Cada vez mais, estúdios de Hollywood investem em filmes que rendem sequências e lucro

Continuação de 'Truque de mestre', 'Invocação do mal' e 'As Tartarugas Ninja' entram em cartaz e mostram que franquias viraram 'minas de ouro'

por Carolina Braga 09/06/2016 09:10


Saciedade não é algo que combina com Hollywood. As franquias se transformaram em mina de ouro. As estações mudam. As apostas continuam as mesmas. Tal qual os garimpeiros, estúdios e produtores ficam à caça da bola da vez. Sobram tentativas. Truque de mestre: O segundo ato e Invocação do mal 2, ambas estreias desta quinta-feira em Belo Horizonte; Tartarugas Ninja: Fora das sombras, já exibido em pré-estreia, são mais algumas uma delas. Todas sequências de histórias contadas respectivamente em 2013 e 2014.

O primeiro Truque de mestre custou US$ 75 milhões e deu mais de US$ 350 milhões de lucro para a Lionsgate, responsável pela produção. São do mesmo estúdio, por exemplo, Crepúsculo, Jogos vorazes e Divergente. Ou seja, amor explícito pelas continuações. A de Truque de mestre nem bem chegou aos cinemas e o terceiro longa já está anunciado.

O segundo ato do filme sobre um quarteto de ilusionistas foi dirigido por Jon M. Chu (G.I. Joe: Retaliação). Mark Ruffalo, Woody Harrelson, Jesse Eisenberg, Dave Franco, Morgan Freeman, Michael Caine, Lizzy Caplan, Jay Chou e Daniel Radcliffe estão no elenco. Da primeira à última cena, o longa deixa explícito o desejo de cativar o público. Tem um quê de Quarteto Fantástico, mas com uma simpatia diferente. Os personagens são mais humanos: atrapalhados, ambiciosos, vaidosos, engraçados.

Daniel Atlas (Jesse Eisenberg), Merritt McKinne (Woody Harrelson) e Jack Wilder (Dave Franco) ganham o reforço de Lola (Lizzy Caplan), representante feminina no grupo secreto de ilusionistas Os Quatro Cavaleiros. Os objetivos deles se conectam com os ideais de Robin Hood: roubam para ajudar. Têm a ajuda do policial Dylan Rhodes (Mark Ruffalo), o integrante misterioso do grupo. Aliás, é figura-chave para o desenvolvimento do roteiro.

Não se trata de um filme de super-heróis, por mais que a produção faça questão de parecer ser. Os personagens são espertos, afinal, amam ser mágicos. No primeiro desafio conjunto, invadem uma apresentação de produto de uma gigante de tecnologia. Quando anunciam o próximo espetáculo de ilusionismo, caem nas garras do vilão, um surpreendente Daniel Radcliffe – de barba ruiva –, se livrando do peso da imagem do mago Harry Potter. É curioso observar a renovação de elenco. Veteranos como Morgan Freeman (como Thaddeus Bradley) e Michael Caine (como Arthur Tressler) aparecem como coadjuvantes de peso.

Depois da invasão midiática, os jovens mágicos acabam vítimas dos próprios truques. São transportados para a China, onde são obrigados a participar do esquema para o roubo de informações sigilosas – e valiosas. O roteiro não tem nada demais. Não é daqueles filmes de perseguição, luta e morte, tampouco exemplar sobre crimes de inteligência. É mágica, portanto, performance.

Nem adianta esperar algo crível também. É um show de ilusionismo dentro do esquema de Hollywood. Um filme feito para fisgar novos seguidores para o quarteto principal. Não há compromisso – ou fidelidade – aqui com a arte da magia. O ilusionista famoso David Copperfield é um dos produtores do longa.

Truque de mestre: segundo ato tem agilidade como um dos pontos altos. Lizzy Caplan entrou no elenco para substituir Isla Fisher (que engravidou ao longo do processo) e fez bem ao grupo. A atriz tem tempo de comédia. Traz um deboche que serviu à dinâmica dos Cavaleiros. Felizmente, sai do padrão da mocinha gostosona e frágil.

A estreia norte-americana de Truque de mestre 2 bateu Jogo do dinheiro, que teve première no Festival de Cannes. O longa sobre mágica estreou em 250 salas e arrecadou US$ 2,9 milhões na primeira semana, enquanto o filme com George Clooney e Julia Roberts arrecadou US$ 2,2 milhões.



FRANQUIA

Uma pegadinha no Programa Silvio Santos baseada em cena do próximo Invocação do mal 2 deu não apenas o que falar nas redes sociais, mas um sinal de que a continuação do longa dirigido por James Wan (Velozes e furiosos) não é um erro de aposta do estúdio. O casal de exorcistas Ed (Patrick Wilson) e Lorraine (Vera Farmiga) volta para investigar o caso de uma garota atormentada pelo espírito maligno de um velho que viveu nos anos 1970.

Assim como ocorreu com Truque de mestre, os produtores também tomaram a decisão de ter uma continuação mesmo antes do primeiro chegar às telas. Baseado em fatos reais, Invocação do mal custou US$ 20 milhões e arrecadou mais de US$ 318 milhões nas bilheterias mundiais. Ainda é o segundo filme de terror com roteiro original de maior bilheteria de todos os tempos, atrás somente de O exorcista.

Um dos diferenciais dessa franquia foi o fato de narrar na telona supostos casos reais. A própria Lorraine Warren revelou que o episódio narrado em Invocação do mal 2 foi um dos mais aterrorizantes da carreira. Se passou próximo a Londres, na Inglaterra, entre agosto de 1977 e setembro de 1978. O casal foi chamado para resolver o caso da garota Janet, que entrava em transe e levitava.

O caso de As Tartarugas Ninja: Fora das sombras é o oposto de Invocação. É o quinto filme sobre os personagens Michelangelo, Donatello, Leonardo e Raphael, além da série na televisão. A versão para o cinema de 2014 não teve uma performance tão boa em críticas, compensada nos valores de bilheteria. Foi orçado em US$ 125 milhões e arrecadou US$ 477 milhões no mundo todo. Uma surpresa. A sequência, orçada em US$ 135 milhões, foi anunciada na mesma semana do lançamento do longa de 2014.



Metas a serem superadas

US$ 477 milhões
As Tartarugas Ninja

US$ 351 milhões
Truque de mestre

US$ 318 milhões
Invocação do mal

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