Na coletiva de imprensa de apresentação do filme "Aquarius", protagonizado por ela e que concorre à Palma de Ouro, um repórter perguntou qual conselho daria a outras mulheres de sua idade em matéria de sexualidade.
"Cada um é diferente", disse. "Talvez poderia dar minha receita", ironizou a atriz, que há 40 anos se tornou mundialmente famosa encarnando uma heroína de Jorge Amado em "Dona Flor e seus dois maridos".
"Jorge Amado me deu receitas, mas nenhuma foi boa", brincou. "Cada um tem que olhar para sua vida e fazer o que sente".
Em "Aquarius", de Kleber Mendonça Filho, a atriz interpreta uma aposentada que se nega a deixar de viver como quer em seu mundo e com suas recordações.
Segundo Sônia Braga, é importante preservar "o sentido do que cada um pensa que é bom para si mesmo".
"Hoje em dia vivemos em um mundo no qual as mulheres de 65 anos são as de 20 anos de um século atrás", disse.
Também criticou o fato de a sociedade tender a separar o indivíduo de sua sexualidade. "Apesar de tudo o que se diz sobre as mulheres e os hormônios, a metade é mito"."Levamos conosco nossos órgãos e a sexualidade nos acompanha sempre. Os sentidos e a beleza nos tornam seres sensuais", disse.
Segundo ela, que pisou na Croisette pela primeira vez na década de 1980, isso é válido "para qualquer pessoa, de qualquer sexo e qualquer idade".
"Ontem conheci um rapaz de vinte anos que me disse que era muito tímido", contou. "Eu disse a ele para não perder tempo, para arranjar uma namorada".
Sônia Braga, que segundo os mais entusiastas pode levar um prêmio no domingo em Cannes, no encerramento da disputa, disse que provavelmente continuará indo ao Festival "quando tiver 100 anos".
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