O Ministério da Justiça decidiu que o filme Aquarius, do diretor Kleber Mendonça Filho, terá classificação indicativa para maiores de 18 anos. A alegação é de que o filme tem cenas de "sexo explícito e drogas". Aquarius foi lançado mundialmente no Festival de Cinema de Cannes, em maio, e ganhou notoriedade quando a equipe e o elenco exibiram cartazes de protesto contra a movimentação política que afastou Dilma Rousseff.
A primeira decisão foi publicada no Diário Oficial da União do dia 12 de agosto, e o recurso da distribuidora Vitrine Filmes foi indeferido no Diário desta segunda-feira, 22.
"Eu não quero confabular teorias de que é uma decisão política, porque eu recebi o relatório dos responsáveis e o considerei profissional, supercompleto e, para o meu gosto, técnico até demais", disse Mendonça Filho, por telefone. "Eles não parecem olhar para o filme como um todo", ponderou.
O diretor considera que o longa não está fora de um padrão de classificação relacionada a sexualidade. "Tatuagem, Boi Neon, Para Minha Amada Morta também encaram questões de sexualidade, e desses, Aquarius é o que menos tem conteúdo sexual", disse. Os filmes citados foram lançados desde 2013 e indicados para maiores de 16 e 14 anos. "Assim me parece injusto", disse Mendonça Filho. Ele afirma que o filme não contém cenas de sexo explícito. "A coisa é bem filmada, é simulada, e isso faz parte do trabalho de cineasta", justificou.
Em uma cartilha disponível no site do Ministério há exemplos do que se encaixa em cada faixa de classificação. "Sexo explícito" tem como um exemplo o seguinte: "Mulher abre as calças de homem, acaricia seu pênis e o introduz em sua vagina". Na seção "drogas", qualquer apresentação do conteúdo é classificada como 16 anos, exceto o enaltecimento do consumo de drogas ilícitas.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do Ministério da Justiça, que não comentou a decisão.
Mendonça Filho reafirmou que não pode julgar se a decisão foi política ou não. "Por causa do clima, não é de se admirar que as pessoas estejam comentando, repercutindo isso", comentou. "Foi um interpretação equivocada sobre o que é sexo explícito no cinema. Para além disso, e posso estar sendo inocente, não tenho como falar que isso faz parte de uma perseguição." Ele considera que, de uma forma "meio irônica", a decisão atrai mais atenção para o filme - mas lamenta que a classificação possa interferir na escolha do filme para programas que relacionam cinema e educação, por exemplo.
A página oficial da Vitrine Filmes, distribuidora do filme, publicou uma mensagem em que se diz "surpresa" com a decisão. "Entramos com um recurso para que isso fosse revisto, levando em conta que outros filmes com conteúdos semelhantes receberam uma classificação indicativa mais branda. O recurso foi negado. Respeitamos a decisão do Ministério, mas discordamos dela."
Mais cedo, o diretor também usou as redes sociais para falar sobre a decisão. "AQUARIUS censura 18 anos. Alguém no Governo fortalecendo o marketing desse filme. Incrível." Depois, ele postou uma imagem do personagem McLovin, que no filme Superbad (2007) falsifica uma carteira de identidade para comprar bebidas "Uma inteira para AQUARIUS, por favor!" - " Tá lotado!", escreveu o diretor no post.
Continuando o trabalho do aclamado O Som ao Redor (2013), Aquarius também investe nas tensões sociais relacionadas ao ambiente do urbano. No filme, Sonia Braga interpreta Clara, a última moradora de um prédio antigo na praia de Boa Viagem, Recife, alvo da pressão de uma empreiteira, que quer comprá-lo, derrubá-lo e construir um edifício maior no lugar. A moradora, porém, resiste. O filme concorreu à Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes, o principal do mundo, em maio, e foi muito aplaudido na ocasião.
A primeira decisão foi publicada no Diário Oficial da União do dia 12 de agosto, e o recurso da distribuidora Vitrine Filmes foi indeferido no Diário desta segunda-feira, 22.
"Eu não quero confabular teorias de que é uma decisão política, porque eu recebi o relatório dos responsáveis e o considerei profissional, supercompleto e, para o meu gosto, técnico até demais", disse Mendonça Filho, por telefone. "Eles não parecem olhar para o filme como um todo", ponderou.
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Em uma cartilha disponível no site do Ministério há exemplos do que se encaixa em cada faixa de classificação. "Sexo explícito" tem como um exemplo o seguinte: "Mulher abre as calças de homem, acaricia seu pênis e o introduz em sua vagina". Na seção "drogas", qualquer apresentação do conteúdo é classificada como 16 anos, exceto o enaltecimento do consumo de drogas ilícitas.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do Ministério da Justiça, que não comentou a decisão.
Mendonça Filho reafirmou que não pode julgar se a decisão foi política ou não. "Por causa do clima, não é de se admirar que as pessoas estejam comentando, repercutindo isso", comentou. "Foi um interpretação equivocada sobre o que é sexo explícito no cinema. Para além disso, e posso estar sendo inocente, não tenho como falar que isso faz parte de uma perseguição." Ele considera que, de uma forma "meio irônica", a decisão atrai mais atenção para o filme - mas lamenta que a classificação possa interferir na escolha do filme para programas que relacionam cinema e educação, por exemplo.
A página oficial da Vitrine Filmes, distribuidora do filme, publicou uma mensagem em que se diz "surpresa" com a decisão. "Entramos com um recurso para que isso fosse revisto, levando em conta que outros filmes com conteúdos semelhantes receberam uma classificação indicativa mais branda. O recurso foi negado. Respeitamos a decisão do Ministério, mas discordamos dela."
Mais cedo, o diretor também usou as redes sociais para falar sobre a decisão. "AQUARIUS censura 18 anos. Alguém no Governo fortalecendo o marketing desse filme. Incrível." Depois, ele postou uma imagem do personagem McLovin, que no filme Superbad (2007) falsifica uma carteira de identidade para comprar bebidas "Uma inteira para AQUARIUS, por favor!" - " Tá lotado!", escreveu o diretor no post.
Continuando o trabalho do aclamado O Som ao Redor (2013), Aquarius também investe nas tensões sociais relacionadas ao ambiente do urbano. No filme, Sonia Braga interpreta Clara, a última moradora de um prédio antigo na praia de Boa Viagem, Recife, alvo da pressão de uma empreiteira, que quer comprá-lo, derrubá-lo e construir um edifício maior no lugar. A moradora, porém, resiste. O filme concorreu à Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes, o principal do mundo, em maio, e foi muito aplaudido na ocasião.