Moana: Um mar de aventuras, nova animação da Disney, é uma das mais singulares produções do estúdio. Embora tenha estrutura similar a tantos outros desenhos animados da grife, o filme se destaca por trazer uma protagonista de etnia polinésia e cenários exuberantes.
Como já é tradição em filmes da Pixar e da Disney, o longa é antecedido por um curta-metragem. A animação Trabalho interno, dirigida pelo brasileiro Leo Matsuda, é um divertido começo para a sessão, mostrando as reações do cérebro, estômago e outros órgãos internos de Paul, um funcionário de escritório que é frustrado por levar uma vida sem muitas emoções.
Ambientado em ilhas da Polinésia, Moana mostra belos cenários paradisíacos, que se tornam impressionantes pela qualidade da animação, bastante detalhista na representação das praias e, ao mesmo tempo, harmônica com as representações cartunescas dos humanos e animais.
A protagonista que dá nome ao filme é a filha de um líder tribal que, após ver os habitantes da ilha sofrerem com o desaparecimento de recursos naturais, vai em busca de uma saída no oceano além dos arrecifes. Na jornada, ela é acompanhada por Maui, um semideus que caiu em desgraça após retirar a pedra que servia de coração para Te Fiti, deusa que criou todas as ilhas e vida ao redor. Esse ocorrido é justamente a razão da crise que abate a aldeia de Moana. Carismáticos, os personagens centrais destoam de outras produções Disney e enriquecem o repertório do estúdio. Em tempo: os diretores e roteiristas do filme, John Musker e Ron Clements, estiveram à frente de A princesa e o sapo (2008), primeira animação do estúdio protagonizada por uma negra.
Se a animação é bastante convencional em termos de estrutura, ela se destaca pelo apuro técnico e caráter de diversidade trazido pelo roteiro, assinado pelos dois diretores, com a colaboração de Taika Waititi (da série de TV Flight of the conchords) e Jared Bush (Zootopia). A história corre sem pressa, deixando espaço para contemplação das cenas, sem que o filme torne-se, necessariamente, lento. É uma animação bem cadenciada, que concilia bem o andamento da trama com os trechos musicais habituais no gênero. A trilha sonora é também bastante competente e tem trechos cantados em polinésio e acompanhamento instrumental da banda Foa’i, Te Vaka, de música tradicional do país.
Cotação bom