A Bela e a Fera estreia hoje em versão live action nos cinemas brasileiros

Bela e empoderada, heroína militante assusta os puristas, enquanto personagem gay é censurado nos EUA, na Rússia e na Malásia

por Estado de Minas 16/03/2017 08:00
Disney/divulgação
Dan Stevens e Emma Watson protagonizam o investimento de R$ 30 milhões da Disney (foto: Disney/divulgação)

Trata-se de um antigo conto francês de 1740, imortalizado nos anos 1990 em forma de animação pela Disney, que agora aposta em atores de carne e osso para dar roupa nova à eterna magia de A Bela e a Fera. Desde que o diretor Jason Scott Lee irritou os puristas com um Mogli adulto em O livro da selva (1994), os estúdios Disney lançaram várias versões atualizadas de seus desenhos animados mais famosos, gerando US$ 4 bilhões em todo o mundo.

Nos últimos anos, esse processo se acelerou, tendo em conta os resultados muitas vezes inesperados nas bilheterias. Depois de Cinderela (2015) e mais uma versão de Mogli: O menino lobo (2016), com efeitos especiais de cair o queixo, é a vez de A Bela e a Fera, um dos tesouros da Disney, receber um lifting em versão live.

Com a inglesa Emma Watson, de 26 anos, que cresceu interpretando Hermione Granger na saga Harry Potter, no papel de Bela, o filme estreia hoje nos cinemas brasileiros. É pouco dizer que a obra é ansiosamente esperada: seu trailer foi visto 92 milhões de vezes em um único dia, um recorde. A Bela e a Fera, que revisita a animação lançada em 1991, custou a soma impressionante de US$ 300 milhões, mas não deve ter dificuldades em recuperar seus custos.

RECORDE Já se tornou o filme para toda a família que mais vendeu ingressos em pré-venda da história, de acordo com o site Fandango, batendo Procurando Dory. Os analistas esperam US$ 150 milhões em receita durante seu fim de semana de estreia. Também poderá ser um dos remakes mais controvertidos da história da Disney.

Muitas polêmicas movimentaram as redes sociais: da forma do bule da Senhora Potts a uma imagem de topless de Emma Watson na revista Vanity Fair, que se defendeu dizendo que expor o contorno dos seios não contradiz o seu compromisso de embaixadora das Nações Unidas para a causa das mulheres.

GAY Para não esquecer a polêmica sobre “Le Fou”, o puxa-saco de Gaston, claramente gay na nova versão (interpretado por Josh Gad), o que faz dele o primeiro personagem abertamente LGBT dos estúdios Disney. Pelo menos um cinema do Alabama, estado conservador do Sul dos Estados Unidos, recusou-se a exibir o filme. E o governo russo propôs uma proibição antes de declarar o longa impróprio para menores de 16 anos, enquanto o governo da Malásia optou pela censura, cortando “um momento gay”.

“Qual é o propósito desta história de 300 anos? Trata-se de olhar mais de perto e aceitar as pessoas pelo que elas realmente são”, afirma o diretor Bill Condon (Crepúsculo, Dreamgirls) em um encontro com jornalistas em Beverly Hills. “De uma forma simbólica para a Disney, incluímos todo mundo”, acrescentou.


LA LA LAND
Seis anos após o último dos oito Harry Potter, Emma Watson, que recusou o papel que valeu o Oscar a Emma Stone em La la land: cantando estações para poder incorporar Bela, realiza o mais importante papel de sua vida adulta.

“O slogan do filme, ‘um conto tão antigo quanto o mundo’, é verdade”, afirmou a atriz na pré-estreia em Hollywood do filme, cujo cartaz apresenta uma verdadeira constelação: Kevin Kline, Emma Thompson, Ewan McGregor, Ian McKellen, Stanley Tucci... e Dan Stevens (de Downton Abbey) na pele peluda da Fera.

“Adoro o fato de que, em nossa versão, a Bela não é alguém distante e isolada. No nosso filme, ela é uma militante em sua própria comunidade”, destacou Emma Watson, que disse amar tanto a versão cinematográfica de Jean Cocteau e René Clément de 1946 quanto a animação de 1991.

Se você não é fã das versões live action dos clássicos da Disney, é melhor se preparar para os próximos anos: 13 outros títulos estão atualmente em várias fases de produção, incluindo Cruela (a vilã de 101 dálmatas), Mulan, Dumbo e Aladdin. (Frankie Taggart/AFP)

TRÊS PERGUNTAS PARA
Bill Condon,diretor

Esta é uma versão da história para 2017. Qual foi a sua abordagem para que isso ocorresse?
Embora esses personagens vivessem quase 400 anos atrás, queria que o filme tivesse relevância, principalmente a Bela. Ela tem um lado ativista que parece mais contemporâneo. Obviamente, a maneira como Gaston consegue usar o medo das pessoas para transformá-lo em agressão e violência é relevante. Esse medo do desconhecido. E estava tudo lá no musical.

Hoje, muita gente olha criticamente para os contos de fada.
Sim, com certeza, especialmente em relação à questão da síndrome de Estocolmo, de Bela se apaixonar por seu sequestrador. Essa versão já tinha sido utilizada. Então, achava importante adaptar a situação e algumas escolhas de Bela para tornar evidente que ela não se apaixonaria pela Fera. Quando a Fera pergunta, depois de eles terem uma conexão na cena do baile, se Bela poderia algum dia ser feliz ali, sua resposta é: “Alguém pode ser feliz sem ser livre?”. Isso faz com que ele perceba que não pode nem colocar a pergunta até que os termos sejam diferentes. Foi uma mudança importante.

Você está arrependido de ter comentado sobre a homossexualidade de Le Fou?
Não foi minha escolha falar sobre o assunto. Queria que as pessoas descobrissem quando assistissem ao filme. Queria que as pessoas vissem para só então comentar.

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