Quanto mais o professor Walter White, na série Breaking bad, é seduzido pelo desejo de ganhar mais e mais dinheiro com a venda de metanfetamina, mais a cor verde ganha destaque nas cenas do seriado. Pode até parecer uma simples coincidência ou detalhe estético, mas o verde, segundo teorias da psicologia, tem o poder de representar ganância. Não à toa, grandes cineastas se valem da força da cor para expressar sentimentos e sensações nas suas obras e provam que, no audiovisual, a cor pode ser uma poderosa e silenciosa forma de narrar.
“A cor tem conteúdo emocional e afetivo muito forte, em parte pelas características da visão humana (percepção do vermelho como mais próximo do que as demais cores do espectro, por exemplo), e em parte por atribuições culturais (empréstimo de características definidas às cores)”, explica o diretor de fotografia e pesquisador Carlos Ebert. “O fato é que a cor no cinema induz a modos e a sensações com carga emocional significativa”, confirma.
A própria série Breaking Bad é um exemplo eficaz para mostrar como a cor se mistura aos outros elementos da série para construir a história. Durante toda a série, as cores aparecem como representação de transformações ou sensações dos personagens. A base é a teoria das cores, que sugere que tons podem transmitir certos sentimentos.
O verde da ganância de Walter e Saul Goodman. O azul da lealdade ou da tristeza na mulher de White, Skyler. A personagem, por sinal, traz no próprio nome uma rima sutil e representativa com o azul pela associação a céu (sky em inglês).