Um homem numa cadeira de rodas que está passando pela vida sem qualquer vontade de continuar. Uma dançarina de striptease tem uma filha que não fala e leva a vida até as últimas consequências.
No fim do túnel, produção argentino-espanhola de Rodrigo Grande tem início quase como um drama pessoal. Mas não se engane. É um thriller de primeira.
Leonardo Sbaraglia, hoje o ator argentino que só perde em popularidade no Brasil para Ricardo Darín (está em cartaz também em O silêncio do céu, de Marco Dutra) é o protagonista.
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Trabalhando no sótão consertando computadores, Joaquín descobre que do outro lado da parede está um bando de ladrões. O líder é Galereto (Pablo Echarri, outro ator de peso na produção argentina contemporânea), que comanda a construção de um túnel para roubar um banco próximo. Joaquín passa então a vigiar o grupo, tentando antecipar cada movimento dos ladrões.
No fim do túnel é o primeiro filme de Grande a chegar ao mercado brasileiro. Com uma narrativa cheia de reviravoltas (algumas um tanto inverossímeis, mas vá lá) o filme tem como maior mérito um clima opressivo, claustrofóbico, que segura o espectador até o desfecho.
“Apresentei para os diretores de fotografia e de arte uma síntese do que queria. O clima do David Fincher em Seven – Os sete pecados capitais (1995), o humor de Orson Welles e alguns trabalhos de quadrinistas argentinos que sempre utilizaram o claro e o escuro, sobretudo Alberto Breccia”, afirma o diretor, que veio ao Brasil para divulgar o longa.
Narrativa quase toda centrada em ambientes fechados, o thriller ainda tem uma trilha sonora que orquestra cada nova passagem. A história, que enfoca questões éticas – afinal, existe o certo e o errado entre ladrões? –, ainda coloca dois opositores de peso.
O Joaquín de Sbaraglia é um homem traumatizado, mas de boa índole, enquanto o Galetero de Echarri (que estreia no longa como coprodutor) é o mal encarnado. O embate entre a dupla só se dá no final, com um banho de sangue obrigatório para este tipo de (bom) cinema.
Cotação: bom