Philip Roth é o maior escritor americano vivo, com prolífica produção de mais de 30 livros. Só que, até o ano passado, apenas cinco deles haviam sido levados para o cinema. Produtor e roteirista renomado, o cineasta James Schamus resolveu arriscar. Já de posse dos direitos do romance Indignação – lançado no Brasil pela Companhia das Letras –, escreveu um roteiro e, antes de começar a filmar, cometeu o que chama de “um ato de idiotice”. Enviou o texto para Roth, atrás de consentimento.
Roth, porém, recusou-se a ler. Para ele, o filme pertencia a Schamus. “Sou um grande fã dos livros do Roth. Então mandei o roteiro porque não ficaria bem com minha consciência se fizesse um filme que ele odiaria. Mas ele fez o incrível favor de me dar liberdade”, diz o diretor.
Sexta adaptação da obra de Roth, Indignação estreia nesta quinta no Brasil. Seus temas são bem típicos do autor: o protagonista judeu, o preconceito, as amarras da tradição, a formação da identidade americana e uma sociedade com a sombra da guerra. As mesmas questões também estarão representadas em Pastoral americana, de Ewan McGregor, que chega ao Brasil em 15 de dezembro.
“O que faz os romances do Roth incríveis é sua voz, a qualidade, a honestidade brutal, que vem da manipulação da forma literária no nível mais alto”, explica Schamus. “A dificuldade em adaptar sua obra está exatamente nessa voz. O cinema é basicamente representação, não tem voz. Você pode ter algum estilo, há cineastas que conseguem fazer do estilo uma espécie de voz literária, mas eles são muito raros e não necessariamente são contadores de história. Para fazer Indignação, cometi a violência terrível de tirar a voz do Roth e deixar apenas os diálogos e as ações dos personagens. Basicamente joguei fora as melhores partes do livro e captei o que havia de cinema ali”, revela.
Schamus é um dos mais respeitados produtores e roteiristas dos EUA. Por suas parcerias com Ang Lee ganhou o prêmio de melhor roteiro em Cannes com Tempestade de gelo (1997) e foi indicado ao Oscar de melhor filme com O segredo de Brokeback Mountain (2005) e de canção original e roteiro adaptado por O tigre o dragão (2000).
UNIVERSIDADE Indignação é seu primeiro longa-metragem como diretor. O filme se passa na década de 1950, nos anos da guerra da Coreia. Logan Lerman faz o papel de um jovem universitário judeu, filho de um açougueiro, que entra em conflito com a repressão sexual e o atraso social da instituição de ensino. O longa-metragem teve sua primeira exibição no Festival de Sundance, em janeiro, e foi muito bem recebido pela crítica americana.
“A história é bastante atual. Roth mostra que é mais fácil olhar para os dias de hoje através de um espelho distorcido do passado. Temos hoje a mesma homofobia, o mesmo machismo, o mesmo racismo e a mesma militarização daquela época”, afirma Schamus.
ROTH NO CINEMA
» Paixão de primavera (1969), de Larry Peerce
. Baseado em Adeus, Columbus
» O complexo de Portnoy (1972), de Ernest Lehman
. Baseado no livro homônimo
» Revelações (2003), de Robert Benton
. Baseado em A marca humana
» Fatal (2008), de Isabel Coixet
. Baseado em O animal agonizante
» O último ato (2014), de Barry Levinson
. Baseado em A humilhação
» Indignação (2016), de James Schamus
. Baseado no livro homônimo
» Pastoral americana (2016), de Ewan McGregor
. Baseado no livro homônimo
Roth, porém, recusou-se a ler. Para ele, o filme pertencia a Schamus. “Sou um grande fã dos livros do Roth. Então mandei o roteiro porque não ficaria bem com minha consciência se fizesse um filme que ele odiaria. Mas ele fez o incrível favor de me dar liberdade”, diz o diretor.
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“O que faz os romances do Roth incríveis é sua voz, a qualidade, a honestidade brutal, que vem da manipulação da forma literária no nível mais alto”, explica Schamus. “A dificuldade em adaptar sua obra está exatamente nessa voz. O cinema é basicamente representação, não tem voz. Você pode ter algum estilo, há cineastas que conseguem fazer do estilo uma espécie de voz literária, mas eles são muito raros e não necessariamente são contadores de história. Para fazer Indignação, cometi a violência terrível de tirar a voz do Roth e deixar apenas os diálogos e as ações dos personagens. Basicamente joguei fora as melhores partes do livro e captei o que havia de cinema ali”, revela.
Schamus é um dos mais respeitados produtores e roteiristas dos EUA. Por suas parcerias com Ang Lee ganhou o prêmio de melhor roteiro em Cannes com Tempestade de gelo (1997) e foi indicado ao Oscar de melhor filme com O segredo de Brokeback Mountain (2005) e de canção original e roteiro adaptado por O tigre o dragão (2000).
UNIVERSIDADE Indignação é seu primeiro longa-metragem como diretor. O filme se passa na década de 1950, nos anos da guerra da Coreia. Logan Lerman faz o papel de um jovem universitário judeu, filho de um açougueiro, que entra em conflito com a repressão sexual e o atraso social da instituição de ensino. O longa-metragem teve sua primeira exibição no Festival de Sundance, em janeiro, e foi muito bem recebido pela crítica americana.
“A história é bastante atual. Roth mostra que é mais fácil olhar para os dias de hoje através de um espelho distorcido do passado. Temos hoje a mesma homofobia, o mesmo machismo, o mesmo racismo e a mesma militarização daquela época”, afirma Schamus.
ROTH NO CINEMA
» Paixão de primavera (1969), de Larry Peerce
. Baseado em Adeus, Columbus
» O complexo de Portnoy (1972), de Ernest Lehman
. Baseado no livro homônimo
» Revelações (2003), de Robert Benton
. Baseado em A marca humana
» Fatal (2008), de Isabel Coixet
. Baseado em O animal agonizante
» O último ato (2014), de Barry Levinson
. Baseado em A humilhação
» Indignação (2016), de James Schamus
. Baseado no livro homônimo
» Pastoral americana (2016), de Ewan McGregor
. Baseado no livro homônimo