Na adaptação mais importante que o romance ganhou no cinema, assinada pelo diretor William Wyler (vencedor de 11 Oscars em 1959), Cristo é interpretado por Claude Heater. Cantor de ópera, ele se apresentava em Roma quando a produção estava sendo preparada (o filme foi rodado nos estúdios da Cinecittà) e acabou no set.
Em sua cena mais relevante (dá água para o Ben-Hur escravo), Cristo está de costas. Seu rosto não aparece em momento algum. O cantor Heater, alçado a ator, nem sequer foi creditado pela participação. Situação bem diferente da que vive Rodrigo Santoro agora, na nova adaptação do romance de Wallace para o cinema.
Ben-Hur, de Timur Bekmambetov (Abraham Lincoln: Caçador de vampiros), que chega na quinta-feira aos circuitos brasileiro e norte-americano, é o filme que pode catapultar a carreira do britânico Jack Huston (neto de John e sobrinho de Anjelica Huston), aqui vivendo o personagem-título. O segundo personagem masculino é o algoz do protagonista, Messala, papel do inglês Toby Kebbell.
A Santoro coube um papel menor, porém crucial para o desenvolvimento das personagens do núcleo principal.
EUA Santoro, que completa 41 anos em 22 de agosto, já há algum tempo se divide entre o Brasil e os Estados Unidos. Estava havia um mês de volta ao país quando realizou a primeira série de entrevistas sobre o filme, na semana passada. Tinha a seu lado Jack Huston e, a despeito do protagonismo do inglês na trama, foi tão ou mais questionado pela imprensa brasileira. Quando não giravam em torno da dificuldade de interpretar Cristo, as perguntas versaram sobre sua jornada no cinema norte-americano.
Pois já são 13 anos desde que Rodrigo Santoro entrou mudo e saiu calado em sua estreia num blockbuster, As Panteras: Detonando. Desde o longa de 2003, participou de uma dúzia de filmes norte-americanos, além de telefilmes, séries e produções de outros países. Sem contar os trabalhos brasileiros, aqui quase sempre como protagonista. Ainda não teve, no exterior, um papel divisor de águas em sua carreira. Mesmo assim, fez participações relevantes como Raúl Castro (irmão de Fidel) em Che, de Steven Soderbergh, ou o rei Xerxes de 300, de Zack Snyder.
Rodrigo cita o poeta espanhol modernista Antonio Machado ao analisar da própria trajetória: “Caminhante, não há caminho/ Faz-se caminho ao andar” são os versos escolhidos pelo ator, que acrescenta: “Cada dia é um novo desafio, a conquista de ontem não garante a de hoje ou a de amanhã. Minha relação com o mundo, com o meu trabalho, é muito do que está ali na minha frente.”
O que, em se tratando de 2016, é muita coisa. Ele retornou ao Brasil para, 13 anos mais tarde, voltar às novelas.
SÉRIE Ele também fez TV americana. Rodrigo Santoro está no elenco da série Westworld, principal estreia da HBO neste semestre (será lançada em 2 de outubro). E atuou ao lado de grandes nomes tanto na frente (Anthony Hopkins, Ed Harris, James Marsden estão no elenco) quanto atrás das câmeras (os produtores são JJ Abrams e Jonathan Nolan). A série, inspirada no longa Westworld – Onde ninguém tem alma (1973), terá 10 episódios. O cenário é um parque temático onde o público pode vivenciar outras épocas da história por meio da realidade virtual. Santoro interpreta o pistoleiro Harlan Bell.
Mesmo afirmando “não ter autorização” para falar sobre essa produção, ele comentou como foi o trabalho. “Ele é um caubói nada tradicional.
“Poliram os últimos episódios. Quando voltamos, estava tudo alinhado. A experiência foi incrível pela oportunidade de trabalhar com gigantes como Jonathan Nolan e JJ. Eles são visionários, mas também tranquilos e presentes. Não fazem o tipo de cara que fica lá atrás dando ordem no set”, finalizou.
A repórter viajou a convite da Paramount.