A Rua Alberto de Campos, no badalado bairro carioca de Ipanema, tornou-se um ponto turístico. O motivo do sucesso, sobretudo entre as crianças, é o prédio de número 217, cenário e personagem da série infantil Detetives do prédio azul, exibida pelo canal a cabo Gloob. A trama foi ao ar pela primeira vez em outubro de 2012 e, diante do sucesso na TV, Detetives do prédio azul, ou simplesmente D.P.A, chega aos cinemas.
O longa-metragem, em cartaz desde a semana passada, estreia oficialmente na quinta-feira em 400 salas do país. “Acredito que seja um caminho natural ele sair da TV e ir para o cinema. O cinema abriga essas coisas de sucesso como um programa televisivo, uma peça de teatro, um livro. Até música vira filme. É uma arte que tem essa generosidade de abarcar várias coisas”, acredita o diretor da série e do filme, André Pellenz.
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O desafio começa com as enormes rachaduras nas paredes do edifício, fazendo com que ele precise ser demolido. Além disso, a temida síndica é enfeitiçada e fica boazinha da noite para o dia e o quadro falante da Vó Berta (Suely Franco) desaparece. As crianças, então, decidem agir. “O prédio é a grande estrela da produção. Então, já imaginou o que seria do D.P.A sem ele? Por isso, a trama focou nessa ameaça de destruição dele. Os detetives podem mudar, assim como já ocorreu na história, mas o prédio não. A gente tinha um tempo limitado para gravar porque ele é um prédio residencial, fica no entrocamento de três ruas de Ipanema, então foi meio complicado. Tanto que até agradecemos aos moradores nos créditos do filme”, ressalta Pellenz.
Para cumprir a missão e salvar o edifício, o trio de detetives sai em busca de pistas pelo Rio de Janeiro, em um improvisado clubinho móvel: a Kombi azul do porteiro Severino (Ronaldo Reis), que topa participar da missão. “A gente quis que o Rio também fosse um personagem e decidimos ter como locações pontos não tão batidos na cidade. Rodamos na galeria da Cidade das Artes, na Barra; no antigo Palácio do Itamaraty, que é belíssimo e fica no Centro; no Observatório Nacional, no Arsenal de Marinha e na Fiocruz. A escolha das locações foi não só pela beleza, mas pelo aspecto cultural e educativo que está por trás de cada uma delas”, acrescenta.
Pela primeira vez, o time de detetives esté completo. Os veteranos Tom (Caio Manhente), Mila (Letícia Pedro) e Capim (Cauê Campos) se juntam a Bento, Sol e Pippo na aventura. O grupo também conta com a parceria do feiticeiro Theobaldo (Charles Myara). Os principais suspeitos são os sagazes bruxos Bibi Capa Preta (Mariana Ximenes), Temporão (Aílton Graça), Mari P. (Maria Clara Gueiros), e Jaime Quadros (Otávio Müller). Além da presença do misterioso Pietro Putrefatos (George Sauma).
Um dos pontos altos do filme é a sequência gravada nos submarinos da Marinha brasileira. “Pela primeira vez no cinema nacional filmou-se em um submarino de verdade, operacional, navegando e submergindo. A gente teve que se adaptar ao cronograma da Marinha e filmamos a sequência em três submarinos gêmeos: o Timbira, o Tupi e o Tapajó. O pessoal da Marinha ficou mais empolgado até do que as próprias crianças. Tenho certeza de que muita gente nem imagina que o Brasil tem submarino. A cena deles navegando na Baía de Guanabara é real. Não é efeito especial”, brinca o diretor.
Aliás, os efeitos de D.P.A. – O filme foram feitos com capricho: objetos voam, animais falam e pessoas desaparecem. “Se fosse para ficar mais ou menos nem ia adiantar. E a equipe encarregada fez benfeito, com muita garra. São profissionais muito talentosos. Nosso filme não fica devendo pra ninguém”, assegura.
André Pellenz, diretor do fenômeno Minha mãe é uma peça – maior bilheteria do cinema brasileiro em 2013, acredita que o filme pode ter sequências. Para ele, o sucesso de D.P.A. se deve ao amor pelo trabalho. “A autora (Flávia Lins e Silva) nunca subestimou a inteligência das crianças e sempre se preocupou em fazer uma série voltada para a garotada de hoje e não para a criança que a gente foi há 30, 40 anos.” Pellenz diz que, diante da ascensão do mercado infantil no Brasil, a responsabilidade é enorme e a concorrência estrangeira, forte. “Por isso, mais do que nunca, temos que focar na qualidade porque estamos lidando com a formação dos indivíduos.”
No ar desde o lançamento do canal Gloob, em 2012, D.P.A. – Detetives do Prédio Azul já soma 196 episódios e estreia sua nona temporada em 21 de agosto, com participação de convidados especiais: a atriz Taís Araújo e o músico Thiaguinho. A décima temporada já está em pré-produção.
Três perguntas para...
Tamara Taxman (foto)
atriz
Como tem sido a experiência de viver a Dona Leocádia?
Tem sido maravilhosa porque é uma personagem multifacetada. Posso brincar de diversas maneiras com ela. Gosto dessa possibilidade de ser qualquer coisa. E ela não é só ranzinza, é divertida. Ela confisca as coisas das crianças porque, no fundo, é a mais criança. E criança é assim: fala a verdade, não é?. Apesar de já ter seus 300 e poucos anos, é uma bruxa incompetente, que não passou na Escola das Bruxas, mas está tentando viver e entender as coisas da melhor maneira possível. É a personagem mais gostosa que já fiz. São cinco anos de muita felicidade.
Como é a repercussão da personagem nas ruas, principalmente com as crianças?
Ah, eu não posso ir para nenhum canto mais (risos). Não só as crianças, mas os adultos também querem tirar foto para dizer que estiveram com a Dona Leocádia. Tem até avó correndo atrás da gente. Todo dia tiro foto. Tenho que sair bem bonitinha... (risos). Sou apaixonada por criança, sempre fui. Tenho um filho e duas netas maravilhosas que também são atrizes.
Como é a sua relação com Minas?
Minha relação com Minas é a mais carinhosa que você possa imaginar. Adoro os mineiros, o jeito como falam, como pensam, cantam e comem... e como comem bem. Minhas férias todas eram em Varginha, minha mãe é de lá. Era uma delícia. Eu roubava carne da geladeira para dar aos cachorros de rua. Apesar de a Dona Leocádia não gostar dos bichos, a Tamara é louca por bichos. Tenho uma cadelinha que é minha queridinha.