O diretor Paul Feig "só queria fazer uma nova versão de 'Ghostbusters'. Não estava fazendo uma grande declaração", disse à AFP uma das quatro caça-fantasmas, Kristen Wiig, antes do lançamento do filme na sexta-feira, nos Estados Unidos, e na quinta-feira na América Latina.
Trinta e dois anos depois da estreia da primeira versão de "Caça-fantasmas", Paul Feig lança uma versão destinada a satisfazer os fãs mais rígidos graças ao seu respeito pela trama e trilha sonora originais, com mais algumas piscadelas e intervenções simpáticas para quem recorda com carinho do filme de 1984.
Como no original de Ivan Reitman, protagonizado por Bill Murray, o novo "Caça-fantasmas" narra as aventuras de uma equipe dedicada a capturar fantasmas a partir de uma tecnologia caseira e disparatada.
Divertida, envolvente e com espetaculares batalhas em Nova York, a atual versão é produzida com efeitos especiais gerados por computador, ainda que desenhados sobre atores reais, disfarçados e maquiados.
Mas a maior inovação é que o elenco é composto sobretudo por mulheres: Kristen Wiig, Melissa McCarthy, Kate McKinnon e Leslie Jones. Além disso, o galã Chris Hemsworth ('Thor') tem um papel secundário como um homem belo e bobo.
Estas mudanças de rumo desagradaram alguns dos fãs da versão original.
O trailer do filme, divulgado em março, teve quase um milhão de "não gostei" no YouTube e tanto Paul Feig quanto o elenco foram alvo de ameaças de morte e comentários misóginos nas redes sociais.
Frustrado
Feig ficou famoso graças a "Missão Madrinha de Casamento" (2011), uma comédia que fez história e teve duas nomeações ao Oscar porque deu a personagens mulheres (McCarthy e Wiig entre elas) papéis de destaque cujas histórias não necessariamente eram definidas por um protagonista homem.
"Estou frustrado porque conheço muitas mulheres talentosas que não conseguem se destacar como deveriam, que parecem esta sempre relegadas a papéis secundários", disse Paul Feig à AFP.
Para ele, é hora de Hollywood mudar a forma como representa as mulheres no cinema.
"Queria um super grupo de comediantes. Eu trabalho com mulheres comediantes e parecia a decisão correta", comentou, definindo as quatro atrizes como "as pessoas mais divertidas hoje em dia".
"Mas ao mesmo tempo gostava de ideia de uma nova geração ter esses novos heróis. Gosto que as meninas tenham tantas heroínas quanto os meninos", acrescentou.
Kristen Wiig e Melissa McCarthy são provavelmente duas das comediantes mais notáveis na indústria americana do entretenimento nos últimos anos. Wiig vem da escola de comédia da TV "Saturday Night Live" (SNL), enquanto McCarthy ganhou a fama com "Missão Madrinha de Casamento" e a série "Mike and Molly", que deu a ela um prêmio Emmy em 2011.
Kate McKinnon e Leslie Jones, que também saíram da "fábrica de comediantes" de SNL, são menos conhecidas internacionalmente, mas grandes humoristas a nível local.
Por isso, para McCarthy, assim como para suas colegas, os ataques misóginos e as defesas feministas do filme só distraem a audiência de sua verdadeira intenção, que é divertir.
"Com certeza (Paul Feig) não quis simplesmente fazer o contrário da versão original. Acredito que só tivemos sorte de termos sido as quatro (atrizes) que ele pensou", disse McCarthy à AFP..