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'I, Daniel Blake', de Ken Loach, derrota 'Aquarius', de Kléber Mendonça em Cannes

Filme brasileiro não leva prêmios no 69º Festival de Cinema; Sônia Braga, protagonista do longa, também era cotada para conquistar o prêmio de melhor atriz, mas quem venceu foi estrela filipina de telenovelas Jaclyn Jose

Estado de Minas
O veterano diretor britânico Ken Loach conquistou o prêmio máximo com o filme 'I, Daniel Blake' - Foto: AFP / LOIC VENANCE

Cercado de expectativa, o brasileiro 'Aquarius' não conseguiu prêmios no 69º Festival de Cinema de Cannes. Sônia Braga, protagonista do longa dirigido pelo pernambucano Kléber Mendonça, também era cotada para conquistar o prêmio de melhor atriz, mas quem venceu foi estrela filipina de telenovelas Jaclyn Jose, por sua atuação em 'Ma' Rosa'. A boa notícia foi a premiação de 'Cinema Novo', documentário-manifesto de Eryk Rocha, sobre o movimento cinematográfico brasileiro dos anos 1960. O longa venceu o prêmio paralelo Olho de Ouro e foi anunciado ontem (21). O brasileiro João Paulo Miranda Maria, conquistou ainda a menção especial do júri na categoria curta-metragem com 'A moça que dançou com o diabo'.

Logo após o anúncio do júri, presidido pelo australiano George Miller, o cineasta brasileiro postou nas redeas sociais, agradecendo a torcida e destacando a participação em Cannes. “Tivemos 9 dias indescritíveis no Festival de Cannes apresentando 'Aquarius' em première mundial e em competição”, escreveu Mendonça. Ele justifica que “prêmios não são matemáticos, por mais que a imprensa, a crítica e cinéfilos defendam seus filmes amados”.

E completa: “Fica uma experiência intensa de repercussão, imprensa espetacular, discussão emotiva e política em torno do filme e do Brasil, do amor e da história. E esse filme pernambucano em parceria com a França e rodado na praia do Pina começa uma longa carreira até agora programada em 18 países (Sydney Austrália daqui a 2 semanas).
E começa também o percurso até o Brasil, em especial ao Recife. Obrigado a todos! 'Aquarius'.”

Havia também certa expectativa de que o filme brasileiro pudesse vencer o Grande Prêmio do Júri ou de diretor, mas não foi desta vez. O juri escolheu o canadense Xavier Dolan, de 27 anos, por 'Juste la fin du monde' ('É só o fim do mundo'). O roteiro, um drama familiar sobre um escritor homossexual que sabe que vai morrer e decide anunciá-lo a seus familiares, é adaptação da obra de Jean-Luc Lagarce, escrita em 1990, nos terríveis anos da Aids. Olivier Assayas, por 'Personal shopper' e Cristian Mungiu, por 'Graduation', dividiram o prêmio de melhor diretor. O iraniano Shahab Hosseini levou o prêmio de melhor ator, por seu desempenhop em 'The salesman', de Asghar Farhadi, drama doméstico e social sobre a classe média de Teerã, também premiado na categoria de melhor roteiro.

O veterano diretor britânico Ken Loach conquistou o prêmio máximo exatamente 10 anos depois de vencer com 'The Wind That Shakes The Barley". Agora, com 'I, Daniel Blake', o cineasta de 79 anos reafirma seu olhar militante sobre injustiças e mazelas sociais. “Outro mundo é possível e necessário!”, disse o diretor , ao receber a recompensa, a segunda Palma de Ouro de sua longa carreira dedicada ao cinema social. Em seu discurso de agradecimento ao festival e a toda a sua equipe, Loach aproveitou a oportunidade para fazer uma crítica enérgica aos riscos do neoliberalismo. “O mundo em que vivemos está em uma situação perigosa, à beira de um projeto de austeridade que chamamos de neoliberal, que corre o risco de nos levar à catástrofe”, disse, após ter alertado contra o retorno da extrema direita.

MOSTRA COMPETITIVA



PALMA DE OURO HONORÁRIA: Jean-Pierre Léaud (França).


CÂMERA DE OURO:
'Divines', de Uda Benyamina (França).