O cenário é Salvador, mas o Pelourinho, o Farol da Barra e outros cartões-postais não estão em cena. A alegria e o axé, muito corriqueiros em filmagens rodadas na capital baiana, também não estão presentes. Em Travessia, que chega hoje aos cinemas, a cidade é apenas um pano de fundo para um drama existencialista estrelando Chico Diaz e Caio Castro nos papéis de pai e filho que vivem conflitos profundos entre si.
Diaz é Roberto, homem de meia-idade que acaba de ficar viúvo. Problemas no trabalho e a rejeição por parte do filho Júlio (Caio Castro) o deixam totalmente perdido. Noites desregradas e outros excessos começam a fazer parte de sua rotina, até que um acidente dá um novo rumo às coisas, misturando ainda mais seus sentimentos.
Júlio, por sua vez, é um jovem inconformado com a perda da mãe e revoltado com o pai. As motivações exatas do conflito são um mistério para o espectador. Se a musicalidade baiana não aparece, as festas de ritmos eletrônicos são o ambiente onde busca refúgio emocional e trafica drogas sintéticas para se manter.
Apesar de estar em rota de colisão, os dois não contracenam durante os 90 minutos de filme. A solidão e o individualismo existencial da dupla não é maior porque cada um conta com a companhia de uma mulher. Camila Camargo é a namorada de Júlio e Cyria Coentro, uma enfermeira que se envolve com Roberto. Mesmo tentando ajudá-los, ambas acabam sofrendo com as angústias e comportamentos perigosos deles.
O roteiro dá ao público a oportunidade de ver Caio Castro em um papel diferente do galã que costuma ser nos folhetins mais lúdicos da TV Globo. Atualmente, o ator de 28 anos interpreta o imperador dom Pedro I na novela Novo mundo. No cinema, Caio teve poucas participações, sendo o drama A grande vitória (2014) a principal delas. O filme conta a história real do judoca Max Trombini, interpretado por Caio.
Mesmo para o veterano Chico Diaz, que já experienciou uma diversidade maior de papéis na televisão e no cinema, tanto comercial quanto independente, sendo inclusive premiado pela atuação em Amarelo manga (2002) no Festival de Brasília, a complexidade de Travessia foi um desafio. ”É uma oportunidade muito boa para o ator trabalhar num tom mais grave, numa área mais escura, o que é muito negado atualmente, a melancolia, a solidão, temos a obrigação de ser felizes e eufóricos, é muito bom atingir esse universo e expressá-lo”, afirma.
O novo trabalho rendeu outro prêmio de melhor ator a Chico. Desta vez no Festival de Aruanda, no fim de 2015, em João Pessoa, na Paraíba. “Quem vê o filme sai emocionado e se questionando internamente. Fico muito feliz de apresentar o filme nessa época, porque assim como meu personagem, todos nós também tomamos um golpe do destino no Brasil e temos vagado por esse último ano”, explica o artista, nascido no México.
Rodado em 2014, o filme ficou um bom tempo no circuito de festivais antes de, finalmente, chegar às salas de cinema. Baiano de Vitória da Conquista, terra de Gláuber Rocha, o diretor João Gabriel, de 37 anos, apresenta seu primeiro longa. Ele lembra das complicações existentes para lançar um filme desse gênero no circuito comercial. “Hoje, no Brasil, muitos filmes são feitos, mas a dificuldade é lançá-los, as distribuidoras são muito condicionadas a batalhar só pelas comédias que têm retorno bom na bilheteria e isso deixa o mercado um pouco engessado”, explica o cineasta, que, até então, vinha se dedicando a curtas e outras produções audiovisuais.
Pelo menos nos festivais a fórmula apresentada agradou. Além da conquista individual de Chico Diaz, Travessia também foi escolhido como melhor filme pelo júri do Aruanda em 2015. “O importante no filme não é o conflito entre os protagonistas, mas o que cada um está sentindo, o coração de cada um, é muito mais interessante deixar para o espectador imaginar o que aconteceu, é muito fácil dar tudo resolvido e passar de forma objetiva a moral da história, prefiro deixar aberto para as pessoas imaginarem”, argumenta João Gabriel sobre a proposta do longa.
Se a fórmula dará certo diante do público nas salas de cinema ele se mostra otimista. “Acho que a gente não pode subestimar o público, ele quer, sim, filmes com temáticas e gêneros diferentes. A grande dificuldade é conseguir chegar nesse pessoal. Espero que a gente tenha um bom resultado relativo à nossa produção e ao investimento. Levando esses fatores em conta, acho que vamos surpreender”, projeta o diretor, que contou com um orçamento de R$ 2,8 milhões , sendo metade do valor captado via Ancine e governo da Bahia. Em BH, Travessia está em cartaz no Cine Belas Artes.
Diaz é Roberto, homem de meia-idade que acaba de ficar viúvo. Problemas no trabalho e a rejeição por parte do filho Júlio (Caio Castro) o deixam totalmente perdido. Noites desregradas e outros excessos começam a fazer parte de sua rotina, até que um acidente dá um novo rumo às coisas, misturando ainda mais seus sentimentos.
Júlio, por sua vez, é um jovem inconformado com a perda da mãe e revoltado com o pai. As motivações exatas do conflito são um mistério para o espectador. Se a musicalidade baiana não aparece, as festas de ritmos eletrônicos são o ambiente onde busca refúgio emocional e trafica drogas sintéticas para se manter.
Apesar de estar em rota de colisão, os dois não contracenam durante os 90 minutos de filme. A solidão e o individualismo existencial da dupla não é maior porque cada um conta com a companhia de uma mulher. Camila Camargo é a namorada de Júlio e Cyria Coentro, uma enfermeira que se envolve com Roberto. Mesmo tentando ajudá-los, ambas acabam sofrendo com as angústias e comportamentos perigosos deles.
O roteiro dá ao público a oportunidade de ver Caio Castro em um papel diferente do galã que costuma ser nos folhetins mais lúdicos da TV Globo. Atualmente, o ator de 28 anos interpreta o imperador dom Pedro I na novela Novo mundo. No cinema, Caio teve poucas participações, sendo o drama A grande vitória (2014) a principal delas. O filme conta a história real do judoca Max Trombini, interpretado por Caio.
Mesmo para o veterano Chico Diaz, que já experienciou uma diversidade maior de papéis na televisão e no cinema, tanto comercial quanto independente, sendo inclusive premiado pela atuação em Amarelo manga (2002) no Festival de Brasília, a complexidade de Travessia foi um desafio. ”É uma oportunidade muito boa para o ator trabalhar num tom mais grave, numa área mais escura, o que é muito negado atualmente, a melancolia, a solidão, temos a obrigação de ser felizes e eufóricos, é muito bom atingir esse universo e expressá-lo”, afirma.
O novo trabalho rendeu outro prêmio de melhor ator a Chico. Desta vez no Festival de Aruanda, no fim de 2015, em João Pessoa, na Paraíba. “Quem vê o filme sai emocionado e se questionando internamente. Fico muito feliz de apresentar o filme nessa época, porque assim como meu personagem, todos nós também tomamos um golpe do destino no Brasil e temos vagado por esse último ano”, explica o artista, nascido no México.
Rodado em 2014, o filme ficou um bom tempo no circuito de festivais antes de, finalmente, chegar às salas de cinema. Baiano de Vitória da Conquista, terra de Gláuber Rocha, o diretor João Gabriel, de 37 anos, apresenta seu primeiro longa. Ele lembra das complicações existentes para lançar um filme desse gênero no circuito comercial. “Hoje, no Brasil, muitos filmes são feitos, mas a dificuldade é lançá-los, as distribuidoras são muito condicionadas a batalhar só pelas comédias que têm retorno bom na bilheteria e isso deixa o mercado um pouco engessado”, explica o cineasta, que, até então, vinha se dedicando a curtas e outras produções audiovisuais.
Pelo menos nos festivais a fórmula apresentada agradou. Além da conquista individual de Chico Diaz, Travessia também foi escolhido como melhor filme pelo júri do Aruanda em 2015. “O importante no filme não é o conflito entre os protagonistas, mas o que cada um está sentindo, o coração de cada um, é muito mais interessante deixar para o espectador imaginar o que aconteceu, é muito fácil dar tudo resolvido e passar de forma objetiva a moral da história, prefiro deixar aberto para as pessoas imaginarem”, argumenta João Gabriel sobre a proposta do longa.
Se a fórmula dará certo diante do público nas salas de cinema ele se mostra otimista. “Acho que a gente não pode subestimar o público, ele quer, sim, filmes com temáticas e gêneros diferentes. A grande dificuldade é conseguir chegar nesse pessoal. Espero que a gente tenha um bom resultado relativo à nossa produção e ao investimento. Levando esses fatores em conta, acho que vamos surpreender”, projeta o diretor, que contou com um orçamento de R$ 2,8 milhões , sendo metade do valor captado via Ancine e governo da Bahia. Em BH, Travessia está em cartaz no Cine Belas Artes.