Alfredo Bertini, secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura, informou que hoje será anunciado o novo integrante da Comissão Especial de Seleção em substituição à atriz Ingra Lyberato. Segundo Bertini, a vaga deve ficar com uma atriz.
Na sexta-feira, a exemplo do que o diretor e produtor mineiro Guilherme Fiúza havia feito dois dias antes, Ingra Lyberato deixou a comissão.
Para o lugar de Fiúza foi convidado o cineasta Bruno Barreto. Depois de subir ao palco do Palácio dos Festivais, na sexta-feira, para entregar o Troféu Oscarito a Sônia Braga, homenageada em Gramado, Barreto confirmou sua entrada na comissão. “Aceitei, já fiz parte dela há uns quatro anos”, comentou.
Ao se referir à manifestação da equipe de Aquarius em maio, durante o Festival de Cannes (o grupo exibiu placas denunciando um “golpe de Estado” no Brasil), Barreto comentou: “Qualquer manifestação é válida. Só acho que o cinema está acima de qualquer ideologia. Mas as pessoas têm que se manifestar da maneira que quiserem.”
Aquarius, dirigido por Kleber Mendonça Filho, é apontado como candidato natural do Brasil à vaga por causa da repercussão internacional já conquistada (inclusive nos Estados Unidos), mas tem enfrentado empecilhos devido a posições políticas do cineasta contra o governo interino de Michel Temer.
Na semana passada, representantes de três longas que concorreriam à indicação ao Oscar (Mãe só há uma, Boi neon e Para minha amada morta) retiraram as candidaturas em solidariedade a Aquarius e como protesto pela maneira como tem sido conduzida a seleção.
Bertini comentou o imbróglio na comissão. “Qualquer filme está livre para concorrer. Não há imposição ou ordem governamental em relação a nenhum filme.
FESTIVAL
A mostra competitiva de longas começou no sábado com a comédia O roubo da taça (patrocinada pelo Netflix), de Caíto Ortiz, e com o drama musical Elis, de Hugo Prata, cinebiografia de Elis Regina, que já surge com Andreia Horta como forte candidata ao Kikito de melhor atriz.
Com visual elegante, Elis valoriza o poder emocional das músicas da cantora, mas o excesso de didatismo e de objetividade não corresponde à ousadia e ao espírito libertário da artista. Com certa artificialidade e redundância, os diálogos enfatizam demais os significados de situações de vida e de canções que já falariam por si. A questão das drogas é abordada de forma respeitosa e responsável, sem moralismos conservadores ou apologias.
Uma das atrações de hoje, na competitiva de curtas, é a animação pernambucana O ex-mágico, de Maurício Nunes e Olímpio Costa, baseada no conto O ex-mágico da Taberna Minhota, do mineiro Murilo Rubião.