Pode ser que, no fundo, lá no inconsciente, Esperando acordada tenha nascido como um acerto de contas, mas, de qualquer maneira, Marie confessa que gosta muito do tipo de personagem interpretado por Isabelle Carré. “Gente à deriva na vida, que não tem muita confiança em si mesma. Dão ótima ficção, embora não seja nada fácil passar insegura pela vida”. Ela sabe do que fala.
O filme é sobre essa mulher que anima festas e se oferece, como música profissional, a dar aulas. Ela veste uma fantasia e, ao pedir informações num posto, provoca um acidente que deixa o personagem de Philippe Rebbot em coma. Marie admite que ficou com vergonha. “Embora não seja muito conhecido, Philippe é um ótimo ator e lhe ofereci o papel de um cara em coma, que passa quase todo o filme deitado, inconsciente”, diz.
CARMEM MAURA Outra personagem – a dona de uma casa de assistência a idosos – cabe a Carmem Maura. “Escrevi a personagem para ela, mas não me atrevia a acreditar que fosse aceitar. Todos aqueles grandes papéis nos filmes de Pedro Almodóvar. Felizmente, minha produtora ousou lhe enviar o roteiro. Carmem topou e nem se importou com o tamanho do papel, que, naturalmente, cresceu com ela pelo simples fato de que é maravilhosa”, afirma a diretora.
O filme é ousado. Carente e insegura, a protagonista começa a se aproximar do homem em coma. Falando, estabelece um contato com ele. Passa a tocá-lo, deita-se com ele na cama do hospital.
ESPERANDO ACORDADA
Direção: Maria Belhomme. Em cartaz no Belas Artes 2, às 16h30 e às 19h40. Sessões legendadas..