Saciedade não é algo que combina com Hollywood. As franquias se transformaram em mina de ouro. As estações mudam. As apostas continuam as mesmas. Tal qual os garimpeiros, estúdios e produtores ficam à caça da bola da vez. Sobram tentativas. Truque de mestre: O segundo ato e Invocação do mal 2, ambas estreias desta quinta-feira em Belo Horizonte; Tartarugas Ninja: Fora das sombras, já exibido em pré-estreia, são mais algumas uma delas. Todas sequências de histórias contadas respectivamente em 2013 e 2014.
O primeiro Truque de mestre custou US$ 75 milhões e deu mais de US$ 350 milhões de lucro para a Lionsgate, responsável pela produção. São do mesmo estúdio, por exemplo, Crepúsculo, Jogos vorazes e Divergente. Ou seja, amor explícito pelas continuações. A de Truque de mestre nem bem chegou aos cinemas e o terceiro longa já está anunciado.
O segundo ato do filme sobre um quarteto de ilusionistas foi dirigido por Jon M. Chu (G.I. Joe: Retaliação). Mark Ruffalo, Woody Harrelson, Jesse Eisenberg, Dave Franco, Morgan Freeman, Michael Caine, Lizzy Caplan, Jay Chou e Daniel Radcliffe estão no elenco. Da primeira à última cena, o longa deixa explícito o desejo de cativar o público. Tem um quê de Quarteto Fantástico, mas com uma simpatia diferente. Os personagens são mais humanos: atrapalhados, ambiciosos, vaidosos, engraçados.
saiba mais
Sonia Braga dá ''aula de história'' para ministro da Cultura
Ator Augusto Madeira se desdobra em papéis na televisão, cinema, teatro e publicidade
Cineasta pernambucano rebate crítica de ministro a protesto em Cannes
Diretores comentam repercussão de possível casal lésbico em 'Procurando Dory'
Asilo nos EUA guarda memória viva da Idade de Ouro de Hollywood
Não se trata de um filme de super-heróis, por mais que a produção faça questão de parecer ser. Os personagens são espertos, afinal, amam ser mágicos. No primeiro desafio conjunto, invadem uma apresentação de produto de uma gigante de tecnologia. Quando anunciam o próximo espetáculo de ilusionismo, caem nas garras do vilão, um surpreendente Daniel Radcliffe – de barba ruiva –, se livrando do peso da imagem do mago Harry Potter. É curioso observar a renovação de elenco. Veteranos como Morgan Freeman (como Thaddeus Bradley) e Michael Caine (como Arthur Tressler) aparecem como coadjuvantes de peso.
Depois da invasão midiática, os jovens mágicos acabam vítimas dos próprios truques. São transportados para a China, onde são obrigados a participar do esquema para o roubo de informações sigilosas – e valiosas. O roteiro não tem nada demais. Não é daqueles filmes de perseguição, luta e morte, tampouco exemplar sobre crimes de inteligência. É mágica, portanto, performance.
Nem adianta esperar algo crível também. É um show de ilusionismo dentro do esquema de Hollywood. Um filme feito para fisgar novos seguidores para o quarteto principal. Não há compromisso – ou fidelidade – aqui com a arte da magia. O ilusionista famoso David Copperfield é um dos produtores do longa.
Truque de mestre: segundo ato tem agilidade como um dos pontos altos. Lizzy Caplan entrou no elenco para substituir Isla Fisher (que engravidou ao longo do processo) e fez bem ao grupo. A atriz tem tempo de comédia. Traz um deboche que serviu à dinâmica dos Cavaleiros. Felizmente, sai do padrão da mocinha gostosona e frágil.
A estreia norte-americana de Truque de mestre 2 bateu Jogo do dinheiro, que teve première no Festival de Cannes. O longa sobre mágica estreou em 250 salas e arrecadou US$ 2,9 milhões na primeira semana, enquanto o filme com George Clooney e Julia Roberts arrecadou US$ 2,2 milhões.
FRANQUIA
Uma pegadinha no Programa Silvio Santos baseada em cena do próximo Invocação do mal 2 deu não apenas o que falar nas redes sociais, mas um sinal de que a continuação do longa dirigido por James Wan (Velozes e furiosos) não é um erro de aposta do estúdio. O casal de exorcistas Ed (Patrick Wilson) e Lorraine (Vera Farmiga) volta para investigar o caso de uma garota atormentada pelo espírito maligno de um velho que viveu nos anos 1970.
Assim como ocorreu com Truque de mestre, os produtores também tomaram a decisão de ter uma continuação mesmo antes do primeiro chegar às telas. Baseado em fatos reais, Invocação do mal custou US$ 20 milhões e arrecadou mais de US$ 318 milhões nas bilheterias mundiais. Ainda é o segundo filme de terror com roteiro original de maior bilheteria de todos os tempos, atrás somente de O exorcista.
Um dos diferenciais dessa franquia foi o fato de narrar na telona supostos casos reais. A própria Lorraine Warren revelou que o episódio narrado em Invocação do mal 2 foi um dos mais aterrorizantes da carreira. Se passou próximo a Londres, na Inglaterra, entre agosto de 1977 e setembro de 1978. O casal foi chamado para resolver o caso da garota Janet, que entrava em transe e levitava.
O caso de As Tartarugas Ninja: Fora das sombras é o oposto de Invocação. É o quinto filme sobre os personagens Michelangelo, Donatello, Leonardo e Raphael, além da série na televisão. A versão para o cinema de 2014 não teve uma performance tão boa em críticas, compensada nos valores de bilheteria. Foi orçado em US$ 125 milhões e arrecadou US$ 477 milhões no mundo todo. Uma surpresa. A sequência, orçada em US$ 135 milhões, foi anunciada na mesma semana do lançamento do longa de 2014.
Metas a serem superadas
US$ 477 milhões
As Tartarugas Ninja
US$ 351 milhões
Truque de mestre
US$ 318 milhões
Invocação do mal