleiro, que estreia nesta quinta-feira, 20, em 1.246 salas brasileiras, ainda está na metade disso. Um mês depois do lançamento em dois de seus principais mercados, os Estados Unidos e a China, o longa arrecadou US$ 517 milhões. Não é pouca coisa, mas números modestos para uma produção que custou US$ 217 milhões e virou sinônimo de grandes bilheterias.
Sobre valores, há outro dado muito importante. Na estreia da franquia, em 2007, 45% do público era formado por norte-americanos. Neste filme mais recente, o público dos EUA corresponde a apenas 24% da audiência total.
Com a palavra, o diretor Michael Bay, que esteve no Brasil pela terceira vez para lançar um filme da franquia. ''É verdade que o público jovem vem, cada vez mais, usando pequenas telas para consumir audiovisual.
Para continuar mantendo o interesse – ''realmente acredito que o cinema não vai morrer'' – e fazer valer a experiência de sair de casa para ver um filme, são vários os artifícios, diz Bay. ''O som, o 3D, os efeitos... Temos que continuar criando mecanismos que só existem para a tela grande.''
Voltado para o público globalizado, o filme também deve atender às expectativas de gregos e troianos. Se o Transformers anterior, A era da extinção (2014), tinha Hong Kong como uma das principais locações, O último cavaleiro, até pelo próprio tema, não poderia ter outro cenário senão a Inglaterra.
BUMBLEBEE
Bay já havia confirmado que O último cavaleiro é seu derradeiro Transformers como diretor. Mas a franquia, mesmo que os números comecem a apontar certo desgaste, ainda promete algum pano pra manga.
Pelo menos dois longas já foram anunciados. O primeiro deles, previsto para o próximo ano, será um spin-off. Bumblebee, o robô amarelo dos autobots (que formam o grupo do bem de robôs-alienígenas), vai ganhar seu próprio filme. Menos ambiciosa do que Transformers, a produção será mais barata. O cineasta escolhido (Bay continua produtor) é Travis Knight, conhecido por dirigir a animação Kubo e as cordas mágicas (2016). Para 2019 foi anunciado Transformers 7, ainda sem diretor e elenco confirmados.
''Essa franquia fez, até agora, US$ 4 bilhões. É muita coisa.
EXPERIÊNCIA EXTENUANTE
Como continuar levando multidões ao cinema? Oferecendo ao público algo diferente. É o que propõe Michael Bay em Transformers: O último cavaleiro.
Assistir ao filme (aqui, o 3D realmente vale o preço do ingresso) é uma experiência. Que é longa (são duas horas e meia, média das produções anteriores), tem alguns momentos divertidos (por vezes nos pegamos rindo do ridículo da cena) e, decididamente, extenuante.
No filme, humanos e Transformers estão em guerra. Optimus Prime, o robô-líder, não está mais presente. A chave para evitar a aniquilação do planeta é o passado.
Dos personagens humanos, O último cavaleiro manteve, da sequência anterior, apenas o herói quixotesco Cade Yeager (Mark Wahlberg). Ainda voltou com dois da trilogia inicial: o coronel Eilliam Lennox (Josh Duhamel) e o agente Simmons (John Turturro). E trouxe três novas figuras de peso: um lorde inglês, autoridade em robôs alienígenas (Anthony Hopkins), uma professora da Universidade de Oxford (Laura Haddock, cópia de Megan Fox) e uma destemida garota-órfã, que, a exemplo de Yeager, vive entre robôs (Isabela Moner). A menina foi selecionada entre centenas de atrizes em um prosaico vídeo feito por ela mesma, em sua casa.
É tudo intenso. Explosões, brigas, falas rápidas. O som (ainda mais para quem assiste a uma cópia em Imax) é muito alto. Os efeitos visuais se sobrepõem de tal forma que o roteiro (e o interesse do espectador) se perde. Não que ele tenha importância nesta história improvável.
* A repórter viajou a convite da Paramount
Abaixo, confira o trailer de Transformers: O último cavaleiro:
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