Na primeira exibição do filme no Grande Teatro Lumière do Palácio do Festival, a cortina não estava completamente suspensa sobre a tela e tapava 3/5 da imagem, como por exemplo a cabeça da atriz principal, Tilda Swinton.
Na sala, onde a expectativa era grande para a projeção aguardada e polêmica, algumas vaias e aplausos foram registrados para alertar os técnicos.
"Isto não foi realmente feito para o cinema", ironizou um espectador em referência à plataforma de streaming, enquanto outro criticava um "bando de incompetentes".
A exibição foi retomada após oito minutos de interrupção. Quando o logo do Netflix apareceu durante os créditos, algumas pessoas na sala aplaudiram.
Desde o anúncio da seleção de Okja e de outro filme produzido pelo Netflix - The Meyerowitz Stories, do americano Noah Baumbach, que será exibido domingo (21) -, para a mostra oficial de Cannes, a plataforma americana enfrenta a revolta dos defensores das salas de cinema.
A gigante do streaming, que tem 100 milhões de assinantes, não pretende exibir os dois filmes nas salas de cinema francesas. A situação provocou irritação entre os puristas da sétima arte e o circuito exibidor francês.
Pressionados, os organizadores do festival mudaram as regras para exigir, a partir de 2018, que todo filme na disputa pela Palma de Ouro se comprometa a ser exibido nas salas francesas.
Na quarta-feira (17), o presidente do júri desta edição do festival, o espanhol Pedro Almodóvar, voltou a comentar a polêmica. O cineasta de 67 anos afirmou que a Palma de Ouro deveria ser exibida nas salas de cinema.
"Seria um enorme paradoxo que a Palma de Ouro ou qualquer outro prêmio entregue a um filme não possa ser assistido nas salas de cinema", disse.
O ator americano Will Smith, membro do júri, teve uma postura mais conciliadora. "Netflix é útil em meu país porque permite que as pessoas assistam filmes que de outra forma nunca teriam acesso", declarou, sem revelar que seu próximo longa-metragem, Bright, será produzido pela cada vez mais poderosa plataforma de streaming.
Okja, filme de fantasia, que será disponibilizado pelo Netflix a partir de 28 de junho, conta a história da amizade entre uma menina e um grande animal, geneticamente modificado, que uma multinacional deseja capturar.
A britânica Tilda Swinton e o americano Jake Gyllenhaal são os protagonistas do segundo filme americano do sul-coreano Bong Joon-ho, depois de Expresso do amanhã.
"É um filme muito político sob a aparência de comédia, que trata sobre a forma como são explorados os animais", disse Thierry Frémaux, delegado geral do festival.
O presidente do Netflix, Reed Hastings, escreveu no Facebook na semana passada, em plena polêmica, que Okja é "um filme incrível, cuja participação na competição de Cannes as salas de cinema querem impedir.
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