Filme 'Mulher do pai' mostra relação difícil entre pai e filha

Produção gaúcha dirigida pela estreante Cristiane Oliveira e estrelada por Marat Descartes está em cartaz no Cine Belas Artes

por Mariana Peixoto 22/06/2017 09:57
Okna Producoes/Divulgação
Marat Descarts e Maria Galant em cena do filme (foto: Okna Producoes/Divulgação)
Depois de boa trajetória em festivais nacionais (com prêmios no Festival do Rio e na Mostra Internacional de São Paulo), Mulher do pai, longa-metragem de estreia de Cristiane Oliveira, chega ao circuito comercial. Coprodução com o Uruguai, o filme gaúcho acompanha a relação de uma adolescente e o pai.

Nalu (a estreante Maria Galant) é uma garota de 16 anos que mora com o pai e a avó numa vila na fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai. O pai, Ruben (Marat Descartes), hoje com 40 anos, ficou cego mal entrado na casa dos 20. Com uma relação distanciada da filha, ele passa seus dias ensimesmado. Seu contato com o mundo externo se dá na companhia da mãe. Juntos, eles tecem lã. Quando a idosa morre, Ruben se vê obrigado a se aproximar da menina, pois ela representa sua própria sobrevivência.

Apostando em longos planos e num cenário quase inóspito, o filme foi rodado em 2015, na Vila de São Sebastião. O projeto envolveu diretamente a população local. Pelo menos 40 pessoas deram suporte à equipe do longa, que misturou profissionais brasileiros e uruguaios. Alguns jovens participaram como figurantes da história.

De forma lenta, mas envolvente, o filme vai, aos poucos, construindo a relação de pai e filha, que estão num momento de descoberta. A menina está descobrindo a sexualidade, o que será intensificado com a chegada de um jovem uruguaio à vila. Para ela, o resto de sua vida deve ser passado bem longe dali. Seu sonho é ultrapassar a fronteira e chegar ao Uruguai.

Enquanto Nalu está descobrindo o mundo, Ruben o está redescobrindo. Mesmo tendo perdido a visão há pelo menos duas décadas, ele não se adaptou. Sua vida começa a mudar quando a professora de Nalu (papel da uruguaia Verónica Perrotta) chega até ele. Os dois começam a ter um convívio durante aulas de arte. Se num primeiro momento a professora atua como conciliadora da relação pai e filha, o ciúme que um terceiro elemento gera na relação acaba afetando a todos.

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