No entanto, pouco se sabe sobre como isso dará. A começar pelo aparelho que permite a inclusão de portadores de deficiência. “Há tecnologias em teste, mas ainda não é possível dizer se podem ser adotadas. Disponibilizaríamos um smartphone, tablet ou um óculos daqueles em que se encaixa o celular? Haverá um sinal fechado de wi-fi e forneceremos a senha para o usuário?”, questiona Caio Silva, diretor-executivo da Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex (Abraplex).
Seja lá como opere, o aparelho não pode atrapalhar os demais espectadores da sala de cinema, afirma Caio Silva. “Ninguém sabe como será. Trata-se de um ambiente fechado. Ou será um óculos para usar com o telefone celular ou um outro artifício cuja luminosidade não atrapalhe os demais.
No momento, câmara técnica formada pela Ancine discute a implementação dos recursos de acessibilidade para aprovar as tecnologias a serem adotadas. Ela é composta por exibidores, distribuidores e representantes da agência, que têm prazo de seis meses para concluir os trabalhos. Empresas que comercializam sistemas de acessibilidade serão convidadas a participar das rodadas de conversa.
Por enquanto, o diretor-executivo da Abraplex tem apenas uma certeza: o preço do ingresso vai aumentar. “Isso interfere na atividade do exibidor. Encarece produção e exibição, implica investimento. Não temos nenhuma ideia de valor, mas sabemos que terá impacto importante. Com certeza, haverá aumento no valor da entrada. Se há investimento, é preciso recuperá-lo e isso afeta mais as menores redes. Inclusive, porque o governo não prevê qualquer incentivo fiscal ou financiamento para isso no momento”, diz ele.
IMPLANTAÇÃO A quantidade mínima de equipamentos e suportes individuais voltados à promoção da acessibilidade visual e auditiva varia em função do tamanho do complexo exibidor. Ao distribuidor caberá disponibilizar cópia com os recursos de acessibilidade em todas as obras audiovisuais por ele distribuídas. O prazo para a adaptação dos distribuidores vai de até seis meses (para legendagem descritiva) a 12 meses (para Libras).
Já os prazos de adequação à nova regra são gradativos e também variam de acordo com o número de salas de cada grupo exibidor. Segundo comunicado da Ancine, em 14 meses, cerca de 50% do parque exibidor brasileiro terá de contar com os recursos implantados de legendagem descritiva, audiodescrição e Libras.
Apesar da completa indefinição sobre o tema e a respeito de investimentos que obrigatoriamente terão de ser feitos para essa adequação, Caio Silva é otimista em relação às mudanças.
Ademar Oliveira, diretor de programação do Cine Belas Artes, em Belo Horizonte, afirma que as mudanças poderão resultar em aumento de público nas salas. Sua preocupação é não criar novo problema ao resolver o já existente. “Somos favoráveis a tudo isso, mas não pode dar dor de cabeça a ninguém. Todo mundo estará na mesma sala e sem isolamento. Resolver como será isso é a tarefa da câmara técnica. Temos de atender todas as pessoas”, afirma.
Oliveira, que tem pesquisado soluções adotadas na Espanha e nos Estados Unidos, acredita que a solução virá por meio do smartphone. “Que será por aplicativo de telefone celular, a gente já sabe. Se a pessoa com deficiência não tiver um, o cinema deverá emprestar para ela durante a sessão.