Diante de uma Terra superpovoada e com recursos naturais esgotados, que tal se mandar para um novo Sistema Solar? Em Passageiros, que chega hoje aos cinemas, Jennifer Lawrence e Chris Pratt compram a ideia e embarcam a bordo da imponente Avalon rumo a um planeta desabitado e paradisíaco
Num futuro não muito distante, a tecnologia para uma jornada intergaláctica sem escalas e em piloto automático já existe. Basta desembolsar alguns milhares de dólares e pagar a passagem. O maior problema é a duração da viagem: 120 anos, mas nada que o coma induzido através de um moderno sistema de congelamento não permita. Faltando poucos meses para a chegada, o programa informatizado acorda o passageiro, que pode curtir um cruzeiro estrelar a bordo de uma nave luxuosa enquanto aguarda a chegada ao destino final.
Tudo muito tranquilo, a não ser que alguma pane ocorra no sistema supostamente infalível e a hibernação seja interrompida algumas décadas antes do desembarque, que a pessoa dificilmente viveria para ver. É isso que acontece com Jim Preston (Pratt) e, posteriormente, Aurora Lane (Lawrence). Acordados 90 anos antes da chegada prevista ao planeta Homested 2 e condenados uma vida de tédio e isolamento dentro de uma nave gigante adormecida, eles vivem uma trama de desespero, aventura e romance.
Com elementos já vistos anteriormente no cinema, como sobrevivência na solidão, viagens espaciais e migração interplanetária, Passageiros se oferece como uma ficção interessante estrelando dois dos nomes mais populares e bem remunerados de Hollywood da atualidade. No entanto, o resultado frustra o espectador em vários momentos com questões não respondidas, incoerências, ações previsíveis e um óbvio segredo entre os dois protagonistas.
Até mesmo o ponto inicial da trama, o despertar dos passageiros, colocado como algo irreversível, é contradito ao longo do filme. Os dois passam boa parte do longa buscando formas de voltar para o modo de hibernação, mas nada funciona, ainda que várias cenas mostrem a nave equipada com robôs, computadores e androides capazes de realizar as mais complexas tarefas, incluindo procedimentos cirúrgicos.
Mesmo que a contradição seja relevada, levando em conta a possibilidade de uma falha humana no planejamento da espaçonave, a boa história em volta de toda situação é mal explorada. Lacunas, como a origem dos personagens, que renunciaram a tudo e a todos ao seu redor na Terra para embarcar rumo a outra galáxia, contada de maneira extremamente rasa, decepcionam quem espera assistir a um grande filme.
Por tudo isso, a parceria entre o roteirista Jon Spaiths, que recentemente assinou o sucesso Doutor Estranho, e o diretor dinamarquês Morten Tyldum, do premiado Headhunters (2014), vem apresentando resultados bem negativos na crítica dos Estados Unidos, onde o longa estreou alguns dias antes do Natal. De acordo com o site Metacritc, que reúne estatísticas sobre as avaliações dos filmes, Passageiros foi classificado como médio ou ruim por 39 de 48 críticas da grande imprensa norte-americana.
Na página Rotten Tomatoes, que faz um serviço parecido, mas considerando também a opinião do público, o filme está com uma nota média de 6,9, segundo a audiência
Desde 21 de dezembro, Passageiros arrecadou US$ 66 milhões nos EUA, sendo US$ 15 milhões no fim de semana de estreia. Número bem mais baixo que o de outras produções estreladas por Pratt ou Lawrence, presentes em alguns dos filmes mais assistidos da história do cinema, como Jurassic world (2015) e a série Jogos vorazes.
A versão mais recente de Parque dos dinossauros estreou faturando US$ 208 milhões em seu primeiro fim de semana, US$ 50 milhões a mais que Jogos vorazes: Em chamas. A diferença de arrecadação não acompanha a proximidade dos orçamentos, já que Passageiros custou US$ 110 milhões, contra US$ 150 milhões de Jurassic world e US$ 130 milhões do segundo filme da série adaptada dos livros.
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