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Paris pode esperar brinca com a tradicional rivalidade entre franceses e americanos

Comédia no estilo roadmovie é a estreia de Eleanor Coppola como diretora de uma ficção

Pedro Galvão

Diane Lane e Arnaud Viard estão nos papeis principais - Foto: Califórnia Filmes/divulgação

Os 906 quilômetros entre Cannes, na Riviera Francesa, e Paris podem ser feitos de carro em menos de 10 horas de viagem, considerando as boas condições das rodovias e algumas paradas para descanso. No entanto, se um motorista francês quiser aproveitar o trajeto para impressionar a passageira estrangeira, a jornada pode se prolongar e acabar virando uma história de cinema, como ocorreu com Eleanor Coppola, autora e diretora de Paris pode esperar, que estreia hoje nas salas de BH.

 

Confira os horários de exibição de Paris pode esperar nos cinemas de BH


A história é baseada em uma experiência real da cineasta norte-americana, casada com o cultuado diretor Francis Ford Coppola. Aos 81 anos, Eleanor assina o roteiro e dirige seu primeiro longa não documental. Nessa comédia roadmovie, o que seria simples carona virou uma aventura inspiradora e divertida na companhia de um francês bonachão, que tenta mostrar àquela americana não só as delícias da gastronomia local, mas uma outra forma de interpretar a vida explorando o velho clichê de França x Estados Unidos.

Na ficção, Anne (Diane Lane) é mulher de Michael Lockwood (Alec Baldwin), importante produtor de cinema que cumpre em Cannes mais uma etapa de sua concorrida agenda. Com forte dor de ouvido, Anne acha melhor não embarcar no avião que levaria o casal para Budapeste antes de seguir para Paris. A alternativa é seguir de carro para a Cidade Luz, guiada por Jaques (Arnaud Viard), motorista e quebra-galhos que presta serviços para Michael.

Ambos de meia-idade, ela é a mulher pragmática dedicada ao casamento e à família, enquanto ele é o bon vivant, apreciador dos sabores e prazeres da vida. Anne quer chegar logo, mas Jaques pretende aproveitar os momentos na companhia dela. A bordo de um Peugeot antigo, ele para a cada ponto turístico para mostrar paisagens e restaurantes.

Apesar da pressa, Anne cede a cada novo convite, atraída pela simpatia do motorista. Desse contato surge a possibilidade de rever questões mais profundas de sua vida.

A tensão causada pelos galanteios dele e a fidelidade dela ao marido vão dando tom cômico ao filme, mas a gastronomia talvez seja a personagem principal. É possível perder as contas de quantas refeições os dois dividem. Em cenários que vão de bistrôs a mercados, passando por um piquenique à beira de um lago, itens típicos da cozinha francesa são destacados, assim como o vinho e elementos que compõem a gastronomia do país vistos de forma caricata pelo imaginário norte-americano.

INGREDIENTES


Para preparar sua comédia gastronômica, Eleanor Coppola usa ingredientes variados: dramas pessoais confidenciados pelos dois protagonistas, conflitos entre eles provocados pelo convívio íntimo mais longo do que o esperado e, claro, a possibilidade de um “romance proibido”. Tudo de forma muito leve, resultando num filme de sabor suave, sem grandes emoções de qualquer tom. Críticos questionaram o fato de a personagem principal ser uma mulher constantemente à mercê de dois homens, além da exaltação ao tour pelos sabores da França. Confira o trailer:



Casada com Francis Ford Coppola desde 1963, Eleanor tem sua carreira cinematográfica voltada para os documentários. A filha, Sofia Coppola, foi a terceira mulher indicada ao Oscar de direção por Encontros e desencontros (2004), que, aliás, rendeu-lhe a estatueta de melhor roteiro original. No Festival de Cannes deste ano, ela levou prêmio de melhor direção por O estranho que nós amamos.

O trabalho mais conhecido de Eleanor é o documentário Francis Ford Coppola: O apocalipse de um cineasta, a respeito de Apocalypse now, filme de sucesso rodado pelo marido.

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