O Festival de Veneza, que neste ano selecionou seis filmes americanos para a competição, cumpriu seu objetivo de se transformar na melhor vitrine internacional visando ao Oscar, assegura em uma entrevista à AFP o diretor do evento, Alberto Barbera.
"Era o objetivo que nos propusemos há cinco anos, no início de meu mandato: tentar restituir Veneza à posição que sempre teve no nível internacional, como evento imperdível", explicou Barbera.
A atual edição, que terminará no sábado após dez dias marcados por filmes bem diferentes e uma forte presença também de cinema da América Latina, foi inaugurada com o último e esperadíssimo filme do jovem americano Damien Chazelle, La La Land, que promete ser um dos diretores mais interessantes dos próximos anos.
O musical, protagonizado por Emma Stone e Ryan Gosling, encantou a crítica e é uma das grandes favoritas deste ano.
"Para os americanos, Veneza se transformou no início da corrida ao Oscar", admite satisfeito Barbera, crítico de cinema.
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"Que nos últimos três anos três filmes estreados em Veneza tenham ganhado o Oscar nos ajudou muito, naturalmente", admite.
Hollywood também compete com Nocturn animals, a segunda obra do texano Tom Ford, e com a história de amor em um deserto cheio de canibais, The Bad Batch, de Ana Lily Amirpour, apresentada nesta terça-feira.
Também compete Terrence Malick com um documentário sobre a origem do mundo; o filme sobre os guardiães que criam uma criança náufraga, The light between oceans de Derek Cianfrance; e A chegada, uma ficção científica do canadense Denis Villeneuve, com a atriz Amy Adams.
Na quarta-feira será o dia de Jackie, filme do chileno Pablo Larraín que retrata Jackie Kennedy e que também deve entrar na disputa do Oscar por ser uma coprodução com os Estados Unidos. A película é rodada em inglês e protagonizada por Natalie Portman.
Não faltaram estrelas desfilando pelo Lido veneziano: desde o casal Michael Fassbender e Alicia Vikander, que apareceram juntos em público pela primera vez, passando por Mel Gibson, Jude Law, James Franco, Robert Duvall, Sam Shepard, Selena Gomez e Jake Gyllenhall, entre outros.
América Latina
Se no ano passado a presença dos dois filmes da América Latina na competição oficial após anos de ausência confirmava o bom estado de saúde do cinema dessa região, a presença de quatro filmes dirigidos por latino-americanos na competição oficial representa uma vitória.
"Está acontecendo o que havíamos previsto. Em toda a região se inova, há dinamismo. De investir em quantidade se passou a investir em qualidade", comentou.
"Não só ocorre em países com grande tradição como Argentina e Brasil, mas também em outros sem uma história cinematográfica, onde há diretores de grande talento", explicou.
Entre os convidados a competir na sessão oficial está o debutante chileno Christopher Murray com o filme El Cristo ciego.
Perguntado sobre os muitos filmes apresentados neste ano sobre ritos e crenças, com temas mais intimistas, o diretor da Mostra considera que é parte da naturaleza do artista.
"Enquanto nos anos anteriores a tendência dos diretores era mais explícita e direta, sobre temas de atualidade, como migração, violência social e guerra, neste ano também se fala desses temas, mas de forma indireta, com o filtro de um romance ou um gênero", explicou.
"Isso não é ruim, porque o cinema não é televisão, nem atualidade, nem reportagem. O cinema é refletir sobre grandes temas, questionando sobre temas de fundo através das quais se pode entender melhor o presente, e serve para dar instrumentos conceituais, intelectuais e culturais para enfrentar mais preparados a realidade cotidiana tão dramática que vivemos hoje", concluiu.