Carnaval e Oscar podem dar samba? A gente acredita que sim. Depois de um grande quebra-cabeça, encontramos os blocos de Belo Horizonte que, de alguma maneira, dialogam com os nove concorrentes a melhor filme na 89ª edição do prêmio, que será realizada neste noite, em Los Angeles.
saiba mais
Sabemos também que a maior premiação da indústria cinematográfica não terá uma torcida tão ferrenha no Brasil neste ano. Afinal, é difícil ficar ligado em cinema com o carnaval na porta de casa. Mas Oscar é Oscar, e o deste ano promete ser polêmico. Hollywood não deve deixar barato os desvarios do início do governo Trump. E os prêmios, dada a escolha dos principais indicados, deverão ir ao encontro da pauta mundial pela diversidade.
>> O filme – A chegada
Oito indicações (filme, direção para Denis Villeneuve, roteiro adaptado, fotografia, design de produção, edição, edição de som e mixagem de som)
A não indicação de Amy Adams ao Oscar de melhor atriz dominou as notícias recentes sobre o filme. Foi injusto, mas a produção é muito maior que isto. É um sci-fi cabeçudo (no bom sentido) que tem início quando alienígenas estão prestes a chegar à Terra. Uma linguista é convocada para tentar traduzir os sinais que eles enviam. Bem, a parte final da narrativa desata todos os nós criados no filme (é uma das melhores viradas do cinema atual) e ainda mostra que os ETs podem ser muito mais justos do que os humanos.
>> O bloco – Todo Mundo Cabe no Mundo
A premissa deste bloco, criado em 2016 pelo artista plástico e escritor Marcelo Xavier, é a inclusão social. Sai hoje, às 9h, no Santa Efigênia (Rua Piauí, 647)
>> O filme – Até o último homem
Seis indicações (filme, diretor para Mel Gibson, edição, ator para Andrew Garfield, mixagem e edição de som)
O longa é a redenção de Mel Gibson, banido há uma década por Hollywood (por uma conjunção de fatores, como bebida e brigas públicas em excesso, declarações antissemitas e homofóbicas), desde o malfadado Apocalypto. Um jovem religioso com objeção de consciência ao ato de matar alista-se na guerra, disposto a ir para o front sem pegar em armas, mas com disposição para ajudar seus companheiros. No fim, recebe uma medalha de honra por bravura em combate. A história é verídica.
>> O bloco – Pacato Cidadão
Estreante neste carnaval, vai apresentar um repertório de bandas mineiras (Skank, Jota Quest, Tianastácia e Pato Fu). Sai hoje, às 10h, na Praça JK, no Sion.
>> O filme – Estrelas além do tempo
Três indicações (filme, atriz coadjuvante para Octavia Spencer, roteiro adaptado)
O título original – Hidden figures (figuras escondidas, em tradução livre) – é um contraponto e tanto para o nome que o drama ganhou no Brasil. As “estrelas escondidas” são três mulheres que, no início da década de 1960, durante a Guerra Fria, trabalham na NASA. Como são negras, têm que atuar à parte, mesmo tendo papéis relevantes na agência americana de exploração espacial. A despeito das dificuldades acarretadas pelo preconceito racial, elas acabam provando seu valor.
>> O bloco – Então, Brilha!
Criado em 2010, é um dos maiores (e melhores) blocos de BH e o que abre oficialmente os trabalhos, na manhã de sábado, na Rua Guaicurus. Ou seja, agora, só ano que vem.
>> O filme – A qualquer custo
Quatro indicações (filme, roteiro original, edição, ator coadjuvante para Jeff Bridges)
Um faroeste contemporâneo, o filme de David Mackenzie é ambientado no interior do Texas. Dois irmãos, um desempregado e um ex-presidiário, decidem assaltar bancos para salvar a fazenda da família, ameaçada por dívida hipotecária. Detalhe: eles assaltam somente agências do banco credor. Um policial durão (Jeff Bridges, ótimo) prestes a se aposentar decide investigar o caso, com a ajuda de seu parceiro e saco de pancadas.
>> O bloco – Cowboys di Buteco
Sua única chance de colocar um chapéu de caubói neste carnaval. O bloco sai pela primeira vez, promovendo uma mistura de samba e sertanejo. Hoje, a partir das 10h, na Praça da Liberdade (em frente ao Memorial Minas Vale, na esquina com Rua Gonçalves Dias).
>> O filme – La la land: cantando estações
14 indicações (filme, diretor para Damien Chazelle, ator para Ryan Gosling, atriz para Emma Stone, roteiro original, fotografia, edição, figurino, mixagem de som, edição de som, desenho de produção, trilha sonora e canção original – duas indicações)
É o arrasa-quarteirão não só deste Oscar, mas de toda a temporada de prêmios. Levar todos os prêmios o musical contemporâneo de Chazelle não vai (até porque Moonlight cala fundo nas discussões sociopolíticas que dominam os EUA nos dias de hoje) mas deve causar um rombo nas estatuetas que serão distribuídas nesta noite. Ainda não viu? Não há como não se encantar com o romance da aspirante a atriz e do jazzista, que encontra ecos em clássicos como Cantando na chuva e Casablanca.
>> O bloco – Magnólia
Ele começou pequeno há três anos e logo virou um dos blocos mais queridos do carnaval. Seguindo a tradição do Mardi Gras, o carnaval de New Orleans, só toca jazz. E sempre na terça-feira gorda. A concentração neste ano começa às 12h, na Rua Magnólia, esquina com Avenida Carlos Luz, Caiçara.
>> O filme – Lion: uma jornada para casa
Seis indicações (filme, ator coadjuvante para Dev Patel, atriz coadjuvante para Nicole Kidman, roteiro adaptado, fotografia e trilha sonora)
É um tanto sentimental essa drama, mas não poderia ser diferente, dada a história. Aos 5 anos, um menino indiano se perde do irmão numa estação de trem. Vai parar em Calcutá, a milhares de quilômetros de distância. Inteligente, consegue sobreviver sozinho até ser adotado por uma família australiana. Mais de duas décadas depois, já com a vida resolvida, ele não consegue esquecer o passado. Retorna à Índia em busca de sua família biológica.
>> O bloco – Pena de Pavão de Krishna
Pintados de azul, os integrantes do bloco mais cultuado de BH desfilam desde 2013 em lugares diferentes da cidade. Neste carnaval, vai até Caeté. O desfile será hoje, das 7h às 17h, em Morro Vermelho. No desfile, o afoxé se encontra com a cultura indiana.
>> O filme – Manchester à beira-mar
Seis indicações (filme, diretor para Kenneth Lonergan, ator para Casey Affleck, ator coadjuvante para Lucas Hedges, atriz coadjuvante para Michelle Williams e roteiro original)
Lee Chandler deixou sua cidade natal, Manchester, há muitos anos. Com a morte do irmão, Joe, volta para cuidar do funeral e também do sobrinho adolescente. Não vê a hora de resolver a questão e poder retornar à vida sem muito sentido que leva. Só que, sabedor dos dramas do irmão, Joe lhe armou uma armadilha. Em testamento, colocou-o como tutor do sobrinho, o que o obrigaria a voltar a viver em Manchester.
>> O bloco – Volta Belchior
Já são cinco anos desde que o cantor e compositor cearense desapareceu. O culto a ele só vem crescendo, tanto que por aqui ganhou um bloco neste carnaval. Quem viu, viu, já que o Volta Belchior marcou sua estreia para ontem, nas ruas de Santa Tereza.
>> O filme – Moonlight: sob a luz do luar
Oito indicações (filme, diretor para Barry Jenkins, ator coadjuvante para Mahershala Ali, atriz coadjuvante para Naomie Harris, fotografia, roteiro adaptado, trilha sonora e montagem)
O drama independente e de baixo orçamento de Barry Jenkins calou fundo na Hollywood que tenta se redimir das duas edições hegemonicamente brancas do Oscar (2015 e 2016). Sem fazer concessões ou apelar para a pieguice, o diretor conta, de maneira original, uma história forte, mas que não traz nada de incomum. A vida cheia de pequenas tragédias de um garoto negro de um gueto de Miami é acompanhada até a idade adulta.
>> O bloco – Afoxé Bandarerê
Nascido em 2013, o bloco de afoxé é ligado às religiões de matriz africana e, a cada carnaval, reafirma suas tradições nos desfiles. Neste ano, sai amanhã, às 14h, no Bairro Concórdia (Praça do México), e na terça, às 19h, abrindo os desfiles de escolas e blocos caricatos na Avenida Afonso Pena.
>> O filme – Um limite entre nós
Quatro indicações (filme, ator para Denzel Washington, atriz coadjuvante para Viola Davis e roteiro adaptado)
Diretor bissexto, Denzel Washington leva para a tela uma história já consagrada nos palcos – e que ele mesmo interpretou no teatro, ao lado de Viola Davis. Fences, título original da peça, deu a seu autor, August Wilson, um Pulitzer. O drama narra a difícil vida de uma família negra na Pittsburgh dos anos 1950. O patriarca, Troy, é um lixeiro que tinha o sonho de se profissionalizar no beisebol. Mas sua maior conquista foi se tornar o primeiro negro a conduzir uma companhia de coleta de lixo.
>> O bloco – Angola Janga
Em seu segundo carnaval, o bloco promete muito axé e ritmos afro-brasileiros. A concentração será neste domingo, às 13h, na Avenida Álvares Cabral, 400.
Na TV
A TNT transmite o tapete vermelho e a cerimônia hoje, a partir das 21h30.
O canal E! transmite o tapete vermelho a partir das 19h30. A Globo exibe amanhã, às 15h10, um compacto com melhores momentos da festa.