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'Dois caras legais' exibe um humor ingênuo, mas que funciona

Filme mistura de comédia e ação e conta bom desempenho da dupla de atores Ryan Gosling e Russell Crowe

Carolina Braga
Um detetive interpretado por Ryan Gosling (foto) e um justiceiro (Russell Crowe) formam a improvável dupla de Dois caras legais, que estreou ontem em BH - Foto: Diamonds Filmes/Divulgação

Dois caras legais é um filme de comédia para quem gosta de ação. Daqueles em que o humor – debochado e ácido – fica escondido no roteiro sobre os detetives. A graça está na dinâmica deles e não exatamente nas estripulias que fazem. Típico exemplar do gênero buddy comedy, com as duplas improváveis que no fim dão certo, o filme está em cartaz em 15 salas de Belo Horizonte desde ontem.

É uma história que se passa na Los Angeles dos anos 1970. No final daquela década, a indústria do pornô viveu tempos áureos. Dois caras legais tenta apresentar esse contexto. Não alcança bom resultado no que se refere à temática. Tanto a discussão sobre os bastidores do mercado do sexo como também dos abusos ambientais cometidos pelo setor automobilístico ficam como um longínquo pano de fundo das aventuras de um detetive atrapalhado (Ryan Gosling) e um justiceiro bronco (Russell Crowe).

Convencido de que é um profissional do mais alto grau de competência, Holland March (Gosling) vive de investigar o desaparecimento de parentes ou descobrir pequenas traições.
Jackson Healy (Russell Crowe), por sua vez, ganha alguns trocados fazendo justiça com as próprias mãos. No primeiro encontro deles, estão em lados opostos. Logo se veem envolvidos no mesmo caso: o desaparecimento da jovem Amelia Kuttner (Margaret Qualley), relacionado ao assassinato de uma atriz pornô. Tornam-se parceiros.

A escalação da jovem Angourie Rice como Holly, a filha esperta de March, é um dos acertos do longa. A garota mostrou que tem talento. Se há alguém canastrona é a vilã de Kim Basinger. O que aconteceu com a atriz de Los Angeles – cidade proibida? Primeiro, ela aparece bem menos do que o necessário para a sustentação dos conflitos apresentados pelo roteiro. Segundo, porque perdeu totalmente a expressão facial.

Como se passa na década de 1970, ícones da indústria cultural daquela época dão o ar da graça na tela. Fazem parte da trilha sonora clássicos de The Temptations (Papa was a rollin’stone), Kiss (Rock and roll all nite), America (A horse with no name), A Taste of Honey (Boogie oogie oogie). O figurino e a fotografia se distanciam das cores vibrantes da onda disco, também marcante naquela época. O diretor investe em paleta de cores mais sóbria.

O que mais interessa ao longa dirigido por Shane Black (Máquina mortífera 3) é fazer graça com os perfis de Holland March (Gosling) e Jackson Healy (Russell Crowe). Ainda bem que os atores seguram a onda com interpretações distantes da caricatura. A dupla funciona em equilíbrio.
Um não se sobressai ao outro. É um roteiro que não se leva muito a sério nem os personagens. Muito por isso, Dois caras legais tem piadas ingênuas que funcionam.

COTAÇÃO: bom.