A Mostra de Animação (Mumia), que começa nesta quinta-feira, 01, e segue até o próximo dia 27 em Belo Horizonte, derruba – ou pelo menos coloca em xeque – clichês sobre o cinema de animação. O primeiro mito a desconstruir é o de que animação é desenho para criança. Embora também possam ser destinados à garotada, os filmes se equiparam a outros gêneros, como o documentário e a ficção, tanto em profundidade quanto na diversidade e sofisticação de técnicas fílmicas, o que, portanto, cativa pessoas de todas as idades.
Com direção de Sávio Leite e em sua 14ª edição, o evento recebe trabalhos de 35 países – inscritos tanto por artistas renomados como por iniciantes. Na abertura, hoje, será apresentado o espetáculo Margem, da Companhia Suspensa. ''O espetáculo dialoga muito com o cinema de animação. Os objetos se movem sozinhos'', diz Leite.
Ao contemplar diversas técnicas, processos e experimentações, o diretor do Mumia acredita que o formato permite a quem já é do universo da animação se aprofundar e a quem está chegando ter uma visão ampla do que é produzido em todo o mundo. ''Sou um anticurador'', brinca. A programação fica a cargo de Lourenço Veloso, que agrupa os filmes por temáticas, por cores e outros critérios.
Reconhecido no campo da pintura, o trabalho de Schwizgedel dialoga com o artista gráfico holandês Escher (1898-1972). ''A pintura dele representa um modo contínuo, perpétuo. É algo muito bonito.'' Famoso pela trilogia Intolerância, Phill é crítico da sociedade contemporânea. Já Konstantin foi indicado duas vezes ao Oscar (2015 e 2016). ''Fico feliz por eles terem enviado trabalhos. É um reconhecimento internacional da mostra independente e underground'', diz Leite.
CHINA
Do Brasil, ele destaca os filmes Até a China, concebido e produzido por Marão, que já recebeu mais de 40 prêmios. ''Ele fala de uma viagem que fez para a China para levar o filme dele. Carioca, aborda a diferença de costumes, comidas e hábitos com uma pegada de humor'', diz. Outro destaque é Ex-mágico, de Maurício Nunes e Olímpio Costa, que se baseia no conto Ex-mágico da Taberna Minhota, de Murilo Rubião, cujo centenário de nascimento foi comemorado em 1º de junho.
Os 200 filmes poderão ser vistos no Cine Humberto Mauro (no Palácio das Artes), Sesc Palladium, ambos no Centro, Espaço do Conhecimento da UFMG, na Praça da Liberdade.Também serão exibidos em dois cineclubes: o Cine Joaquim Bento e o cineclube da Imprensa Oficial. ''A exibição no cineclube do Centro será no horário de almoço, o que permite atingir um público maior'', diz.
Para diversificar o público alcançado, haverá sessões também na Biblioteca Pública Luiz de Bessa, na Praça da Liberdade, e no MIS Santa Tereza. Também haverá exibições para as crianças atendidas pelo Instituto Undió, no Centro, que se dedica às artes, e em dois ambulatórios – São Vicente de Paula e Oreste Diniz, ambos no Bairro Santa Efigênia, que atendem crianças com doenças infecciosas.
A indicação de O menino e o mundo, de Alê Abreu, para o Oscar 2016 jogou luz sobre a animação produzida no Brasil, na avaliação de Leite. ''Um filme totalmente independente, que coloca a animação em outro patamar, atraindo público novo.''
Mostra de Animação MUMIA
Exibição de 200 filmes de 35 países, de hoje ao dia 27, em nove espaços da cidade. Entrada franca.
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