'Campo Grande', de Sandra Kogut, estreia hoje no Cine 104 mostrando crônica do abandono

Depois de ser exibido em festivais, filme chega ao circuito comercial em Belo Horizonte

por Mariana Peixoto 23/06/2016 08:00
Mostra de SP/Divulgação
Rayane do Amaral vive uma das crianças deixadas pela mãe em Campo Grande, de Sandra Kogut, que estreia hoje (foto: Mostra de SP/Divulgação)

Dois irmãos, Ygor (Ygor Manoel) e Rayane (Rayane do Amaral), moradores de Campo Grande, Zona Oeste carioca, são deixados na porta da casa de Regina (Carla Ribas), em Ipanema, que está se separando e vive às turras com a filha adolescente. A mulher não sabe o que fazer com os “intrusos” que, por seu lado, não querem deixar o local, já que aquela é a única referência que têm para reencontrar a mãe.

A relação desta mulher com os dois garotos – e as transformações que tal encontro vai provocar nos três envolvidos – são a base de Campo Grande, segunda longa de ficção da diretora Sandra Kogut. Depois de ser exibido em festivais, o filme chega ao circuito comercial – em BH, estreia hoje no Cine 104.

Além de ser a segunda ficção de Kogut, Campo Grande é também o segundo filme da diretora centrado na infância – o anterior é Mutum (2007), inspirado na novela Campo geral, de Guimarães Rosa. Só que o ambiente aqui é urbano, enquanto a primeira produção era rural. Uma cena do filme anterior – o momento em que uma mãe dá seu filho a um estranho – impactou tanto a cineasta que ela resolveu investigar a questão mais a fundo.

A relação dos garotos com a moradora, as diferenças entre as classes sociais e temas como abandono materno e caos urbano trazem a história para uma discussão bastante atual, que remete a produções recentes como O som ao redor (2012), de Kleber Mendonça Filho e, principalmente, a Que horas ela volta? (2015), de Anna Muylaert. “Em Que horas ela volta? está muito claro quem é bom e quem é mau. Em Campo Grande é quase o contrário, pois você vai entendendo, ao longo do filme, como tudo aquilo é complexo. Era importante não julgar os personagens, não fazer certos pactos com o espectador”, diz a diretora. Mesmo assim, ela acredita que os dois longas se encontram em universos comuns do Brasil urbano, “em que a vida das pessoas está se transformando muito”.

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