A partir de um ambiente convencional – grupo de adolescentes que vive nos confins da Barra da Tijuca –, o filme busca ampliar seu leque, mas sem nunca dizer exatamente a que veio.
Não se encaixa em nenhum gênero. No início – e reforçado pelo título – Mate-me por favor anuncia-se como um thriller. Na primeira cena, uma longa tomada num terreno baldio, vemos uma jovem pronta para a balada sendo perseguida. Acompanhando o seu perseguidor, nunca vemos quem a atingiu.
No dia seguinte, a notícia do estupro e morte da tal jovem impacta sobremaneira a vida de quatro amigas da Barra. No grupo, o destaque é para Bia (Valentina Herszage, eleita melhor atriz no Festival do Rio), que se parece bastante com a jovem assassinada.
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Há a explosão sexual de Bia, que transa com o namorado católico mesmo que ele acredite não estar fazendo o certo.
Há a fascinação pela morte, com as amigas estudando os detalhes de cada um dos assassinatos. E as máscaras são colocadas abaixo, com cada uma das quatro revelando o seu pior.
A forma como a narrativa vai sendo apresentada é bastante estilizada, fugindo do naturalismo de produções com adolescentes. Com o funk melody como trilha sonora, os jovens vivem num ambiente sem adultos (não há qualquer um deles no filme).
A religião é também um ponto de destaque. Um tanto estranha é a inclusão de uma “bispa” adolescente, que prega num cenário roxo e pink.
Neste universo quase distópico, as situações vão se sucedendo. Com o embate entre os adolescentes, saber quem é o criminoso (ou se é mais de um) deixa de importar. Cabe ao próprio espectador fazer sua própria leitura da narrativa.
Trabalhando com um elenco jovem, sem experiência, a diretora não consegue um resultado dramático esperado. À exceção de Valentina Herszage, as outras atrizes (Dora Freind, Mariana Oliveira e Júlia Roliz) não fazem muito além de caras e bocas. Os diálogos, fracos, tampouco ajudam.
O estranhamento de Mate-me por favor é seu ponto forte. Mas sua narrativa, cheia de pontas soltas, faz com que o filme seja melhor na ideia do que na própria realização.