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Sidney Magal inicia celebração de 50 anos de carreira com novo filme

Cantor e ator interpreta a si próprio em 'Magal e os formigas', comédia leve a partir da fábula de La Fontaine

Pedro Antunes/Estadão Conteúdo Ana Clara Brant
“Eu sou o sábado e o domingo do brasileiro.
E eu gosto de ser assim. Nunca quis fazer do meu trabalho uma coisa intelectualizada. Minha ideia sempre foi ser simples. É igual ao fim de semana: diversão, churrasco e cerveja.” O autor da frase é Sidney Magal, que completa meio século de carreira em 2017. Entre as celebrações da efeméride está o lançamento do filme Magal e os formigas, que chegou esta semana aos cinemas.

O cantor completa 50 anos de carreira em 2017 - Foto: Brunel Galhego/Divulgação
A produção – que marca a estreia do roteirista Newton Canitto na direção de um longa-metragem – faz uma releitura bem-humorada da fábula infantil A cigarra e a formiga, do francês La Fontaine. O conto fala do valor do esforço e do trabalho e narra a saga de uma cigarra que canta durante o verão, enquanto a formiga trabalha acumulando provisões em seu formigueiro.

 

“Essa fábula é muito louca e desvaloriza quem canta, como se fosse algo menor.

São outros tempos. Hoje, as pessoas têm a noção de que a cigarra trabalha, sim, e que cantar tem a sua importância. A nossa versão é leve e divertida”, destaca Canitto.

Por isso, nada mais adequado do que ter o intérprete de Sandra Rosa Madalena como a cigarra. Na história, João (Norival Rizzo) é um operário aposentado à beira da depressão que odeia o Sidney Magal, “aquele rebolador televisivo”. Até que um belo dia Magal aparece para ele como uma visão e começa a ensinar ao formiga João “o que é que a cigarra tem”. O protagonista, então, aprende a curtir a vida, reconquista sua mulher Mary (Imara Reis) e ajuda os filhos Sérgio (Nicolas Trevijano) e Sandra (Mel Lisboa).

Interpretar a si próprio não é novidade para Sidney Magal. Já foi protagonista no filme Amante latino (1970) e fez uma ponta em Jean Charles (2009). O cantor recorda que o diretor queria alguém para o filme com o temperamento e o jeito de ser bem alegre e alto-astral de Magal. “Como o longa tem essa coisa de passar uma mensagem positiva e otimista para as pessoas através do meu personagem, que é um cara que vai tentar dar uma guinada na vida do João, o Canitto achou que eu tinha tudo a ver. O Sidney Magal é desse jeito mesmo, esse cara performático, passional. Mas eu não sou assim na vida real. Ou você acha que eu chego na padaria com uma rosa vermelha na boca e faço uma pose toda sensual na hora de pedir um pão?” (risos), brinca.

Mesmo sendo um showman no palco, o cantor revela que não imaginava que sua veia de ator iria render tanto. O primeiro convite para a TV surgiu em 1991, quando Jayme Monjardim o chamou para participar da novela A história de Ana Raio e Zé Trovão, na extinta Rede Manchete.
“Eu nunca tinha feito nada nesse sentido. Nos filmes, eu fazia eu mesmo. Mas o Jayme disse que me queria pela minha personalidade e por eu ser divertido”, conta. Pouco tempo depois surgiu mais uma oportunidade. O ator Ewerton de Castro o convidou para o musical Charity, meu amor, com direção de Marília Pêra. “Fiquei morrendo de medo, mas lembro-me de que a Marília me tranquilizou e garantiu que eu ia fazer muito bem. E foi um sucesso realmente”, ressalta.
Magal em cena no filme 'Magal e os formigas' que está em cartaz no Belas artes - Foto: Globo Filmes/Divulgação
A partir dali, a carreira deslanchou. Trabalhou ao lado de Bibi Ferreira, Miguel Falabella, Bruno Barreto e chegou a receber elogio da exigente crítica teatral Bárbara Heliodora. “Aí comecei a ver que realmente era capaz de fazer muitas coisas. Trabalhei com diretores de primeira, fiz quatro novelas, mais musicais e, recentemente, me aventurei na dublagem, o que tem sido bem interessante também”, pontua.

CINEBIOGRAFIA Uma parte importante da vida do artista vai para o cinema no ano que vem, outro projeto para celebrar as cinco décadas de trajetória artística.
A história de amor de 37 anos com Magali, que lhe rendeu três filhos – Nathália, Rodrigo e Gabriella –, vai virar um filme de Paulo Machline (Uma história de futebol e Trinta). “Foi amor à primeira vista. Bati o olho nela num programa de TV, na Bahia, e disse que ela era a mulher da minha vida. Estamos juntos até hoje. O mais curioso é que, já mesmo antes de me conhecer, as amigas da Magali tinham a mania de chamá-la de Magal e eu era chamado de Magali, sobretudo pelos travecos. Olha que bacana”, comenta.

O longa está em fase de produção e o elenco ainda não foi escolhido. Mas o cantor tem o seu preferido para encarná-lo na telona: Mateus Solano. “Ele é camaleão, um cara supertalentoso e que tem o meu espírito.” Enquanto o filme não sai, o que não falta é trabalho. “Vamos ter muita coisa pra celebrar esses 50 anos. Show e DVD com músicas inéditas, livro com bastidores e histórias curiosas, e vamos continuar divulgando Magal e os formigas”, comemora.


Três perguntas para...

Newton Cannito, diretor e roteirista


Por que a escolha de Magal?
Ele tem uma energia, uma alegria tão grande que irradia. É uma festa constante. Quando comecei a fazer o filme, já pensava em ter algum cantor de música popular. A minha irmã lembrou o Magal, porque lá em casa a gente sempre gostou muito dele. E tudo deu certo porque, além de ser um ótimo músico, ele atua. Sem contar que como ele vem de uma família de militares, sempre foi considerado a “cigarra da família”. Tinha tudo a ver.

Você já fez roteiro para novelas, filmes e dirigiu alguns trabalhos. Mas como é estrear na direção de um longa-metragem?
Não é uma tarefa fácil. A gente tem que aceitar as restrições de orçamento e outras limitações. Então, o tempo todo tem que ter criatividade. Mas é muito gostoso. E quis imprimir a comédia não só na atuação dos atores, mas na direção, na decupagem. Tem alguns exercícios quando dirijo que dão um tom cômico às cenas.

O filme é inspirado na sua experiência de vida. Como foi levar isso para o cinema e compartilhar com várias pessoas?

O João é inspirado no meu pai. Aquele cara viciado em trabalho, que se aposenta e não sabe o que fazer da vida. Fica sem sentido e passa a jogar na loteria para ver se muda de vida. O que eu fiz foi pegar um carma familiar e transmutar em uma fábula engraçada, criando uma solução imaginária. E também foi uma maneira de melhorar minha relação com meu pai e aceitá-lo. Ele sempre foi um grande cara, mas, mesmo assim, eu queria transformar alguns aspectos dele que ainda tinham em mim. Te digo que foi até uma cura pra mim, ajudou a resolver a minha própria relação com ele, apesar de papai não estar mais vivo.

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