Mistério, muita ação, tiros, explosões e pancadaria. Com a fórmula já conhecida do primeiro filme, Tom Cruise está de volta no papel do ex-militar Jack Reacher, que tenta levar para os cinemas o sucesso da série escrita por Lee Child. A adaptação da vez é do livro Sem retorno, publicado em 2013. O longa estreia no Brasil nesta quinta, um mês depois de entrar em cartaz nos EUA.
Para quem ainda não conhece, Reacher é um ex-major da polícia do Exército dos Estados Unidos. Afastado há anos da corporação, o sujeito forte e introspectivo vaga como um andarilho, sem documentos, residência fixa ou qualquer ligação afetiva. Quase uma releitura de alguns heróis do faroeste.
Mesmo assim, ainda carrega a bravura e as habilidades dos tempos de combate, que lhe permitem espancar três ou quatro brutamontes armados de uma só vez. Por isso – e pelo seu passado como militar – ele acaba metido em perigosas investigações e missões que são a alma dos thrillers escritos por Child.
''O que amo sobre Reacher é que ele realmente tem um senso de responsabilidade, cuidando de pessoas que não podem cuidar de si, ele é atraído para essas histórias, embora queira viver sem ser incomodado'', disse Tom Cruise sobre seu próprio personagem, em um vídeo divulgado pela Paramount.
Com 21 livros publicados, oito deles traduzidos e lançados no Brasil e cada um com uma trama diferente, a franquia já bateu a marca de 100 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo. A primeira adaptação cinematográfica foi Jack Reacher: o último tiro, de 2012, que já tinha Cruise no posto de protagonista.
Em Sem retorno o astro ganha a companhia de Cobie Smulders, conhecida por suas participações como agente da S.H.I.E.L.D na franquia Os vingadores, da Marvel.
A trama se arquiteta em torno da mal explicada prisão de Turner, que havia ligado para Reacher alguns dias antes pedindo ajuda e marcando um encontro para falar sobre a morte suspeita de dois oficiais no Afeganistão. Quando chega à sua antiga base, o herói descobre não só que Susan estava atrás das grades, mas que ele também era acusado da paternidade não assumida de uma garota de 15 anos e, posteriormente, de um homicídio.
PERSEGUIÇÃO E FUGA
Para se salvarem e comprovar a própria inocência, Reacher, Turner e a suposta filha do valentão, que acaba envolvida na trama, entram em um jogo de fuga e perseguição onde se revela um enorme esquema de corrupção envolvendo as Forças Armadas e uma de suas empresas prestadoras de serviços no Oriente Médio.
Tom Cruise é habituado a grandes papéis em filmes de ação, como foi em Missão impossível, Top gun e Questão de honra. Na pele de Reacher, ele está mais para Chuck Norris: fala pouco e bate muito. Cabe ao espectador se convencer da pretensa valentia do personagem diante do rostinho de galã.
Sob direção de Edward Zick, que trabalhou com Tom Cruise em O último samurai (2004), Jack Reacher: sem retorno cumpre as expectativas de quem é fã dos filmes da faixa Domingo Maior, da TV Globo, e do canal pago Space: não faltam cenas de tiro, porrada e bomba. A ação e a violência são complementadas por uma boa trama, com reviravoltas, suspense e mistérios em torno de um tema sempre relevante que é a indústria bélica dos EUA e suas contradições.
O desafio dos realizadores agora é fazer a versão cinematográfica ter o sucesso dos livros. Para isso, vai ser necessário o público mais avesso aos socos e explosões se interessar pelos mistérios que o thriller apresenta e Tom Cruise conquistar mais no papel de Reacher. A adaptação anterior, O último tiro (2012), ficou bem abaixo dos principais longas estrelados por Tom Cruise em termos de arrecadação, rendendo US$ 218 milhões em todo o mundo – apenas um terço do que Missão impossível: nação secreta, o quinto da série, conseguiu no ano passado.
Em cartaz nos Estados Unidos e em outros países desde 21 de outubro, Jack Reacher: sem retorno já arrecadou mais de US$ 16 milhões e, provavelmente, vai superar seu antecessor.