Na Terra se passaram 20 anos, mas, para os aliens, foram apenas algumas semanas, e eles resolveram contra-atacar com mais força. Com esse enredo, Independence day - O ressurgimento entra em cartaz nesta quinta-feira, mostrando a Terra novamente ameaçada pela poderosa raça extraterrestre que quase destruiu o planeta em 1996, quando bravos heróis norte-americanos nos salvaram, justamente no dia da independência do país.
Para os fãs do gênero, o filme atende aos requisitos: explosões, metrópoles inteiras destruídas, alienígenas malvados e assustadores e homens corajosos dispostos a salvar o planeta. Ou melhor, homens e mulheres. Embora a temática, a linguagem, boa parte do elenco e até o roteiro sejam bem semelhantes aos do primeiro filme, alguns elementos da sequência mostram que não foram apenas os efeitos especiais que se modernizaram sob a direção de Roland Emmerich vinte anos depois.
Na ficção, em 2016 o planeta dispõe de uma tecnologia espacial muito mais evoluída do que a que conhecemos na realidade, fruto da invasão sofrida duas décadas antes. A Terra conta com um avançado sistema de defesa, formado por bases militares na Lua e em outros planetas, satélites armados, além de diversas pesquisas sobre a vida em outras galáxias. O quase extermínio tornou o planeta pacífico e unido, sem conflitos e desavenças entre as nações - algo imaginável só mesmo na ficção atualmente. Por outro lado, algumas transformações sociais reais que ocorreram ou tentam ocorrer ao longo desse tempo também compõem a trama, que exibe no elenco um pouco diversidade do que em 96.
Se Bill Pulman foi um dos heróis do primeiro filme, no papel de um presidente carismático, galã e virtuoso a ponto de pilotar pessoalmente um caça na batalha contra os alienígenas, em 2016 os Estados Unidos são governados por uma mulher, vivida pela atriz Sela Ward. Pulman retorna como um ex-presidente em estado debilitado de saúde mental, por causa do ataque psíquico que sofreu de um alienígena no longa anterior.
FILHA
A garotinha que era sua filha cresceu e hoje é uma corajosa piloto da Força Aérea, interpretada por Maika Monroe, que também trabalha como assessora da presidente, além de cuidar do pai.
Embora o protagonismo continue norte-americano, com um típico heroísmo militar, novamente presente em vários clichês ao longo da história, outras nações também participam da missão de salvar a Terra dessa vez. Especialmente a China, com um comandante de alta patente do esquadrão espacial e uma jovem piloto. Também há um caricato líder militar africano, que sobreviveu ao primeiro ataque de armas laser dos aliens lutando com facões, além de uma cientista francesa, interpretada por Charlotte Gainsbourg, especialista em tecnologias e sociedades alienígenas. Ela trabalha ao lado do ex-operador de TV a cabo e agora diretor do sistema de defesa espacial da Terra David Levinson, personagem de Jeff Goldblum nos dois filmes.
A causa LGBT também é representada no filme por meio do romance entre o cientista espacial quase maluco Doctor Okun (Brent Spiner) e um companheiro de profissão. Ao contrário do que parecia para quem assistiu ao primeiro filme, Okun não morreu ao ser violentamente atacado por um alienígena, mas estava em coma desde 1996. Durante todo esse tempo, o companheiro cuidou dele. O especialista em vida e tecnologia extraterrestre acorda por conta das ligações psíquicas com os aliens que adquiriu após ser atacado.
AUSÊNCIA
Do elenco original, a grande ausência é Will Smith, um dos heróis da batalha anterior, no papel de Capitão Hiller. O ator, que ainda começava a despontar na carreira cinematográfica no primeiro Independence day, ficou de fora da sequência por não chegar a um acordo sobre o valor do cachê. Na trama, Hiller está morto, vítima de um acidente em um teste de voo durante o hiato entre os dois filmes. No entanto, seu filho Dylan assume seu posto na Força Aérea, sendo um dos protagonistas do filme, na atuação de Jessie Usher.
O jovem ator de 22 anos faz a participação mais importante de sua carreira no cinema até hoje, mas ainda bem distante do talento e do carisma de Will Smith.
Apesar de mais inclusiva e plural, a sequência quase não escapa do padrão observado em outros títulos do gênero, especialmente os assinados por Emmerich, como os apocalípticos Godzilla (1998), O dia depois de amanhã (2004) e O ataque (2013). Há muita destruição e menos desenvolvimento da trama, que demanda boa dose de desprendimento da realidade e dos princípios da física para ser acompanhada. Vale destacar que a história acontece a partir da aterrissagem na Terra de uma nave espacial de 4,8 mil quilômetros de diâmetro, ocupando quase a totalidade do oceano Atlântico. Assim como o primeiro filme, esse não é indicado para quem quer ver verossimilhança na tela.
Quem procura ver algo inédito e extraordinário, como foram na época as icônicas cenas do Empire State e da Casa Branca virando poeira pelas armas a laser dos aliens, também pode se decepcionar, embora haja muita destruição em escala mundial.