Edu, novo personagem do ator Emiliano d'Ávila no longa Ninguém entra, ninguém sai, tem um quê de Máicol, do seriado Vai que cola. Ambos são malandrões e pegadores, mas o ator afirma que a graça do personagem do filme, que estreou no fim de semana, está nas diferenças entre eles.
O personagem da televisão é mais ingênuo, atrapalhado. O da telona é perspicaz. A vida dos personagens do longa muda quando ficam confinados em um motel no Rio de Janeiro. Edu, que levou a namorada para apenas uma noite de amor, é surpreendido com um pedido de casamento.
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Inspirado na crônica No motel, de Luis Fernando Veríssimo, segundo Emiliano, o filme vai além. “A crônica, muito divertida, é o ponto de partida para o roteiro que inclui histórias paralelas.” Quando o assunto é roteiro, Emiliano sabe o que diz. Entre as gravações para o filme e um período em Vai que cola, o ator concluiu curso de pós-graduação no tema. “A boa dramaturgia sempre me interessou e a motivação maior foi a vontade de aperfeiçoar os textos de Vai que cola.”
Tanta dedicação teve bom resultado. Na quinta temporada do seriado do Multishow, com estreia prevista para outubro, Emiliano estará em duas frentes: como ator e responsável pelo roteiro de oito dos 40 episódios previstos para a nova temporada. Apesar do sucesso de Máicol, Emiliano afirma que o pegador do Méier, Pedro Balla, da peça Clandestinos, de João Falcão (que depois virou série na TV Globo), e Lúcio, da novela Avenida Brasil, têm a mesmo importância em sua carreira. “Com a peça tenho uma relação afetiva. Trabalhamos juntos por quatro anos. Eramos uma família. A novela era um esquema mais industrial. Com o elenco da série, tenho relações estreita de amizade e não apenas como colegas de trabalho”.
Até o final do ano, Emiliano espera concluir roteiro de longa baseado em fatos reais além de sua estreia na direção no curta, Um dia de cachorra. “Com esse nome, só pode ser uma comédia”, brinca.
Três perguntas para... Hsu Chien diretor
Por que a opção pela crônica No motel como inspiração para Ninguém entra, ninguém sai? Um dos produtores do filme, Daniel Furiati, leu a crônica em um jornal e imediatamente pensou que poderia render um ótimo filme de humor.Convidaram então o roteirista de cinema e TV Paulo Halm para fazer a adaptação para a tela grande, construindo personagens e situações paralelas que não estavam na crônica original. Adaptar Veríssimo sempre é um grande desafio para não descaracterizar o seu humor tão peculiar, repleto de simbolismos e metáforas políticas e socioeconômicas que acabam marcando presença na nossa história.
Ninguém entra, ninguém sai é seu primeiro longa-metragem como diretor. A comédia é seu gênero preferido? Sou bem eclético, gosto de drama, musical, comédia, suspense, romance. Mas acabou que me convidaram mais para a comédia. Dirigi três seriados para a televisão, dois deles na Globo – Pé na cova e Sexo e as negas –, todos com direção-geral de Cininha de Paula. Comédia é um gênero dos mais difíceis e um grande desafio. A equação atores com timing, mais ritmo, mais piadas, mais espectadores rindo é bem complexa. Não é fácil fazer uma plateia rir, são bem exigentes.
Você assinou assistência de direção em filmes importantes como De pernas pro ar 2 e Chatô. O que eles contribuíram para sua formação? Os mais de 64 longas em que trabalhei como assistente de direção foram fundamentais para a minha formação profissional, pois cada diretor com quem trabalhei tem um método diferente de abordagem com seu elenco, sua equipe. Absorvi o melhor de cada um deles e me tornei uma pessoa rápida, dinâmica, que resolve os problemas do set (e são muitos os imprevistos). Diretores como Daniel Filho, Guillermo Arriaga, Paulo César Saraceni, Murilo Salles, Guilherme Fontes, Wolf Maya, Marcos Paulo, Tizuka Yamasaki, Luiz Carlos Lacerda, entre outros talentosos cineastas, foram fundamentais para eu entender e poder trabalhar em cinema autoral e cinema de mercado, sem qualquer tipo de conflito ou rixa. Existe mercado e público para todos os tipos de filme.