Dois irmãos, Ygor (Ygor Manoel) e Rayane (Rayane do Amaral), moradores de Campo Grande, Zona Oeste carioca, são deixados na porta da casa de Regina (Carla Ribas), em Ipanema, que está se separando e vive às turras com a filha adolescente. A mulher não sabe o que fazer com os “intrusos” que, por seu lado, não querem deixar o local, já que aquela é a única referência que têm para reencontrar a mãe.
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Além de ser a segunda ficção de Kogut, Campo Grande é também o segundo filme da diretora centrado na infância – o anterior é Mutum (2007), inspirado na novela Campo geral, de Guimarães Rosa. Só que o ambiente aqui é urbano, enquanto a primeira produção era rural. Uma cena do filme anterior – o momento em que uma mãe dá seu filho a um estranho – impactou tanto a cineasta que ela resolveu investigar a questão mais a fundo.
A relação dos garotos com a moradora, as diferenças entre as classes sociais e temas como abandono materno e caos urbano trazem a história para uma discussão bastante atual, que remete a produções recentes como O som ao redor (2012), de Kleber Mendonça Filho e, principalmente, a Que horas ela volta? (2015), de Anna Muylaert. “Em Que horas ela volta? está muito claro quem é bom e quem é mau. Em Campo Grande é quase o contrário, pois você vai entendendo, ao longo do filme, como tudo aquilo é complexo. Era importante não julgar os personagens, não fazer certos pactos com o espectador”, diz a diretora. Mesmo assim, ela acredita que os dois longas se encontram em universos comuns do Brasil urbano, “em que a vida das pessoas está se transformando muito”.