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Bárbara Colen volta à cidade da infância em 'Aquarius'


Foi em um dos seus locais preferidos em Belo Horizonte, o Centro Cultural Banco do Brasil, na Praça da Liberdade, que a atriz mineira Bárbara Colen marcou sua conversa com o Estado de Minas. De um ano para cá, a vida da artista de 30 anos deu uma guinada. Formada em direito, ela deixou o emprego de concursada do Ministério Público, casou-se com o diretor e ator catalão Ferran Utzet, de 39, e ganhou o papel de Clara, a protagonista do longa Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, papel dividido com Sonia Braga, conforme a narrativa dá um salto temporal.


Filmar Aquarius no Recife deu à atriz a oportunidade de reatar laços com a cidade que marcou a sua infância e o despertar de sua vontade de ser artista. “Desde criança sonho em ser atriz, mesmo não tendo ninguém na minha família que seja dessa área. Meu primeiro contato com a arte foi através do balé, aos 7 anos”, lembra. Nessa idade, Bárbara morava no Recife. Ela tinha 6 anos quando seu pai foi transferido para a capital pernambucana, onde morou até os 13.

“Tenho uma ligação muito forte com Recife. Esse reencontro com a cidade durante as filmagens de Aquarius foi bem intenso, ainda mais que o filme foca em toda essa questão da memória, da história.

Revi os lugares onde morei, a escola de balé onde estudei. Foi bem interessante. BH e Recife estão na minha formação do mesmo jeito. Acho o mineiro e o pernambucano complementares”, afirma.

Embora com formação em direito, Bárbara Colen acabou fazendo vários cursos de teatro, inclusive o da Fundação Clóvis Salgado. Seu primeiro trabalho de interpretação foi num curta em 2010 com os então iniciantes cineastas da Filme de Plástico, produtora audiovisual de Contagem. Ela volta a trabalhar com eles agora no longa No coração do mundo, em que retomará a personagem do curta.

Hoje morando em Barcelona, Bárbara procura manter sua ligação com Belo Horizonte, encadeando trabalhos por aqui. A atriz já rodou também Baixo Centro, de Ewerton Belico e Samuel Marotta, e ensaia para o curta Aldebarã, de Juliana Antunes.
Na agenda, ainda há Desterro, filme de Maria Clara Escobar, que deve ser rodado em maio de 2017, e uma peça de teatro ao lado do marido sobre Antón Tchekhov.

REAÇÃO Sobre o sucesso do filme de Kleber Mendonça Filho, que competiu pela Palma de Ouro em Cannes, ela diz: “A coisa que mais me emocionou e me pegou de surpresa foi o encontro que Aquarius teve com as pessoas aqui do Brasil. Para mim, teve realmente uma coisa de entrega do público; rolou uma simbiose muito forte. As pessoas saem impactadas e transformadas da sala de cinema”.

Bárbara não nega frustração por parte da equipe pelo fato de Aquarius não ter sido o escolhido pelo Brasil para representar o país no Oscar. O escolhido foi Pequeno segredo, de David Schurmann. A decisão foi envolta na polêmica de uma suposta atuação do Ministério da Cultura para prejudicar o longa pernambucano como retaliação ao protesto conduzido pela equipe em Cannes contra o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

“Não foi algo que nos pegou de surpresa, por conta de toda a polêmica. Mas, eu, particularmente, duvidada de que seriam capazes de fazer isso tão descaradamente”, declara. Para ela, o longa teria condições objetivas de ser um bom concorrente na disputa da Academia de Hollywood, pelo fato de ter distribuição em mais de 60 países, inclusive nos Estados Unidos, e uma protagonista (Sonia Braga) que é um nome forte no mercado internacional. “Espero que Aquarius seja indicado em outras categorias, inclusive na de melhor atriz, porque é um filme feito com muito carinho e cuidado.
É muito bonito e profundo”, diz.

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