Festival de Veneza vira maior vitrine internacional do Oscar

Com seis filmes americanos em competição, mostra italiana, que termina sábado, dia 10, também enfatiza produção latino-americana

por AFP - Agence France-Presse 06/09/2016 14:49

Tiziana Fabi
O cineasta Sam Mendes e o diretor Alberto Barbera no Lido (foto: Tiziana Fabi)
O Festival de Veneza, que neste ano selecionou seis filmes americanos para a competição, cumpriu seu objetivo de se transformar na melhor vitrine internacional visando ao Oscar, assegura em uma entrevista à AFP o diretor do evento, Alberto Barbera.

"Era o objetivo que nos propusemos há cinco anos, no início de meu mandato: tentar restituir Veneza à posição que sempre teve no nível internacional, como evento imperdível", explicou Barbera.

A atual edição, que terminará no sábado após dez dias marcados por filmes bem diferentes e uma forte presença também de cinema da América Latina, foi inaugurada com o último e esperadíssimo filme do jovem americano Damien Chazelle, La La Land, que promete ser um dos diretores mais interessantes dos próximos anos.

O musical, protagonizado por Emma Stone e Ryan Gosling, encantou a crítica e é uma das grandes favoritas deste ano.

"Para os americanos, Veneza se transformou no início da corrida ao Oscar", admite satisfeito Barbera, crítico de cinema.

"Conseguimos isso com anos de investimento, trabalho e um pouco de sorte", disse o diretor artístico, que neste ano convidou como jurado o cineasta britânico Sam Mendes, Oscar de melhor direção por Beleza americana (1999).

"Que nos últimos três anos três filmes estreados em Veneza tenham ganhado o Oscar nos ajudou muito, naturalmente", admite.

Hollywood também compete com Nocturn animals, a segunda obra do texano Tom Ford, e com a história de amor em um deserto cheio de canibais, The Bad Batch, de Ana Lily Amirpour, apresentada nesta terça-feira.

Também compete Terrence Malick com um documentário sobre a origem do mundo; o filme sobre os guardiães que criam uma criança náufraga, The light between oceans de Derek Cianfrance; e A chegada, uma ficção científica do canadense Denis Villeneuve, com a atriz Amy Adams.

Na quarta-feira será o dia de Jackie, filme do chileno Pablo Larraín que retrata Jackie Kennedy e que também deve entrar na disputa do Oscar por ser uma coprodução com os Estados Unidos. A película é rodada em inglês e protagonizada por Natalie Portman.

Filippo Monteforte
Atriz Emma Stone, estrela de 'La La Land' (foto: Filippo Monteforte)
Não faltaram estrelas desfilando pelo Lido veneziano: desde o casal Michael Fassbender e Alicia Vikander, que apareceram juntos em público pela primera vez, passando por Mel Gibson, Jude Law, James Franco, Robert Duvall, Sam Shepard, Selena Gomez e Jake Gyllenhall, entre outros.

América Latina


Se no ano passado a presença dos dois filmes da América Latina na competição oficial após anos de ausência confirmava o bom estado de saúde do cinema dessa região, a presença de quatro filmes dirigidos por latino-americanos na competição oficial representa uma vitória.

"Está acontecendo o que havíamos previsto. Em toda a região se inova, há dinamismo. De investir em quantidade se passou a investir em qualidade", comentou.

"Não só ocorre em países com grande tradição como Argentina e Brasil, mas também em outros sem uma história cinematográfica, onde há diretores de grande talento", explicou.

Entre os convidados a competir na sessão oficial está o debutante chileno Christopher Murray com o filme El Cristo ciego.

Perguntado sobre os muitos filmes apresentados neste ano sobre ritos e crenças, com temas mais intimistas, o diretor da Mostra considera que é parte da naturaleza do artista.

"Enquanto nos anos anteriores a tendência dos diretores era mais explícita e direta, sobre temas de atualidade, como migração, violência social e guerra, neste ano também se fala desses temas, mas de forma indireta, com o filtro de um romance ou um gênero", explicou.

"Isso não é ruim, porque o cinema não é televisão, nem atualidade, nem reportagem. O cinema é refletir sobre grandes temas, questionando sobre temas de fundo através das quais se pode entender melhor o presente, e serve para dar instrumentos conceituais, intelectuais e culturais para enfrentar mais preparados a realidade cotidiana tão dramática que vivemos hoje", concluiu.

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