A cineasta paulista Anna Muylaert endossou a decisão de Gabriel Mascaro, diretor de Boi neon, e anunciou que não vai inscrever o filme para se candidatar a uma indicação brasileira ao Oscar. O filme dela, Mãe só há uma, é um dos cotados. No ano passado, o escolhido pela comissão do país foi o premiado Que horas ela volta?, de Muylaert, estrelado por Regina Casé e Camila Márdila.
Além de ampliar as chances de Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, os gestos revelam descontentamento com relação ao processo de seleção. A polêmica gira em torno da escolha do crítico Marcos Petrucelli para a comissão julgadora eleita pelo Ministério da Cultura, através da Secretaria do Audiovisual. Ele fez comentários ofensivos ao diretor e à equipe de Aquarius e chegou a afirmar que os custos de transporte de todos os integrantes para participar do Festival de Cannes, na França, tinham sido custeados com dinheiro público. O filme foi o primeiro pernambucano a concorrer à Palma de Ouro.
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''Decidimos tornar pública a nossa decisão de não submeter o filme Boi neon à comissão brasileira que indica o representante nacional ao Oscar 2017. É lamentável que o Ministério da Cultura, por meio da Secretaria do Audiovisual, endosse na comissão de seleção um membro que se comportou de forma irresponsável e pouco profissional ao fazer declarações, sem apresentação de provas, contra a equipe do filme Aquarius, após o seu protesto no tapete vermelho de Cannes", diz nota publicada na página oficial de Boi neon no Facebook.
Anna Muylaert decidiu não entrar na disputa por achar ''que Aquarius merece mais a indicação". "Este é o ano de Aquarius", acredita. Ela classificou como retaliação a nomeação de Marcos Petrucelli, já que a estreia de Aquarius em Cannes foi marcada por protestos do elenco contra o presidente interino Michel Temer. ''O Brasil não é mais uma democracia'', ''O mundo não pode aceitar o golpe'' e ''Nós vamos resistir'' eram algumas das mensagens estampadas nos cartazes levantados pela equipe do filme no tapete vermelho do evento. A manifestação repercutiu em jornais de todo o mundo. Uma foto do momento estampou a capa do The Guardian.
Em nota, o Ministério da Cultura defende que a escolha do filme indicado ao Oscar é técnica. ''A inscrição dos filmes brasileiros postulantes ao Oscar de filme estrangeiro está aberta até o dia 31/08. O Ministério da Cultura reforça a confiança na capacidade e na isenção da comissão escolhida pela Secretaria do Audiovisual. A escolha do filme atende a critérios estritamente técnicos. Até o presente momento, não houve registro de retirada de qualquer candidatura", diz o texto.