Na história baseada no livro de mesmo nome, escrito por Jeanne Ryan, o centro de tudo é um game em que os jogadores têm que cumprir desafios que vão desde beijar um desconhecido a deitar nos trilhos do trem, por exemplo. Tudo deve ser transmitido via smartphone e, em troca, eles ganham recompensas financeiras e milhares de seguidores. Aproveitando essa temática superatual, complementada por boas cenas de ação e uma pitada de suspense, o desafio dos diretores Henry Joost e Ariel Schulman será emplacar um sucesso de bilheteria que extrapole o público juvenil.
A base da história é o velho clichê norte-americano da garota de ensino médio insegura e oprimida pela popularidade da melhor amiga. A menina em questão é Vee (Emma Roberts), que sonha em deixar Staten Island, no subúrbio de Nova York, para fazer faculdade de artes do outro lado do país.
Discreta e tímida, ela é vista como uma figura fraca e previsível pela colega Sydney (Emily Meade), que coleciona “likes” e expande sua popularidade na web diariamente topando alguns desafios mais ousados do game Nerve, como ir sem calcinha para a apresentação das cheerleaders do time de futebol da escola.
Pressionada, Vee resolve se tornar uma jogadora, para se mostrar igualmente capaz de correr riscos. Assim que ela aceita seu primeiro desafio no game, acaba se envolvendo com outro jogador, Ian (Dave Franco), dando início a uma sequência de acontecimentos perigosos e tensos. confira o trailer:
Diferentemente de outras adaptações de romances juvenis com enredo em torno de jogos ou disputas, como Jogos vorazes, que mostra uma distopia em um cenário pós-apocalíptico, Nerve se passa na Nova York dos dias de hoje.
Regras
Diferentemente do que sugere o título em português, o game da ficção tem regras. Quem faz login em Nerve paga uma pequena taxa de inscrição e pode escolher entre ser um observador ou um jogador. Os que escolhem jogar recebem desafios propostos pelos milhões de observadores e devem cumpri-los para receber as recompensas em dinheiro.
Em geral, são situações perigosas ou constrangedoras. Tudo deve ser filmado no celular do jogador para que os observadores possam acompanhar em tempo real, também em seus smartphones ou computadores. Quem não consegue cumprir as tarefas perde toda a quantia já recebida. Além disso, quem tenta denunciar o jogo para a polícia é severamente punido pela comunidade de usuários, que conta com hackers e pessoas ameaçadoras.
Apesar da roupagem secundarista, composta de trilha sonora e alguns códigos bem voltados para quem ainda não entrou na maioridade, Nerve oferece ao espectador uma oportunidade de refletir sobre a nossa relação atual com a internet. Não só a respeito da exposição em redes sociais, mas também pelo fornecimento de dados pessoais a programas e aplicativos que somos convencidos a utilizar, muitas vezes sem precisar efetivamente e sem ter conhecimento do que estamos compartilhando.
Tal qual as conexões e interações praticadas na web, o filme é extremamente dinâmico, com cenas de ação envolventes, capazes de prender a atenção e alterar o batimento cardíaco de quem assiste. Um mistério em volta de alguns personagens e acontecimentos dá um tom de suspense que deixa o longa ainda mais intenso, mesmo com alguns momentos pretensamente cômicos.
Para quem espera um aprofundamento maior, a velocidade que a história se passa torna o filme um pouco raso na construção de algumas relações entre pontos da trama. O que talvez não seja necessariamente um problema, pelo menos do ponto de vista de uma geração de atenção comprovadamente mais dispersa e ávida por acontecimentos mais imediatos e estimulantes.
COTAÇÃO: Bom