Na comédia 'Esperando acordada', mulher se apaixona por homem em coma

Filme francês, dirigido por Marie Belhomme, está em cartaz no Belas Artes

por Estado de Minas 23/08/2016 08:00

Pandora Filmes/Divulgação
Protagonista é uma mulher que anima festas e se oferece como professora de música (foto: Pandora Filmes/Divulgação)
Marie Belhomme, diretora de Esperando acordada, a simpática comédia com Isabelle Carré, diz que o filme não se inspira em histórias reais. Mas com uma ressalva: “Quando era criança, minha mãe provocou um acidente de carro. Atropelou um menino que andava de bicicleta e se sentiu tão culpada que ia todos os dias visitá-lo no hospital – a ponto de nos negligenciar, a nós, seus filhos. Lembro-me de que, no Natal, ela lhe deu os melhores presentes. Ficamos com raiva.”

Pode ser que, no fundo, lá no inconsciente, Esperando acordada tenha nascido como um acerto de contas, mas, de qualquer maneira, Marie confessa que gosta muito do tipo de personagem interpretado por Isabelle Carré. “Gente à deriva na vida, que não tem muita confiança em si mesma. Dão ótima ficção, embora não seja nada fácil passar insegura pela vida”. Ela sabe do que fala. “Tenho minhas inseguranças, como todo mundo. E, em geral, tudo o que me ocorre de bom, a ficção que produzo, nasce desse olhar que não é triunfante sobre o mundo. Deve ser muito chato querer ser super-herói”, diz.

O filme é sobre essa mulher que anima festas e se oferece, como música profissional, a dar aulas. Ela veste uma fantasia e, ao pedir informações num posto, provoca um acidente que deixa o personagem de Philippe Rebbot em coma. Marie admite que ficou com vergonha. “Embora não seja muito conhecido, Philippe é um ótimo ator e lhe ofereci o papel de um cara em coma, que passa quase todo o filme deitado, inconsciente”, diz.

CARMEM MAURA Outra personagem – a dona de uma casa de assistência a idosos – cabe a Carmem Maura. “Escrevi a personagem para ela, mas não me atrevia a acreditar que fosse aceitar. Todos aqueles grandes papéis nos filmes de Pedro Almodóvar. Felizmente, minha produtora ousou lhe enviar o roteiro. Carmem topou e nem se importou com o tamanho do papel, que, naturalmente, cresceu com ela pelo simples fato de que é maravilhosa”, afirma a diretora.

O filme é ousado. Carente e insegura, a protagonista começa a se aproximar do homem em coma. Falando, estabelece um contato com ele. Passa a tocá-lo, deita-se com ele na cama do hospital. Marie Belhomme chega a criar um personagem – o enfermeiro fisioterapeuta – que intervém comicamente nessas cenas de intimidade. “Concordo que são cenas mais ousadas do que parecem. É como se Isabelle (a atriz) estivesse abusando dele. Foi assim que lhe pedi que interpretasse, e ela correspondeu, com a eficiência de sempre”, conta. (Agência Estado)

ESPERANDO ACORDADA
Direção: Maria Belhomme. Em cartaz no Belas Artes 2, às 16h30 e às 19h40. Sessões legendadas.

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