Primeiro longa-metragem ficcional de Alan Minas, A família Dionti, que estreia hoje em Belo Horizonte e Juiz de Fora, é puro realismo mágico. Com um mote universal muito explorado pelo cinema, a descoberta do amor, o cineasta realiza uma narrativa atemporal que foge dos lugares-comuns justamente pelo fantástico.
A produção, que venceu os prêmios de júri popular nos festivais de Brasília (2015) e Lisboa (2016), é ambientada em Minas Gerais. Com apoio do Polo Audiovisual da Zona da Mata, com sede em Cataguases, o filme tem locações em Leopoldina, Recreio, Muriaé, Dona Eusébia e na já citada Cataguases.
“Uma amiga que tinha um sítio na região me convidou para passar uns dias”, relembra Minas, que, a despeito do sobrenome, é do Rio de Janeiro. Ele foi, se encantou com a área e, ao saber do Polo Audiovisual, não demorou a fazer contato para tentar dar início ao projeto.
A família Dionti, com roteiro do próprio Alan Minas, nasceu a partir de uma imagem. “Tenho uma relação muito próxima com a pintura, que sempre me inspirou. Um dia me veio a imagem de um menino. A partir dele fiz um conto em que esse garoto se transformava, se derretia por amor”, relata. O conto nunca foi publicado, mas acabou dando origem a um argumento que veio redundar no filme.
Os Dionti são três homens: o pai, Josué (Antônio Edson, integrante do Grupo Galpão), seu filho primogênito, Serino (Bernardo Lucindo), e o caçula, Kelton (Murilo Quirino). A mãe já não mais está, e sua ausência incomoda os três – os garotos mal se lembram dela.
Vivem numa casinha simples na zona rural
Abusando de longos planos e de cenas externas, Alan Minas vai construindo uma narrativa poética, de uma simplicidade apenas aparente. O diretor trabalhou com atores profissionais (o elenco ainda traz Gero Camilo como um médico um tanto charlatão), com amadores e também não atores. Estes aparecem em participações que têm um cunho quase documental.
O elenco infantojuvenil é formado por adolescentes de Cataguases e região que já faziam teatro amador – foram testados pelo menos duas centenas de adolescentes. Do trio central, é Murilo Quirino o destaque – sua interpretação, cheia de nuances, chega a destoar das outras.
“Houve um preparo com eles durante cinco meses. Tivemos muito cuidado com as palavras e com o jogo de cena, pois queria outro tipo de interpretação com este trabalho.” Alan Minas admite ter ficado “mexido” com o projeto
Terminada a filmagem, Alan Minas comenta que voltou para o Rio de Janeiro com uma sensação de vazio. “Fiquei imerso na cultura mineira, no jeito de falar, de comer. Quando acabou, não sabia o que fazer, pois para mim a história não tinha terminado.”
Pois ele acabou escrevendo A família Dionti (Berlendis & Vertecchia Editores, 216 páginas, R$ 46), uma novela infantojuvenil que procura ir além do que se vê na tela. “No livro, aprofundei mais as tramas, trouxe personagens novos, como a mãe, criando uma teia”, acrescenta Alan Minas. Tais como seus personagens, ele também fez um caminho fora da curva.
Assista o trailer: