O 67° Festival de Berlim, que começa quinta-feira (09), exibirá 12 produções brasileiras, um recorde de participação do país nas diversas mostras da Berlinale. Na competição internacional de longas-metragens, que distribui Ursos de Ouro e de Prata, estará Joaquim, de Marcelo Gomes, revivendo a figura de Joaquim José da Silva Xavier, num misto de ficção e história do líder da Inconfidência Mineira, primeira manifestação da consciência brasileira pela independência.
Na competição internacional de curtas-metragens, cujo prêmio é o Urso de Ouro, foi selecionado o título pernambucano Estás vendo coisas, de Bárbara Wagner e Benjamin de Burca. O curta tem como foco o mau gosto das músicas bregas que dominam hoje o cenário musical brasileiro.
Na mostra Panorama, os longas selecionados foram Vazante, dirigido por Daniela Thomas, Pendular, de Júlia Murat, e Como nossos pais, de Laís Bodanzky. Vazante revive a época do trabalho escravo dos negros na extração de pedras preciosas em Minas Gerais, fonte da riqueza do Brasil colonial. Na apresentação de Vazante, o Festival assinala a falta de memória brasileira, pois até hoje o Brasil não procurou se resgatar das atrocidades dessa época. Pendular mostra as relações entre uma dançarina e um escultor e o significado de suas diferenças artísticas. Um tratamento filosófico de gênero, original, de jovens boêmios à beira da meia-idade. Como nossos pais é um drama que apresenta os conflitos geracionais a partir da vida de uma mulher, sua conturbada relação com a mãe, o drama de educar os filhos e o impasse profissional.
O mineiro Sávio Leite, que exibiu seu curta de animação Vênus – Filó, a fadinha lésbica no Festival de Roterdã, também leva o trabalho baseado em texto de Hilda Hilst para Berlim, na mostra Queershorts. Na mostra Fórum está o filme Rifle, do cineasta Davi Pretto, espécie de velho-oeste gaúcho, mostrando uma luta pela terra entre um grande fazendeiro e um pequeno agricultor.
Na mostra Fórum Documentos há ainda o filme de João Moreira Salles, No intenso agora, um documentário reunindo cenas da revolta estudantil de maio de 68 na França, da invasão da então Tchecoslováquia e cenas na China e no Brasil dessa mesma época.
Na mostra Geração, dedicada ao cinema jovem, estão três longas-metragens: As duas irenes, de Fábio Meira, com as atrizes Inês Peixoto e Teuda Bara, do Grupo Galpão, no elenco, e trata da história de duas meio-irmãs com o mesmo nome e mesma idade, filhas do mesmo pai com mães e níveis sociais diferentes.
Mulher do pai, de Cristiane Oliveira, premiado no Festival do Rio, acompanha o relacionamento entre uma jovem de 16 anos e seu pai cego, por quem a garota fica responsável após a morte da avó. A convivência do homem com a jovem é conturbada pela presença de uma professora.
Não devore o meu coração, de Felipe Bragança, narra uma história de paixão ''amour fou'' entre adolescentes de 13 anos, ela índia guarani, tendo como pano de fundo a questão da própria identidade e as disputas por terras na fronteira do Brasil com o Paraguai.
E ainda na mostra Geração, o curta Em busca da terra sem males, de Anna Azevedo. Na mitologia guarani, terra sem males é o lugar onde os índios, enfim, encontram a paz