Cercado de expectativa, o brasileiro 'Aquarius' não conseguiu prêmios no 69º Festival de Cinema de Cannes. Sônia Braga, protagonista do longa dirigido pelo pernambucano Kléber Mendonça, também era cotada para conquistar o prêmio de melhor atriz, mas quem venceu foi estrela filipina de telenovelas Jaclyn Jose, por sua atuação em 'Ma' Rosa'. A boa notícia foi a premiação de 'Cinema Novo', documentário-manifesto de Eryk Rocha, sobre o movimento cinematográfico brasileiro dos anos 1960. O longa venceu o prêmio paralelo Olho de Ouro e foi anunciado ontem (21). O brasileiro João Paulo Miranda Maria, conquistou ainda a menção especial do júri na categoria curta-metragem com 'A moça que dançou com o diabo'.
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E completa: “Fica uma experiência intensa de repercussão, imprensa espetacular, discussão emotiva e política em torno do filme e do Brasil, do amor e da história. E esse filme pernambucano em parceria com a França e rodado na praia do Pina começa uma longa carreira até agora programada em 18 países (Sydney Austrália daqui a 2 semanas). E começa também o percurso até o Brasil, em especial ao Recife. Obrigado a todos! 'Aquarius'.”
Havia também certa expectativa de que o filme brasileiro pudesse vencer o Grande Prêmio do Júri ou de diretor, mas não foi desta vez. O juri escolheu o canadense Xavier Dolan, de 27 anos, por 'Juste la fin du monde' ('É só o fim do mundo'). O roteiro, um drama familiar sobre um escritor homossexual que sabe que vai morrer e decide anunciá-lo a seus familiares, é adaptação da obra de Jean-Luc Lagarce, escrita em 1990, nos terríveis anos da Aids. Olivier Assayas, por 'Personal shopper' e Cristian Mungiu, por 'Graduation', dividiram o prêmio de melhor diretor. O iraniano Shahab Hosseini levou o prêmio de melhor ator, por seu desempenhop em 'The salesman', de Asghar Farhadi, drama doméstico e social sobre a classe média de Teerã, também premiado na categoria de melhor roteiro.
O veterano diretor britânico Ken Loach conquistou o prêmio máximo exatamente 10 anos depois de vencer com 'The Wind That Shakes The Barley". Agora, com 'I, Daniel Blake', o cineasta de 79 anos reafirma seu olhar militante sobre injustiças e mazelas sociais. “Outro mundo é possível e necessário!”, disse o diretor , ao receber a recompensa, a segunda Palma de Ouro de sua longa carreira dedicada ao cinema social. Em seu discurso de agradecimento ao festival e a toda a sua equipe, Loach aproveitou a oportunidade para fazer uma crítica enérgica aos riscos do neoliberalismo. “O mundo em que vivemos está em uma situação perigosa, à beira de um projeto de austeridade que chamamos de neoliberal, que corre o risco de nos levar à catástrofe”, disse, após ter alertado contra o retorno da extrema direita.
MOSTRA COMPETITIVA
- Palma de Ouro: 'I, Daniel Blake', de Ken Loach (Reino Unido)
- Grand Prix: 'Juste la fin du monde', de Xavier Dolan (Canadá)
- Melhor Diretor (dividido): Olivier Assayas, por 'Personal shopper' (França) e Cristian Mungiu, por 'Graduation' (Romênia)
- Prêmio do Júri: 'American honey', de Andrea Arnold (Reino Unido)
- Melhor Ator: Shahab Hosseini, por 'The salesman' (Irã)
- Melhor Atriz: Jaclyn Jose, por'Ma’ Rosa'(Filipinas)
- Melhor Roteiro: 'The salesman', escrito por Asghar Farhadi (Irã)
- Palma de Ouro – Curta-metragem: 'Timecode', de Juanjo Giménez Peña (Espanha)
- Menção Especial do Júri – Curta-metragem: 'A moça que dançou com o diabo', de João Paulo Miranda Maria (Brasil)
PALMA DE OURO HONORÁRIA: Jean-Pierre Léaud (França).
CÂMERA DE OURO: 'Divines', de Uda Benyamina (França)