Rotinas podem representar um verdadeiro terror para uns, ou sinônimo de chateação e monotonia para outros. Em seu novo filme, que estreia nesta quinta (20) nos cinemas, Jim Jarmusch mostra que, numa sequência de ações repetitivas, sem grandes acontecimentos ou imprevisibilidades, também há poesia. Em Paterson, Adam Driver e Golshifteh Farahani vivem um casal cujo dia a dia é tão normal quanto encantador.
O título do filme é o nome do personagem de Driver, que se tornou um dos rostos mais conhecidos de Hollywood depois de interpretar Kylo Ren, o novo vilão da saga Star wars em O despertar da força (2015). Paterson também é como se chama a pequena cidade no estado norte-americano de New Jersey onde a história se passa.
Além do nome, o lugar e a pessoa têm em comum a tranquilidade e a pacatez. Motorista do ônibus municipal, Paterson faz as mesmas coisas todos os dias. Levanta, toma café, vai para a garagem e dirige o coletivo, observando atentamente as conversas dos passageiros e o pouco que acontece nas ruas.
Depois do trabalho, ele para em um parque local para apreciar a cachoeira. À noite, depois do jantar, passeia com o cachorro e vai ao bar onde troca algumas poucas palavras com o dono do estabelecimento, enquanto toma uma cerveja no balcão. Entre uma etapa e outra do cronograma, encontra tempo para sua segunda maior paixão: as poesias que escreve em um pequeno caderno.
As inspirações vão desde objetos triviais, como uma caixa de fósforos, até sua principal paixão: a companheira Laura (Golshifteh Farahani). Enquanto ele é calado, sem grandes ambições ou planos que fujam ao normal de sua rotina, ela é falante e criativa. Redecora a casa constantemente, vende cupcakes em uma feira local para fazer algum dinheiro e sonha em aprender a tocar violão e um dia virar uma estrela country.
Embora totalmente antagônicos em suas personalidades, os dois vivem em uma perfeita e linear harmonia. Não há nenhum tipo de desentendimento nem qualquer explosão carnal de amor, sem nunca faltar afeto e cumplicidade de um pelo outro.
CAPÍTULOS
O filme se passa durante uma semana da vida de Paterson. Como se fossem sete capítulos, todos se iniciando no plano filmado sobre a cama do casal no momento em que ele acorda, geralmente antes dela, para ir trabalhar. A cena seguinte é sempre na cozinha, depois no caminho para a garagem, e assim sucessivamente, até o momento em que ele retorna do bar e vai dormir. Laura é apenas uma coadjuvante.
A repetitiva sequência ganha movimento à medida que pequenas novidades surgem no caminho do protagonista. Na forma de histórias que algum passageiro conta, ou alguém que cruza seu caminho, ou mesmo os eventos que ele testemunha do balcão do bar – tudo vira inspiração para as poesias que escreve em seu livro, chamado por ele de “secreto”. Embora sua amada o incentive a publicá-las, elas permanecem guardadas apenas para ele, salvo vez ou outra em que lê algum para ela. Os versos que aparecem na tela foram, na verdade, escritos pelo poeta norte-americano Ron Padgett e pelo próprio diretor Jarmusch, que é também escritor, além de diretor dos filmes Amantes eternos, Flores partidas e Sobre café e cigarros.
Sem nenhum momento de clímax ou grandes tensões, Paterson consegue fugir da previsibilidade que as rotinas presumem. A proposta de Jarmusch, um dos nomes mais cultuados no cinema independente internacional, agradou ao júri dos festivais por onde circulou no ano passado. Além de ter participado da disputa pela Palma de Ouro em Cannes e ter sido indicado em quatro categorias do Gotham Awards, dominado pelo sucesso Moonlight, o longa conquistou o prêmio da Associação de Críticos de Los Angeles na categoria melhor ator, graças à atuação de Adam Driver. Em Belo Horizonte, Paterson entra em cartaz apenas no Cine Belas Artes, com três sessões diárias.
O título do filme é o nome do personagem de Driver, que se tornou um dos rostos mais conhecidos de Hollywood depois de interpretar Kylo Ren, o novo vilão da saga Star wars em O despertar da força (2015). Paterson também é como se chama a pequena cidade no estado norte-americano de New Jersey onde a história se passa.
Além do nome, o lugar e a pessoa têm em comum a tranquilidade e a pacatez. Motorista do ônibus municipal, Paterson faz as mesmas coisas todos os dias. Levanta, toma café, vai para a garagem e dirige o coletivo, observando atentamente as conversas dos passageiros e o pouco que acontece nas ruas.
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As inspirações vão desde objetos triviais, como uma caixa de fósforos, até sua principal paixão: a companheira Laura (Golshifteh Farahani). Enquanto ele é calado, sem grandes ambições ou planos que fujam ao normal de sua rotina, ela é falante e criativa. Redecora a casa constantemente, vende cupcakes em uma feira local para fazer algum dinheiro e sonha em aprender a tocar violão e um dia virar uma estrela country.
Embora totalmente antagônicos em suas personalidades, os dois vivem em uma perfeita e linear harmonia. Não há nenhum tipo de desentendimento nem qualquer explosão carnal de amor, sem nunca faltar afeto e cumplicidade de um pelo outro.
CAPÍTULOS
O filme se passa durante uma semana da vida de Paterson. Como se fossem sete capítulos, todos se iniciando no plano filmado sobre a cama do casal no momento em que ele acorda, geralmente antes dela, para ir trabalhar. A cena seguinte é sempre na cozinha, depois no caminho para a garagem, e assim sucessivamente, até o momento em que ele retorna do bar e vai dormir. Laura é apenas uma coadjuvante.
A repetitiva sequência ganha movimento à medida que pequenas novidades surgem no caminho do protagonista. Na forma de histórias que algum passageiro conta, ou alguém que cruza seu caminho, ou mesmo os eventos que ele testemunha do balcão do bar – tudo vira inspiração para as poesias que escreve em seu livro, chamado por ele de “secreto”. Embora sua amada o incentive a publicá-las, elas permanecem guardadas apenas para ele, salvo vez ou outra em que lê algum para ela. Os versos que aparecem na tela foram, na verdade, escritos pelo poeta norte-americano Ron Padgett e pelo próprio diretor Jarmusch, que é também escritor, além de diretor dos filmes Amantes eternos, Flores partidas e Sobre café e cigarros.
Sem nenhum momento de clímax ou grandes tensões, Paterson consegue fugir da previsibilidade que as rotinas presumem. A proposta de Jarmusch, um dos nomes mais cultuados no cinema independente internacional, agradou ao júri dos festivais por onde circulou no ano passado. Além de ter participado da disputa pela Palma de Ouro em Cannes e ter sido indicado em quatro categorias do Gotham Awards, dominado pelo sucesso Moonlight, o longa conquistou o prêmio da Associação de Críticos de Los Angeles na categoria melhor ator, graças à atuação de Adam Driver. Em Belo Horizonte, Paterson entra em cartaz apenas no Cine Belas Artes, com três sessões diárias.