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Rodrigo Santoro faz papel de jesus em versão de Ben-Hur

Ator está em nova adaptação da obra

Mariana Peixoto
São Paulo – Judah Ben-Hur é um personagem fictício, criação do escritor Lew Wallace no romance Ben-Hur: Um conto de Cristo (1880), que virou best-seller numa época em que a palavra sequer existia.
O personagem, um rico e nobre judeu, é traído por seu irmão de criação e se torna escravo. Viveu paralelamente a Jesus Cristo, tendo se encontrado com ele algumas vezes.


Na adaptação mais importante que o romance ganhou no cinema, assinada pelo diretor William Wyler (vencedor de 11 Oscars em 1959), Cristo é interpretado por Claude Heater. Cantor de ópera, ele se apresentava em Roma quando a produção estava sendo preparada (o filme foi rodado nos estúdios da Cinecittà) e acabou no set.

Em sua cena mais relevante (dá água para o Ben-Hur escravo), Cristo está de costas. Seu rosto não aparece em momento algum. O cantor Heater, alçado a ator, nem sequer foi creditado pela participação. Situação bem diferente da que vive Rodrigo Santoro agora, na nova adaptação do romance de Wallace para o cinema.

Ben-Hur, de Timur Bekmambetov (Abraham Lincoln: Caçador de vampiros), que chega na quinta-feira aos circuitos brasileiro e norte-americano, é o filme que pode catapultar a carreira do britânico Jack Huston (neto de John e sobrinho de Anjelica Huston), aqui vivendo o personagem-título. O segundo personagem masculino é o algoz do protagonista, Messala, papel do inglês Toby Kebbell.

A Santoro coube um papel menor, porém crucial para o desenvolvimento das personagens do núcleo principal.

Ele começa o filme como o Jesus carpinteiro, passa pelo momento do Cristo pregador até chegar ao ápice, com a crucificação. “Posso dizer que não consigo comparar esse personagem com qualquer outro que já fiz, pois me envolveu numa jornada íntima e pessoal”, afirmou o ator. Ele sofreu para fazer o papel. Na cena de crucificação, depois de seis horas de preparação, teve que ir para a locação (na italiana Matera) sob temperatura abaixo de zero, depois de uma noite de neve.

EUA Santoro, que completa 41 anos em 22 de agosto, já há algum tempo se divide entre o Brasil e os Estados Unidos. Estava havia um mês de volta ao país quando realizou a primeira série de entrevistas sobre o filme, na semana passada. Tinha a seu lado Jack Huston e, a despeito do protagonismo do inglês na trama, foi tão ou mais questionado pela imprensa brasileira. Quando não giravam em torno da dificuldade de interpretar Cristo, as perguntas versaram sobre sua jornada no cinema norte-americano.

Pois já são 13 anos desde que Rodrigo Santoro entrou mudo e saiu calado em sua estreia num blockbuster, As Panteras: Detonando. Desde o longa de 2003, participou de uma dúzia de filmes norte-americanos, além de telefilmes, séries e produções de outros países. Sem contar os trabalhos brasileiros, aqui quase sempre como protagonista. Ainda não teve, no exterior, um papel divisor de águas em sua carreira. Mesmo assim, fez participações relevantes como Raúl Castro (irmão de Fidel) em Che, de Steven Soderbergh, ou o rei Xerxes de 300, de Zack Snyder.

Rodrigo cita o poeta espanhol modernista Antonio Machado ao analisar da própria trajetória: “Caminhante, não há caminho/ Faz-se caminho ao andar” são os versos escolhidos pelo ator, que acrescenta: “Cada dia é um novo desafio, a conquista de ontem não garante a de hoje ou a de amanhã. Minha relação com o mundo, com o meu trabalho, é muito do que está ali na minha frente.”

O que, em se tratando de 2016, é muita coisa. Ele retornou ao Brasil para, 13 anos mais tarde, voltar às novelas.
“Fazer Velho Chico (interpretou Afrânio jovem na primeira fase da novela, atual papel de Antônio Fagundes) me deu uma liberdade grande, posso me expressar livremente. Não dá para comparar atuar em português e em inglês. Tenho muito mais fluência hoje do que há 10 anos, mas o inglês é uma língua estrangeira. Improvisar em outra língua custa muito mais energia, pois você tem que trabalhar para se expressar, quando não deveria pensar nisso.”

SÉRIE Ele também fez TV americana. Rodrigo Santoro está no elenco da série Westworld, principal estreia da HBO neste semestre (será lançada em 2 de outubro). E atuou ao lado de grandes nomes tanto na frente (Anthony Hopkins, Ed Harris, James Marsden estão no elenco) quanto atrás das câmeras (os produtores são JJ Abrams e Jonathan Nolan). A série, inspirada no longa Westworld – Onde ninguém tem alma (1973), terá 10 episódios. O cenário é um parque temático onde o público pode vivenciar outras épocas da história por meio da realidade virtual. Santoro interpreta o pistoleiro Harlan Bell.

Mesmo afirmando “não ter autorização” para falar sobre essa produção, ele comentou como foi o trabalho. “Ele é um caubói nada tradicional.
Quem conhece o filme vai ver que não é o remake, mas o conceito está ali.” De acordo com Santoro, a experiência foi longa, “maior do que todo mundo pensou”. Houve uma interrupção dois meses depois do início das gravações para a reestruturação de roteiro, o que atrasou a estreia.

“Poliram os últimos episódios. Quando voltamos, estava tudo alinhado. A experiência foi incrível pela oportunidade de trabalhar com gigantes como Jonathan Nolan e JJ. Eles são visionários, mas também tranquilos e presentes. Não fazem o tipo de cara que fica lá atrás dando ordem no set”, finalizou.

A repórter viajou a convite da Paramount

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