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'Logan' traz despedida de Hugh Jackman do papel de Wolverine

Filme que encerra a saga após 17 anos traz o personagem envelhecido, manco e turrão, enfrentando vilões da indústria de mutação genética

Pedro Antunes/Estadão Conteúdo Pedro Galvão
Foram 17 anos com as garras de fora, mas a história de Hugh Jackman como Wolverine chegou ao fim
. Logan, que estreia hoje nos cinemas, encerra a participação do ator australiano como o herói dos quadrinhos, fruto de mutação genética que lhe permite se curar instantaneamente de qualquer ferida. Imortal no imaginário dos fãs, Jackman se despede com boas doses de violência e deixando uma sucessora à altura, mesmo com 60cm a menos de estatura.

Em Logan, último filme da série X-Men estrelado por Hugh Jackman, o velho herói tem a missão de proteger sua discípula e enfrentar ameaça contra os mutantes - Foto: Fox Films/divulgação
A história se passa em 2029, num cenário melancólico para os X-Men. Os mutantes estão quase extintos e o Professor Xavier, à beira da senilidade, esconde-se no interior do Novo México. Logan, que já abandonou o ofício de herói e voltou a adotar a identidade de James Howlett, trabalha como chofer de limousine. Quer juntar o dinheiro que lhe permitiria se isolar com o professor e outro mutante amigo, chamado Caliban, em um barco em alto-mar, longe de qualquer ameaça.

Envelhecido, quase grisalho, manco de uma perna e com a saúde debilitada – mas sem perder o estilo turrão, sempre com uma garrafa de uísque e um charuto nas mãos –, ele se depara com uma pequena surpresa e uma grande ameaça. A presença da chamada “Wolverinha” nos trailers levou fãs à loucura. A personagem da atriz Dafne Keen, de apenas 11 anos, é, de fato, o destaque do filme.

BAD GIRL Gerada a partir do DNA mutante do próprio Logan, a bad girl tem os poderes de Wolverine, alternando-se entre cenas de fofura e destruição. Inspirada na personagem X-23 criada para versões animadas de X-Men, exibe também garras retráteis nas mãos e nos pés.

A pequena Laura desperta o interesse de pessoas perigosas envolvidas com a indústria de mutação genética, que desejam controlar os mutantes e usá-los em iniciativas beligerantes. Com a missão de proteger a menina, Logan se vê metido em outra missão perigosa, ainda que mal tenha forças para cumpri-la. Na verdade, os dois se tornam parceiros: em alguns momentos, o velho Logan parece precisar mais de ajuda do que a garota.

O longa é assinado por James Mangold, o diretor de Wolverine: imortal (2013)

. Apesar dos momentos cômicos da pseudofamília constituída por Laura, Logan e Xavier, assumindo lugares de filha, pai e avô, é a produção mais violenta da franquia X-Men, que, pela primeira vez, tem um filme censurado para menores de 18 anos. Das cenas de combate jorra sangue, com decapitações aos montes e maquiagens caprichadas para corpos estripados.

Sequências um pouco inverossímeis voltam a aparecer. Se no primeiro filme exclusivo do Wolverine os fãs de automobilismo se reviraram na cadeira enquanto o personagem fazia trilha off-road em alta velocidade sobre uma Harley-Davidson, algo fisicamente impossível, desta vez Logan desafia a mecânica ao acelerar sua limousine em manobras arriscadas por um campo de terra e mato.

IMIGRAÇÃO Fantasia povoada por heróis, mutantes e vilões, Logan também aborda temas polêmicos e atuais. Além do protagonismo feminino, marcado pela presença da garotinha forte, independente e superpoderosa, a questão da imigração está na trama. A indústria de mutação genética que criou X-23 fica na Cidade do México, onde as crianças são exploradas. Conflitos na fronteira mexicana com os Estados Unidos são parte do cenário. Há tensão racial: uma família negra, dona de uma propriedade rural, é perseguida por latifundiários brancos.

Revelando aspectos emocionais de Wolverine de forma mais profunda, o enredo trata, com sensibilidade, do envelhecimento, ao mostrar Logan e Professor Xavier às voltas com a solidão e as limitações impostas pela saúde, evidenciando dilemas e complicações inerentes à chegada da terceira idade.

Com vários elementos comuns ao universo construído em torno do personagem tanto no cinema quanto nos quadrinhos e séries animadas, além de uma dose extra de emoção, Logan é “uma carta de amor aos fãs”, afirmou Hugh Jackman no Festival de Berlim, em fevereiro, onde o filme foi aplaudido pelo público.


Cansado de tantas batalhas, perturbado pela própria imortalidade e traumatizado pela perda de pessoas queridas, o herói caminha para um desfecho emocionante. A cena final é capaz de arrancar lágrimas dos entusiastas mais fervorosos de X-Men.

Apesar de seu Globo de Ouro de melhor ator pela atuação em Os miseráveis (2013), Hugh Jackman, de 48 anos, dificilmente será dissociado de Wolverine, missão que cumpriu em nove filmes.