Foi uma carona despretensiosa que levou um dos maiores fenômenos da internet para a telona.
Por acaso, ela acabou conhecendo a diretora Cris D’Amato (Tainá, uma aventura na Amazônia, Confissões de adolescente, Linda de morrer) que estava lançando S.O.S mulheres ao mar, estrelado justamente pela atriz global.
Na ocasião, a cineasta acabou oferecendo para Kéfera uma carona, que se transformou em um convite profissional. “A gente ficou umas quatro horas presas no engarrafamento. E conversamos tanto, contei minha história para a Cris, que acabou me chamando para participar do S.O.S mulheres ao mar 2. Por conta do visto, já que o filme foi gravado nos Estados Unidos, acabei não participando, mas aí surgiu outra oportunidade. Foi o melhor trânsito da minha vida”, recorda Kéfera, nome egípcio que quer dizer “o primeiro raio de sol da manhã”.
A tal chance de ouro era para estrelar o longa É fada, baseado no livro Uma fada veio me visitar, de Thalita Rebouças. O filme que estreia hoje é dirigido por Cris D’Amato e tem produção e argumento de Daniel Filho.
“Foi uma honra fazer a minha primeira protagonista no cinema já de cara com a Cris D’Amato e o Daniel Filho. Sou atriz desde os 15 anos, fiz teatro, e já tinha esse sonho de trabalhar com os dois algum dia. Achei que ia demorar, mas fiquei supercontente de já ter essa oportunidade agora e ainda nem precisei de fazer teste”, revela a vlogueira.
Na história, Geraldine, papel de Kéfera Buchmann, é uma fada que perdeu suas asas por utilizar métodos pouco convencionais em suas missões. Sua última chance para recuperá-las será ajudar Julia (Klara Castanho).
A garota foi criada somente pelo pai, com muito amor e poucos recursos. Depois de anos, a mãe retorna e passa a questionar a educação de Julia. Eis que surge Geraldine para ajudá-la a vencer os preconceitos e estabelecer novas amizades. Mas Geraldine continua atrapalhada e Julia logo descobrirá que nem todas as fadas são iguais.
Kéfera diz que, desde que começou a atuar ainda adolescente, fazer cinema sempre foi um grande desejo e que mesmo com todas as diferenças entre estar no palco e no set, ela adorou a experiência.
“No cinema a gente tem a coisa da marcação de cena, as gravações não seguem uma ordem cronológica, enfim, é bem mais trabalhoso do que estar no tablado. Mas eu amei e me diverti bastante. Em novembro, vou rodar um longa-metragem também como protagonista e ao lado de uma pessoa que admiro demais. Estou doida para gritar para o mundo sobre como é o projeto, mas ainda não posso adiantar muita coisa”, declara.
IDENTIFICAÇÃO
A youtuber, que também é escritora – o livro Muito mais que 5inco minutos foi o mais vendido da Bienal do Livro do Rio de Janeiro de 2015 e ela acaba de lançar Tá gravando.
Entretanto, se reconheceu mesmo foi em Julia, papel de Klara Castanho. “Na adolescência, passei pelas mesmas questões dela, de sofrer bullying pelo meu cabelo, pelo meu corpo e pelas roupas que eu usava e queria ser aceita pelos amigos da minha escola. Foi uma fase muito difícil”, lamenta.
Soltar o verbo diante da câmera em seu canal no YouTube, criado em 2010, foi uma maneira de libertação, segundo ela. Kéfera acredita que, quando era criança e adolescente e sofria discriminação, ela sempre tentava agradar aos outros. A decisão de fazer o 5minutos foi a maneira de mostrar realmente quem era.
“Na web, sempre fui espontânea, sincera e acho que, com esse meu jeito, conquistei muita gente. Acho que as pessoas sentem falta de gente assim, mais autêntica. Acabei agradando muito mais do que imaginava”, destaca.
De fato, ela se transformou em um fenômeno. Coleciona 30 milhões de seguidores virtuais – só no YouTube, são mais de 9 milhões de pessoas inscritas no 5incominutos. Foi eleita pela revista norte-americana Forbes como uma das jovens mais promissoras do Brasil em 2016.
Agora, Kéfera almeja levar essa legião de fãs para os cinemas, tornando o É fada sucesso de bilhetaria. “Apesar de ser uma história de uma adolescente, acredito que toda a família vá se identificar. Claro que o meu público deve ir em peso, mas acho que o É fada deve agregar pessoas de todas as idades”, opina.
Questionada sobre a histeria que provoca, Kéfera – que chegou a ser convidada para apresentar o Vídeo Show e a participar de algumas novelas – defende que as pessoas estão percebendo que a internet é o futuro e, por isso, tem surgido tantos ídolos vindos desse universo, sobretudo entre os jovens.
“No meu segundo livro foco muito nessa questão. Conto o segredo de como bombar na internet, dou dicas de como melhorar a criatividade, cito depoimentos de fãs que foram influenciados pelo meu trabalho. A internet é realmente impressionante”, resume.
“Na adolescência, passei pelas mesmas questões dela, de sofrer bullying pelo meu cabelo, pelo meu corpo e pelas roupas que eu usava e queria ser aceita pelos amigos da minha escola. Foi uma fase muito difícil”
Kéfera Buchmann, atriz