Trinta e cinco longas-metragens, 170 curtas e médias em sessões únicas.
Tem início hoje, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), a Mostra do Filme Livre (MFL) 2016, que, em exibições gratuitas, vai exibir produções de todo o país até 13 de junho.
O evento teve início no Rio de Janeiro há 15 anos e foi, ao longo do tempo, ganhando novas praças.
Belo Horizonte só começou a receber o MFL em 2014 (o evento é hoje também realizado em São Paulo, Brasília e Niterói). E, mesmo com o curto espaço, a capital acabou se tornando uma das principais praças da mostra – teve o segundo maior público de 2015, perdendo apenas para o Rio de Janeiro.
O “livre” que dá título à mostra refere-se ao modo de produção. A maior parte dos selecionados (nesta edição foram 1.342 inscritos) foi realizada sem verbas governamentais. “Nosso mote sempre foi a produção independente sob dois aspectos.
A produção que não tem apoio estatal e filmes mais originais, que trabalhem com a questão da linguagem”, comenta o criador da mostra, Guilherme Whitaker, também curador do evento.
“Filmes com verbas públicas podem se inscrever, e muitos o fazem, mas o nosso perfil tem sido de 85% a 90% dos inscritos sem recursos públicos. Este ano, por exemplo, são mais de 30 longas, um bom recorte do que é o cinema brasileiro hoje, que vai ser visto, comentado.
O MFL nasceu para chamar a atenção de filmes alternativos que não conseguiam uma janela de exibição. Nessas 14 edições, a premissa não mudou, ainda que a produção tenha se modificado bastante. “Na época em que começamos, os filmes eram feitos em VHS, Beta, 16mm. Acompanhamos a evolução do formato, mas, essencialmente, seguimos na mesma linha”, acrescenta ele.
DIVERSIDADE
Com um número grande de produções exibidas, os curadores dividiram a programação em várias sessões: Longas Livres (os longas mais significativos, na opinião da curadoria), Panoramas Livres (os curtas e médias mais instigantes), Mundo Livre (com filmes feitos por brasileiros no exterior), Pílulas (com filmes de até três minutos) e Outro Olhar (filmes com qualidade de invenção e experimentação de linguagem).
Há ainda a chamada Mostrinha Livre, voltada para o público infantil; a Cabine Livre, com obras de videoarte; Coisas Novas, com filmes realizados pelos curadores; Caminhos, com produções de escolas de cinemas; e ainda o Trash ou Cinema de Gênero?.
A abertura oficial será às 20h de hoje, com a exibição dos filmes Je proclame la destruction, de Arthur Tuoto; Subsolos, de Simone Cortezão, e Auto Copa Park, de João Atala.
Antes, às 18h, haverá a exibição, exclusiva para BH, da mostra Curta Minas. Serão apresentados os curtas Arrudas, de Sávio Leite; José Baleia, de Júlio Cruz; Max Uber, de André Amparo; e Marx pode sair, de Carol Caniato, Eduardo Malvacini e Otávio Campos.
O que assistir
Confira as dicas do curador Gabriel Sanna
Retrospectiva da realizadora carioca Louise Botkay, que trabalha utilizando diferentes suportes (celular, vídeo, super-8, 16mm e 35mm). Serão exibidos cinco curtas produzidos entre 2009 e 2015. (sábado, às 16h)
U: Réquiem para uma cidade em ruínas (2016), de Pedro Veneroso (dia 11 de junho, às 18h45, com debate com o realizador mineiro), é um dos destaques da sessão Territórios, que traz cinco programas. “Toda a mostra é interessante, pois traz filmes que em conjunto desenvolvem uma espécie de historicismo do golpe, com todos os seus reflexos em movimentos sociais ao longo dos últimos anos.”
Escape from my eyes (2015), do carioca Felipe Bragança. “Uma rapsódia construída a partir da memória de três refugiados africanos em Berlim, no limiar entre a ficção e o documentário. É um filme maduro e pontual de um dos diretores mais prestigiados de sua geração.” (sábado, às 18h30)
Carruagem rajante (2015), curta de Jorge Polo e Lívia de Paiva. “O filme transita o universo cada vez mais noise do underground carioca e é um dos mais representativos da nova geração. Jorge Polo já tinha nos mostrado o belíssimo Corações sangrantes e este ano ganhou prêmio com essa pérola.” (domingo, às 20h)
Fome (2015), longa do gaúcho Cristiano Burlan, com destaque para a “atuação magistral” de Jean Claude Bernardet como um homem que abandona o passado e vaga pela capital paulista, “transformando seus últimos dias em uma verdadeira ode ao niilismo” (sexta-feira, às 16h30). Também serão exibidos outros três longas e um curta de Burlan.
Subsolos (2015), curta da mineira Simone Cortezão premiado na mostra.
de dois habitantes daquele não lugar, onde tudo se resume a pó”, afirma Sanna. (hoje, às 20h)
Outubro acabou (2015), curta carioca de Karen Akerman e Miguel Seabra Lopes. “A diretora parte dos sonhos de seu filho de 8 anos para construir uma das mais poéticas obras que exibiremos este ano. Um filme que dá tesão em fazer filmes”, diz Sanna. (amanhã, 20h15)
VOLUME E DIVERSIDADE
1.342
filmes inscritos em 2016
205
filmes selecionados (36 com apoio estatal)
26
filmes selecionados de MG
98
filmes inscritos de MG
223
(17%) dos inscritos foram realizados com apoio estatal
3.300
filmes exibidos em 14 edições do MFL
MOSTRA DO FILME LIVRE
Até 13 de junho no CCBB – Praça da Liberdade, 450, Funcionários, (31) 3431-9400. A abertura será às 20h, com os filmes Je proclame la destruction, de Arthur Tuoto; Subsolos, de Simone Cortezão, e Auto Copa Park, de João Atala (os ingressos serão distribuídos meia hora antes). Veja a programação completa no site mostradofilmelivre.com. Todas as sessões têm entrada franca..