São Paulo – Nas mãos do diretor Halder Gomes tudo se repete – e isso nada tem de pejorativo. Seu terceiro longa, Shaolim do sertão, já chega às salas do país, nesta quinta, 20, com o respaldo da plateia cearense, que lotou os cinemas para se divertir com a história de Aluísio Li, padeiro que acredita ser mestre de arte marcial chinesa. Foi desse jeito, estimulado pela boa repercussão no Ceará, que Halder conquistou o país, em 2013, com a comédia Cine Holliúdy.
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Halder diz que é cedo para festejar um novo sucesso como Cine Holliúdi, mas não esconde a satisfação com o resultado final. “Cheguei perto daquilo que queria. Porém, ficaria mais realizado se tivesse uma semana a mais para filmar algumas sequências. Queria ter equipamentos para fazer movimentos mais invocados. Levá-los de São Paulo ao Ceará demandaria tempo e recursos, encarecendo o orçamento”, explica.
Apesar dos desafios geográficos, Halder garante: valeu a pena o esforço para manter o Ceará como cenário de suas aventuras. “Tenho várias boas histórias para contar nesse estilo, que virou minha assinatura. A diversidade de locações e as possibilidades artísticas são tantas no Ceará que pude montar a minha Hollywood lá mesmo”, compara. “A única coisa que não faço no Ceará é a correção de cor, realizada no Rio de Janeiro. O resto é tudo lá.”
SUICÍDIO
Filmar no Nordeste foi uma opção. “Aprendi tudo que pude em Los Angeles com a intenção de voltar para o Ceará. Do ponto de vista profissional, seria um suicídio, mas criei o meu mundo lá, invertendo a lógica. Fiz ali a base para buscar recursos e contar histórias. Fomentar a indústria cultural cearense é também a minha missão”, diz Halder.
Shaolim do sertão era um sonho antigo do diretor, que recusou convites para projetos maiores no cinema e na TV. “Eles poderiam me tirar as energias necessárias para colocar Li na telona”, explica. O cearense topou dirigir duas peças – Made in Ceará e Notas –, ambas com Edmilson Filho, astro de seus filmes. O cineasta lançou também As mães de Chico Xavier (2011) e vários curtas.
“Sabia que Shaolim... era mais complexo do que Cine Holliúdy, tecnicamente mais intrincado. Era também um filme um tanto esquisito para conquistar investidores”, reconhece. “Por outro lado, seria muito grande para o orçamento dos editais. Deixei o projeto na gaveta e puxei o Cine Holliúdy, pois acreditava que falar com metalinguagem do cinema facilitaria tanto a assimilação por parte das curadorias quanto premiações. E foi o que aconteceu”, comemora. Em janeiro, ele volta aos sets para rodar a continuação de Holliúdy....
CRISE
Se tudo correr bem, Aluísio Li vai ganhar outras aventuras. “Como é um personagem aberto, tenho argumento pronto. Se fizer sucesso, estará na mesa”, diverte-se o diretor. No entanto, Halder reconhece: a crise e o ano complicado dificultam qualquer projeção, apesar de resultados expressivos. Na semana passada, Shaolim... vendeu 45 mil ingressos, contra 22 mil de Cine Holliúdy em seu início de carreira.
“É um número um tanto quanto distorcido o do mercado atual. Mas com a projeção só no Ceará poderemos atingir 200 mil pessoas. Shaolim vem quente para todo o Brasil”, conclui.
Confira aqui os locais e horários de exibição de 'Shaolim do sertão'
Três perguntas para Edmilson Filho
O que você fez no período entre Shaolim do sertão, que estreia hoje, e Cine Holliúdy, sucesso estrondoso de 2012?
Muito antes desses filmes, mudei-me para os Estados Unidos por causa das artes marciais. Sou atleta, três vezes campeão nacional de tae kwon do, conquistei vários títulos no Ceará e participei de torneios nos Estados Unidos, Inglaterra e outros países. Moro nos Estados Unidos há 16 anos. Sou casado com uma americana, Melissa, e temos duas filhas: Cloé, de 10 anos, e Madeleine, de 7. Abri duas academias em Nevada e no Arizona.
Cine Holliúdy mudou sua vida?
Depois dele, minha agenda ficou uma loucura, com vários projetos na televisão e no teatro. Acabei fechando as academias nos Estados Unidos para me dedicar aos compromissos no Brasil. Fico na ponte áerea Los Angeles/Fortaleza/São Paulo. Trabalho com Halder (Gomes) desde os tempos em que lutava no Ceará. Tenho com ele uma relação de mestre, e essa afinidade se reflete nas telas. Além do curta Cine Holliúdy – O astista contra o cabra do mal, que deu origem ao longa, fiz uma participação em As mães de Chico Xavier, também dirigido por Halder. Atuei em Loucas para casar, do Roberto Santucci. Fiz Aí eu vi vantagem, no Multishow, e uma participação em Os experientes.
O país vive um momento econômico bem diferente da época do lançamento de Cine Holliúdy. A crise pode afetar a bilheteria de Shaolim do sertão?
Apesar de Cine Holliúdy ter sido lançado sem a expectativa de se tornar fenômeno, sempre acreditei que seria sucesso. O filme tinha alguma coisa diferente. No Ceará, foi lançado em 10 salas para atingir 50 mil pessoas, mas atingiu mais de 300 mil. Só lá. Com Shaolim, minha expectativa é maior. O filme tem um humor leve, que não vemos no cinema nacional. A janela é diferente – nem Copacabana nem Leblon. Claro que os pais não vão deixar de pagar a escola do filho ou o supermercado para ir ao cinema. Isso, nunca. Mas no fim da semana passada, no Ceará, ele não era apenas um filme, mas um evento. Shaolim vem para fazer história.
O repórter viajou a convite da distribuidora Downtown