Na telona, Ligocki conta a história de Lúcia (Mariana Ximenes) e Gero (Bruno Garcia), um pré-candidato ao governo do Distrito Federal que tem a vida arruinada com assédio do senador Waldomiro à sua mulher. “Minha intenção foi entrar na casa deles e mostrar o impacto na vida após aquela situação”, emenda Ligocki, para quem a política é apenas um viés e não o pano de fundo da história. “Nosso filme é água com açúcar diante de tudo que está ocorrendo por aí”, interfere, com ironia e bom humor, Augusto Madeira, durante a coletiva de imprensa, em um hotel em São Paulo.
“Para Lúcia, minha personagem, a situação foi o estopim capaz de colocar fim a uma relação há tempos desgastada. Ela, que deixou a carreira de bailarina para viver com Gero, passou de recatada e do lar para mulher questionadora”, diz Mariana Ximenes, entusiasmada com o trabalho, em que também atua como produtora.
Grande parte do filme foi rodado em Brasília, onde foi construído o cenário do apartamento no qual Lúcia vai morar, no Rio de Janeiro. “Foi preciso construí-lo para a cena em que Gero, Lúcia e Raposo (Sérgio Guizé), ex-namorado da protagonista, tentam se esconder um do outro em uma situação divertida. Queria que a cena fosse especial. Fiz estudos de vários filmes bem-sucedidos e então comecei a estudar posicionamento das portas, o movimento da câmera. Aí veio a mise-en-scène.”
Aposta alta
Em um momento do cinema nacional em que as bilheterias das comédias ultrapassam sete dígitos, Ligocki tem os pés nos chão. “Criei todas as condições para que o filme tivesse um bom desempenho com o público”. Orçado em R$ 7,5 milhões, o longa chega aos cinemas com 400 cópias.
Se na telona a política é um caso sem solução, na vida real, na opinião de Ligocki, as coisas podem mudar. “Acho que tem solução sim, apesar do nosso jeito de olhar para a política e de as expectativas estarem muito desgastadas. Em minha percepção, é necessário que cada indivíduo, na relação social, tenha seu espaço com possibilidade de pensar e se posicionar. Assim, acredito, estaremos mais próximos de uma política eficaz, que promova o desenvolvimento do país”, pondera o diretor, que também assina a produção do longa, o quinto em sua carreira de produtor.
Uma loucura... é o último da carreira de Luis Carlos Miele, que morreu em outubro do ano passado. Ligocki conta que a sugestão para convidá-lo partiu de Mariana Ximenes, que já havia trabalhado com ele.
* O repórter viajou a convite da Imagem Filmes..