Foi desse processo que nasceu o longa-metragem Baronesa, o primeiro filme de Juliana. A produção, que abriu a Mostra Aurora, na 20ª Mostra de Cinema de Tiradentes, foi apontada, já no final da sessão (e muito antes de outros longas serem apresentados), como a favorita para o Troféu Barroco, o principal prêmio do evento.
Não deu outra. Na noite de sábado, a equipe do longa, formada majoritariamente por mulheres, recebeu o troféu. E a diretora de fotografia Fernanda de Sena ganhou o Prêmio Helena Ignez, concedido a destaques femininos.
Para o júri da crítica que elegeu Baronesa o melhor filme de Tiradentes, ele mereceu o prêmio “pela cumplicidade sem condescendência em relação às pessoas filmadas; pelo enfrentamento de estereótipos apaziguadores da boa consciência; pelo reconhecimento e afirmação da alegria e do prazer em meio aos desastres da experiência social brasileira”.
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As duas passaram três dias em Tiradentes, mas não compareceram à festa de premiação, no encerramento da mostra. São cunhadas. Andreia tem 29 anos e morou a maior parte de sua vida no Bairro Juliana (nascida em Itamaraju, Sul da Bahia, chegou a BH aos 4). Casada com Carlos Adriano e mãe de Jade Eduarda, de 9, vive na mesma casa onde trabalha, na varanda, como manicure e cabeleireira.
“Até agora não caiu minha ficha, não tô nem acreditando. Achei que não ia dar em nada, e me ver na tela grande foi demais. Amei e tô amando ainda”, comentou ela, na manhã de ontem. Andreia diz “amar ver filme”. O longa de que mais gostou "é o da menina que tem câncer” (A culpa é das estrelas, adaptação do best seller do americano John Green). “Amei demais, chorei pra c...”, conta.
CANSEIRA O caminho até Baronesa não foi fácil. Andreia admite: “deu uma canseira” em Juliana e sua equipe. Não queria participar do filme de maneira alguma. “Corri dela feio, acho que foram uns seis meses. Até me escondia. Não acreditava que ela ia conseguir fazer um filme. Pra vida da gente, isso não é uma coisa normal. Pra ser sincera, só tô acreditando agora”, explica.
Para Andreia, não era fácil ter câmeras em meio a seu cotidiano. “Tipo assim, fui em frente pra poder mostrar pra ela (Juliana) que não ia dar em nada. Mas aí comecei a gostar mesmo, a presença dela não me incomodava mais”, diz Andreia, contando que "a maioria de tudo que tá lá é vida real”. De ficcional, revela, está a vontade da Andreia do filme em deixar o Bairro Juliana. “Amo minha favela, tenho vontade (de mudar) não”, garante.