Está em fase de montagem 3.000 dias no bunker, de Rodrigo Bittencourt (de Totalmente inocentes, uma sátira de Cidade de Deus), longa-metragem que chega aos cinemas em novembro. Já em agosto, começam as filmagens de Polícia Federal – A lei é para todos, de Marcelo Antunez (codiretor de Um suburbano sortudo e Até que a sorte nos separe 3), que deve estrear no início do próximo ano.
São filmes com temas distintos – o primeiro trata dos bastidores do Plano Real e o segundo das investigações da Operação Lava-Jato – mas com pontos em comum. São superproduções para os padrões nacionais – com orçamentos de R$ 10,3 milhões e R$ 12,5 milhões, respectivamente – que buscam aproximar o público jovem de assuntos caros ao país.
“É um filme mais para a molecada, para pessoas que escrevem no Facebook e não sabem direito nem quem foi Itamar Franco. Hoje, há uma polarização um pouco tacanha, tem muita gente falando besteira. Pois a gente quis contar a grande ideia que foi o Plano Real, em que pela primeira vez no Brasil notáveis da economia se reuniram para resolver a questão da hiperinflação”, conta Bittencourt.
Inspirado no livro 3.000 dias no bunker (2006), de Guilherme Fiuza (Meu nome não é Johnny), o filme traz como protagonista o economista Gustavo Franco (Emílio Orciollo Neto), um dos criadores do Plano Real. A narrativa tem início em 1993 e vai até 2003, até o fim da gestão de Fernando Henrique Cardoso.
Os ex-presidentes FHC e Itamar Franco estarão na tela, interpretados por Norival Rizzo e Bemvindo Sequeira. O ex-ministro da Economia Pedro Malan será vivido por Tato Gabus Mendes, enquanto Guilherme Weber vai dar vida a Pérsio Arida, outro nome por trás do Plano Real.
“Quando entrei no projeto (o nome de Bittencourt foi sugerido por Cacá Diegues e Fernando Meirelles), peguei o roteiro, que era mais tradicional, e o subverti.
SIGILO Se os personagens reais vão surgir na tela de 3.000 dias no bunker, a produção de Polícia Federal – A lei é para todos ainda não definiu como vai tratar os delegados, juízes e procuradores da Operação Lava-Jato. Por ora, enquanto o longa ainda está na fase de roteiro, todos estão sendo tratados pelos próprios nomes, incluindo o juiz Sérgio Moro. A história vem sendo construída a partir de informações vindas da própria PF.
Projeto iniciado há um ano, nasceu por iniciativa do produtor Tomislav Blazic, que entrou em contato com a PF. “Como ele não conhecia ninguém, teve que estabelecer uma relação de confiança”, comenta Antunez. Há um acordo formal de exclusividade com o filme. “Eles não nos dão nada sigiloso, mas entram em reunião conosco num nível muito grande de detalhes, que não estão na mídia. Se a gente quisesse inventar não seria tão criativo.”
A intenção do filme é mostrar como as investigações ocorreram – o jogo político vai aparecer como pano de fundo. O elenco está quase fechado e existe o projeto, já que o material é muito rico, de fazer uma trilogia. Mas tudo só será definido, Antunez afirma, após o lançamento do primeiro filme e de como ele vai repercutir.
Polícia Federal – A lei é para todos vai se antecipar a uma série de José Padilha, produzida pelo Netflix, também sobre a Lava-Jato. O diretor de Tropa de elite vai se basear no livro-reportagem sobre o tema que está sendo escrito pelo jornalista Vladimir Neto.
Em entrevista recente, Padilha afirmou que a Lava-Jato é mal compreendida pela população. “O que faz o Sérgio Moro? Ele é juiz e, às vezes, parece que é mais.
Mais embrionário é um documentário sobre o ex-presidente Itamar Franco (1930-2011). Iniciativa da realizadora Tânia Leite, juiz-forana radicada no Rio, onde administra a Guapuruvu Filmes, teve aprovado para captação pela Lei do Audiovisual R$ 1,5 milhão.
“Minha intenção é contar a história do Brasil através da trajetória do Itamar, um político que pertencia a um partido (PMDB), mas não pertencia a partido nenhum, que fazia política de acordo com o que pensava. O ponto alto vai ser a chegada ao Plano Real”, comenta Tânia, já tem gravadas entrevistas com o próprio Itamar, além de integrantes de seu governo.
Mesmo sem ter captado nada para o projeto, ela vai dar continuidade às entrevistas. “Há algumas muito importantes com pessoas de bastante idade, então não posso perder.” A realizadora, que conta com apoio do Instituto Itamar Franco, afirma que “não será um documentário chapa-branca, mas não vamos entrar na vida pessoal dele”, finaliza.